José Manuel Inácio – Parte 7 de 15

José Manuel Inácio à conversa com Maria Margarida Colaço Mendes Gaspar e registada por Paulo Barbosa em 2-12-2017 no museu da Rádio voz de Alenquer no âmbito do projecto AMOPC.

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—As instalações da rádio sempre foram aqui?
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—As instalações da rádio sim, as instalações da rádio só não foram enquanto não havia rádio, enquanto não havia rádio as instalações da rádio foram em minha casa. Quando pedimos a admissibilidade da Associação da Rádio Voz de Alenquer a morada que dei foi da minha casa Depois viemos para aqui. Lá para baixo em princípio era uma salazinha pequenina Onde fazíamos tudo. Depois isto aqui, este edifício já era da junta de freguesia que funcionava e era o centro de saúde. O centro de saúde, saiu, eu fui falar com o presidente da câmara e disse-lhe Epah eu preciso daqui de cima do centro de saúde como é que é? Posso ir para lá?, Não, não podes ir nada. Opah mas olha que eu tenho a chave, eu vou para lá. Eu não sei de nada. Viemos para aqui para o primeiro andar. Depois quando se fez as obras viemos aqui para cima mas aí já foi legalizada a nossa situação durante 90 anos isto é nosso praticamente, pagamos uma renda à junta que nunca pagamos, pagamos em troca de publicidade que eles não fazem. A rádio só começou a transmitir 24 horas por dia praticamente dez anos depois de nascer, foi em 1996. Sim.
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—Como é que se tomou essa decisão e quando não era em 24 horas que horários é que eram preenchidos e com quê?
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—A rádio em princípio começou a trabalhar das 20h às 24h. Porquê? Porque era o horário em que eu estava disponível e mais as pessoas que me podiam vir ajudar para fazer os programas porque eu, já se compreendeu não era profissional. Eu era diretor de uma escola de condução e era instrutor, ao mesmo tempo era proprietário da escola de condução, daí eu ter a possibilidade de poder despender tempo, e terminava às aulas a 20 e vinha para aqui fazer rádio. Depois começámos por alargar o horário e começámos a trabalhar às 7h da manhã às 24h. Começámos a ter pessoas que começavam a telefonar pra cá e que nós entendíamos que tinham boa voz. Começámos a fazer uma escolha dos ouvintes e realmente agarrámos algumas que trouxemos para cá também gratuitamente mas depois começámos a pensar que a carolice tinha que acabar e isto tinha que ser profissionalizado. Tinha que haver mais responsabilidade, daí eu no Congresso da Madeira, no Funchal ter apresentado uma tese que dizia: A carolice acabou, vamos para o profissionalismo porque aí já a Associação Portuguesa de Radiodifusão andava a fazer cursos de rádio que era gratuito para as rádios e ainda pagavam-nos os transportes. Portanto sabíamos que as rádios eram pobres, não tinham dinheiro, portanto, conseguimos o apoio do governo para isso e fizemos esses cursos e então havia que profissionalizar e nós aqui começámos logo a profissionalizar. Começámos logo por ter aqui três locutoras, animadoras. Depois em determinada altura eu descobri que havia um animador em Salvaterra de Magos que era muito bom e que fazia as noite e aquilo era aquilo que nós tínhamos pensado que era bom aqui para Alenquer, foi o Rogério Justino. Entretanto houve alguém que mo apresentou, o Rogério, o Rogério veio a uma festa à Ota e eu e a Vininha fomos lá, a Vininha que é a Doutora Ludovina Simões, fomos lá e Contactámos, contactámos o Rogério, falámos com ele, ele Epah e tal eu estou empregado lá na rádio em Salvaterra mas aquilo também não está a correr bem mas não sei quê, vou pensar. Então pensa lá e diz-me qualquer coisa Claro que ele dois dias depois ele, sabia a audiência que nós tínhamos, também convinha a ele, e ele veio para cá fazer as 24 horas. As 24h não, das 24h às 7h da manhã fazia sozinho.
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—Era o Clube dos Amigos?
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—Era, fazia das 24h às 7h da manhã.
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—Em que é que consistia a esse programa?
