José Pote Magriço – Parte 5 de 27


Entrevistado por Paulo Barbosa – Registado por Claúdia Figueiredo em Lisboa 11 / Julho/ 2017
25 de abril e efeitos no IMAVE * Anos 80 aparecimento produtoras externas * Telecine-Moro e o uso do sistema UMATIC

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PB- Em 1974 ainda está lá no IMAVE?
PM — Sim.
PB — Mas, diga-nos qualquer coisa sobre que influência que teve o 25 de abril, em termos profissionais, e como é que viveu essa, essa alteração.
PM — É, o 25 de abril modificou a estrutura da organização do próprio IMAVE, portanto, tanto no Ministério houve movimentos de contestação das hierarquias, e das chefias da época. isso repercutiu-se também o diretor que, o diretor equiparado a diretor-geral foi destituído e depois houve um conjunto de elementos que estavam associados às chefias intermédias que também foram afetados por esse movimento de repulsa. Algumas delas exageradas. Isso levou a que durante um determinado período, a afetação nos serviços teve significado. De tal forma que um ano depois do 25 de abril, já em 1975, o chamado verão quente foi aquele período mais intenso, em que se puseram em causa praticamente todas as estruturas do sistema, deu origem a que o ITE fechasse. Fechado temporariamente e todo o pessoal, quer administrativo, quer técnico, foi colocado numa situação de standby em casa. Portanto, isso aconteceu durante um determinado período. Depois, passado um ano e meio, mais ou menos, vamos falar de 76 para aí nos finais de 76, é que se começou efetivamente a dar. a seleção do pessoal e a reintegração desse pessoal que tinha sido colocado em standby, nos ministérios. A parte administrativa foi colocada parte dela no próprio ministério até ser reintegrada dentro das estruturas do ITE. Naturalmente, não ouve uma seleção nem abandono nem casos de pessoas que não regressaram. Regressaram foi mais tarde. Até a reorganização do serviço. E a partir daí depois começou com uma estrutura nova, portanto, com diretores nomeadamente na área da direção nas situações das chefias intermédias foram colocadas outras pessoas no desempenho dessas funções. Penso que o terem abandonado ou terem deslocado este pessoal foi só enquanto não tinha uma estrutura para os poder receber em termos estruturais mas a maior parte deles foram reintegrados, quer dizer, não há nenhum caso que eu conheça que saiu e não voltou mais tarde, a não ser que a seu pedido tivesse dito eu agora não quero regressar ou coisa assim do género, mas isso foi uma fase em que isso foi quente, e foi desprestigiante para a instituição também, porque não se entendia, não havia ali nenhuma, nenhum bloqueio. Os operacionais continuaram a produzir.
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PB — Quer dizer aquilo chegou mesmo então a parar.
PM — Foi mesmo parar.
PB — E quando parou, as próprias emissões também pararam.
PM — Ou seja, o que lá está, havia gravações anteriores. Portanto, não se sentiu perante a telescola, não se sentiu assim de grande efeito, mas houve esse momento em que houve uma contenção na produção e deixou… não houve substituição de produção, ou seja, não foi feita em outsourcing, porque também não havia meios, vamos lá ver, a estrutura era única a nível do país. Só em 1982, 83 é que começaram a criar-se as condições para haver produtoras de televisão em Portugal. Começou na RTP, com a produção externa, e a cedência de meios e pessoas para a produção de telenovelas e outros produtos. E houve um caso de exceção, que foi o Telecine-Moro, que foi uma entidade, que conseguiu inserir-se… era uma entidade que fundamentalmente produzia filmes, portanto, produzia película, e que se readaptou às tecnologias. Isto começou um pouco mais tarde, portanto, já eram os UMATIC Low-Band e HI-Band. Portanto, com as tais produções de qualidade, que passaram a ser reconhecidas, não sei se totalmente, pela RTP, mas houve uma cedência de certa forma, aos níveis de exigência da EBU, portanto que era, e é a entidade que zela pelas normas e pelas recomendações que deveriam garantir o mínimo padrão de qualidade da qualidade da gravação e da emissão de vídeo e áudio, portanto o UMATIC estava nos limiares da qualidade não era um um padrão ainda, de broadcasting, portanto que era aquele nível de exigência das parametrizações e especificações técnicas que eram exigidas para quem fosse membro da EBU, que é o caso da RTP, para transmitir sinais com nível de qualidade exigida. O pretexto foi o seguinte, começou a haver, a direção técnica da RTP, começou a permitir, de certa forma, que fossem incluídas nalguns programas de não muito audiência, inserção do programa, sei lá, média produção, sei lá, 25 minutos etc., a produção feita em U-MATIC HI-Band e muitas vezes ela é feita em LOW-Band, mas depois ela é transcrita para HI-Band para entrar lá portanto, a degradação e a qualidade técnica dos sinais emitidos houve ali uma cedência reconhecida, portanto, aceite, mas que não… que estava fora dos padrões de exigência que a EBU recomendava.

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