José Pote Magriço – Parte 4 de 27

Passagem de IMAVE para ITE – IPED – Universidade Aberta
IMAVE e o uso de profissionais da RTP e PT
Rotina de produção do IMAVE – ite

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PB — O antigo IMAVE, que depois se passou a chamar ITE, que eu conheço na rua da Escola Politécnica, não é esse que está a falar, portanto, estamos a falar ainda das instalações no Areeiro, é isso?
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PM— Havia duas instalações: havia uma instalação administrativa, tanto para o IMAVE como para o ITE. A modificação do nome foi só uma evolução no processo burocrático e não só, de estatuto de autonomia. Na altura, os quadros a os organismos do estado necessitavam ter os seus quadros próprios e, portanto, como uma parte era da ordem administrativa, quando aparecia uma entidade que era produtora de meios técnicos associados ao Ministério da Educação, concretamente, pretendia-se ter um estatuto que vinculasse as pessoas com um vínculo diferenciado, porque não era uma profissão administrativa, era uma profissão técnica, e então procuravam ter um estatuto diferente, e portanto essas inovações de chamar-se IMAVE e ITE teve a ver com uma evolução no processo administrativo, de forma a garantir que os profissionais da ordem técnica fossem reconhecidos com nomes diferenciados. E não tinham as categorias administrativas associadas. Foi só por isso, basicamente. Mas também os objetivos eram diferentes. O ITE já pretendia alargar o seu âmbito para a área quando começou com o propedêutico, quando começou a desempenhar outras funções dentro da estrutura do Ministério, tendo em vista possivelmente a futura Universidade Aberta, portanto. E passou por este, 3 degraus depois do IMAVE. Foi o ITE, entretanto, criaram um instituto, é o IPED, Instituto Português de Ensino a Distância, que mais tarde se converteu na Universidade Aberta. E o ITE como era o organismo do estado que tinha meios e conhecimento e uma estrutura vocacionada para a produção de televisão e áudio, integrou-se, o ITE integrou-se dentro do instituto do ensino à distância para formar a Universidade Aberta. Portanto a Escola Politécnica surge numa fase intermédia que se desenvolveu por duas fases e integrou o ITE, portanto, uma forma de evoluir para um nível mais elevado na área do ensino.

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PB — Esse IMAVE tinha tanta gente e tantos técnicos a trabalhar lá, como é que eles geriam e tinham mão de obra no fundo especializado. Era gente da RTP que fazia uma perninha de um lado e do outro, ou eles tinham mesmo operadores, montadores e realizadores no fundo a tempo inteiro?

PM — Originalmente, quando surgiu o IMAVE, houve o recrutamento que deu origem à transferência de alguns técnicos que existiam já na RTP, era o único local onde havia pessoal experimentado nessa área funcional, quer a nível de realização, a nível da produção, a nível de operadores dos meios operacionais, portanto, câmeras, misturadores e todo esse pessoal que estava associado. Algumas pessoas saíram mesmo da RTP. Até a própria empresa que mais tarde desenvolveu e concebeu os sistemas técnicos do IMAVE tiveram origem na área da engenharia, da RTP. Portanto, foi assim que ocorreu para os organismos do estado, na altura. Alguns ficaram vinculados definitivamente, outros criaram uma empresa que, para além de conceber e projetar o sistema o montou. Claro, a aquisição era do Ministério da Educação, evidente, adjudicado ao Ministério, mas foi adjudicado o trabalho de montagem e manutenção, temporariamente. E também é verdade que durante muito tempo, como a origem dos técnicos havia alguma outsourcing, da época, não é, estamos a falar de uma época diferente, é que algum pessoal da RTP, que era experiente na área da mecânica de precisão para as zooms ou para as câmeras, ou para outros equipamentos que existiam gravadores, por exemplo, que eram de certa forma comuns à RTP, como a RTP tinha pessoal especializado também colaborava de certa forma com essa manutenção desses meios dentro da estrutura do ITE. E isso manteve-se durante um tempo. Portanto, pessoal que trabalhava diretamente lá que eram poucos os técnicos que estavam, eu estava incluído nesse grupo dos técnicos que davam esse apoio na estrutura. De uma forma mais genérica e nalgumas áreas de maior especialidade, também. Portanto, havia recrutamento externo e recrutamento interno. A nível operacional grande parte deles tinham vindo da área administrativa e tinha evoluído na carreira profissional para, e adaptados, de certa forma, com alguns cursos de formação já na época havia preocupação dar formação e para integração profissional neste conjunto de pessoas porque a única fonte na época era a RTP em termos de conhecimentos operacionais não é. E portanto o recrutamento foi nessa área e também a adaptação por técnicos da RTP que forneciam formação às pessoas que se integravam tendo origem em outras áreas administrativas do próprio ITE que se formaram lá dentro.
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PB — Como é que era o vosso dia normal de trabalho, havia gravações todos os dias?
PM — Havia um planeamento. Havia um plano de operações, à semelhança do que existia já na RTP também, em que, como havia uma diversidade de disciplinas para o 1º e 2º ano que substituiu o ciclo preparatório, não é, portanto a telescola havia uma certa diversidade de disciplinas e havia colaboradores que vinham do Ministério. Eram professores que davam as aulas e que também iam colaborar com este tipo de ações de aulas, não se fala de formação aqui não é. Há uma diferença entre formação e educação neste caso, mas eles iam dar a formação com intenção e a preparação, adaptação ao estúdio, portanto, havia uma certa preparação nesse pessoal para com hábitos diferentes. E isso era tudo definido num plano, havia um plano, havia uma quantidade de horas gravadas. Houve um período em que as aulas passaram a ser repetidas de ano a ano. Portanto, eram gravadas e os professores gravavam uma vez, isso.. e as aulas serviam nos anos seguintes como currículo. Mas havia sempre uma tentativa de inovar e de inserir mais conteúdos diferenciados sobre a matéria, não é sobre o programa. E então também havia esse processo de adaptação. E isso estava definido ao longo do período de execução das aulas, as aulas começavam em setembro, como era habitual na época também já, e havia nos finais, sei lá, de maio até o final das aulas, havia as primeiras aulas a serem gravadas para serem editadas, portanto, havia um delay, para que se editassem e em setembro estivessem prontas, dado que também se metia ali o período de férias, havia sempre uma antecedência havia uma planificação, portanto, para permitir que se este tipo de produção se efetuasse a tempo de poderem inserir-se lá…
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PB — Mas o que eu estava a perguntar era qual é que era o ritmo de produção era só um estúdio?
PM — O ritmo era um estúdio só e, portanto, havia uma sequência..
PB— Era horário normal de trabalho?
PM — Era horário normal, de nove às cinco. Havia normalmente gravações de manhã e gravações à tarde. Porque havia uma grande quantidade de matérias, porque a matéria que se gravava ali era para servir na telescola por um período de quatro horas. Que era o período que… a telescola funcionava a partir de determinada hora. Porque a RTP quando começou a incluir na sua emissão as aulas, difundidas através da televisão, era por um período que ia das duas da tarde até às seis da tarde. Portanto, todo esse período eram quatro horas diárias, portanto tinham que ter capacidade de produzir quatro horas, não quer dizer que algumas aulas anteriores não fossem incluídas no programa seguinte. Está a ver? Portanto havia a necessidade de uma atualização. E algumas das cadeiras de matérias variavam ao longo do tempo, não é, portanto havia a necessidade de produzir de acordo com as necessidade que tinham na época.

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