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—Esse programa tinha várias variantes, portanto era um programa de acompanhamento, portanto, tinha muitos ouvintes a entrar em direto, tinha discos pedidos, tinha poesia e havia pessoas que vinham aqui ao estúdio, que ele convidava para serem entrevistados, alguns artistas que vinham às vezes de espetáculos aí à volta e combinavam com ele e passavam por aqui e eram entrevistados E daí ele ter uma audiência, de forma a que formou um clube de amigos que chegou a ter 3 mil amigos. Esses amigos todos os anos se reuniam na Romeira num almoço em que eles conviviam e era engraçado porque aquilo já era uma família, porque depois já se aparecia uma pessoa nova no programa, havia logo uma que dizia que era a madrinha depois o outro era o padrinho, aquilo já era uma família que se juntava e que naquele almoço conheciam-se. Aliás era obrigatória haver a apresentação das pessoas todas. Claro que não iam os três mil mas iam sempre aí à volta de 200 a 300 pessoas iam ao almoço. Depois havia o bailarico, que as pessoas também gostavam. Entrevistávamos algumas pessoas lá durante a festa e esse programa foi um dos programas que nós à meia noite iniciávamos sempre os dias com a Canção de Alenquer, cantada pelo Tristão da Silva e depois ele iniciava, continuava o programa com uma ou outra canção que era de um artista ali de Santarém, não me lembra agora, Cavalo qualquer coisa, não me lembra agora o nome, que ele… e as pessoas gostavam daquilo. E foi um programa de grande êxito e que também deu uma grande evolução, um grande salto à Rádio Voz de Alenquer. Não tínhamos publicidade durante a noite, nunca quisermos fazer publicidade durante a noite porque entendíamos que a publicidade seria para durante o dia porque a noite era para as pessoas já de um escalão etário mais elevado, para a pessoa que estava a trabalhar, para os padeiros, os padeiros acolá daí do, todos quase eles entravam. Aquilo era uma família que a rádio conseguiu aglutinar à volta dela, essas pessoas todas.
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—A programação hoje em dia ainda é à semelhança desses tempos ou mudou alguma coisa?
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—Não, mudou alguma coisa, mudou, não é tanto a programação. Por exemplo nós tínhamos um programa de antiguidades que até à pouco tempo existia e que agora já não existe. Havia até um programa de folclore que também tinha grande audiência que era ao domingo de manhã. Era um programa que era bastante ouvido. O programa de fados que ainda hoje se mantém e que é um programa que é ouvido por muito, muita gente, e até por muitos fadistas, porque nós sabemos que eles ouvem e às vezes até entram. E mudou um pouco talvez mais procurando apanhar uma classe etária mais baixa e acho que sim, porque os velhos vão desaparecendo, tem que se procurar uma clientela, vá lá, mais jovem para que a rádio possa sobreviver não é. Porque uma rádio sem ouvintes não é rádio. O que é que interessa nós estarmos aqui a passar música se não temos ninguém a ouvir do outro lado? Não é rádio.
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—E ainda há programas de interação, de discos pedidos?
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—Há, há e tem, a Flávia faz um, a Flávia e o Filipe Loureiro. Às vezes o ali o Faria, o Mário Faria, fazem um programa salvo erro das 16h às 18h ou das 18h às 20h, um programa de discos pedidos que há uma linha direta para o estrangeiro em que os nossos conterrâneos têm a possibilidade de entrar e pedir aquilo que querem, e não só os nossos conterrâneos. Portanto, porque os ouvintes do estrangeiro gostam de ouvir a música portuguesa dos artistas que eles não ouvem lá e que podem ouvir através da rádio, temos uma linha direta para eles e depois temos duas linhas diretas para os ouvintes aqui do, não digo só do concelho de Alenquer porque nós desde Leiria até Évora praticamente temos ouvintes. Daí é engraçado, por exemplo nesses nesses almoços, tínhamos uma senhora que vinha ela, o filho, de Vendas Novas a aqui aos almoços. Ela, a família dela vinha ao almoço porque à noite ela ouvia o programa do Rogério Justino.

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