José Manuel Inácio – Parte 1 de 15

José Manuel Inácio à conversa com Maria Margarida Colaço Mendes Gaspar.

Registado por Paulo Barbosa em 2-12-2017 no museu da Rádio voz de Alenquer no âmbito do projecto AMOPC.

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—o meu nome é Maria Margarida Viana Colaço Mendes Gaspar atual aluna de mestrado de jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social em Benfica (Lisboa) estamos em Alenquer no Museu Manuel Severino dos Reis, que é no fundo o museu da Rádio Voz de Alenquer estamos aqui para entrevistar um dos fundadores da rádio o senhor José Manuel Inácio que nos vai contar um pouco de todo o percurso da rádio e também do percurso profissional que ele fez aqui na rádio e esta entrevista irá para o arquivo da memória oral das profissões da comunicação
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—Pode dizer-nos por favor seu nome completo? José Manuel Inácio. Havia alguma alcunha pela qual o tratassem, algum nome diferente? Havia.
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—Quando eu era miúdo quando nasci, não nasci aqui em Alenquer, nasci numa aldeia. do concelho, na Pipa, mas o meu pai, mas o meu pai quis que eu fosse um menino da vila e registou-me aqui na freguesia de Santo Estevão. Quando nasci pesava muito poucochinho, pesava 5 quilos e duzentas, e a minha mãe teve alguma, para me ter. Naquela altura não havia parteiras eram pessoas curiosas e teve de lá ir um médico e com o médio foi um indivíduo que o meu pai pediu. Naquela altura também não havia automóveis, não havia táxis foi com o médico com uma carroça e quando chegou a Alenquer o pai “Então, o meu filho como é que está?”, “Epah oh senhor Manuel você tem lá um filho que que é um “cacholão” bestial. Tem uma cabeça muito grande.” A partir dali o pessoal começou-me todo a tratar por Zé Manel Cacholão. Depois na minha adolescência eu joguei futebol no Alenquer e Benfica e lá toda a gente me tratava por Zé Manel Cacholão. Praticamente só me deixaram de tratar por Zé Manel Cacholão quando eu vim para a rádio é que começaram a tratar por Zé Manuel Inácio. Porque, não sabiam o meu nome, pensavam que Cacholão era mesmo o meu nome. Portanto, a partir de eu vir para rádio é que começaram a chamar pelo meu nome próprio. E qual é que foi a sua data de nascimento? 12 de Janeiro de 1939. Qual é que é a sua escolaridade, as suas qualificações? As minhas qualificações são muito poucas. Eu frequentei, portanto, fiz a quarta classe, fui trabalhar. Depois de casado, já com filhos fui estudar para Escola Industrial e Comercial de Vila Franca de Xira frequentei o curso Industrial mas não o acabei.
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—Fiz um curso de jornalistas aqui na Rádio Voz de Alenquer é praticamente aquilo que eu tenho. E os seus pais, que ocupações é que eles tinham profissionalmente? O meu pai era um indivíduo que naquela altura continha a carroça, alugava a carroça para fazer o transportes quando vinha a fiscalização, naquela altura a fiscalização vinha aos moínhos ver se os moleiros estavam a moer o trigo que estava registado e e outras fiscalizações ao vinho também e o meu pai andava com eles. Por outro lado o meu pai tinha, e a minha mãe, tinham uma taberna que é aqui a 100 metros da sede da Rádio Voz de Alenquer, onde eu fui criado, mas tem uma particularidade engraçada é que eu fui criado dentro de uma taberna e não gosto de nenhuma
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—Depois quando tinha e 12 anos o pai meu lembrou sobre uma taberna pra mim lá em lá em baixa na Vila, na parte baixa da Vila, mas eu não gostava daquilo e entretanto fui para a Força Aérea como civil e aí já influenciado talvez pelo bichinho na rádio, queria ir para rádio montador que era para estar ligado aos rádios e saber como é que aquilo funcionava. só que não consegui e fiquei lá como serralheiro.
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—Entretanto saí de lá porque era muito bonito estar na força aérea mas recebia muito pouco acabei por vir trabalhar para o Carregado, para uma oficina que era a Carregauto da qual eu era responsável pela parte da mecânica. Convidaram-me para ir para a Ford, fui lá fazer exame mas não quis ficar porque acabava por estagnar, não evoluia e também nessa altura, foi nessa altura que eu comecei a estudar. Já era casado tinha dois filhos, e que eu comecei a estudar em vila franca até às cheias de 67. Quando chegou as cheias de 67 acabei por desistir porque pensei que tinha perdido o ano por faltas, afinal não tinha perdido porque eu nessa altura já estava está com uma bolsa e pensei perdi a bolsa, perdi o ano e vou deixar de estudar e perdi porquê? Porque eu era bombeiro voluntário, fui 25 anos bombeiro voluntário e primeiro que nada estavam os carros dos bombeiros para recuperar e partir daí, deixei de estudar
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—E depois, acabou por aparecer a rádio. Na rádio eu devo muito mais à rádio do que a rádio me deve a mim. todo o meu desenvolvimento intelectual posso agradecer à rádio. Tudo aquilo que eu dei não consigo pagar, porque foi aqui, nesta casa e nos bombeiros que eu me fiz homem primeiro nos bombeiros, porque aprendi a ser homem E depois aqui aprendi a desenvolver a minha parte intelectual. Tive pessoas que me ajudaram imenso. O professor Arons de Carvalho que foi meu acessor, e já lá vamos, já vou avançar um bocadinho. Que foi meu acessor ,foi um grande alicerce que eu tive. Doutor Magalhães Mota em direito de comunicação social, não havia melhor em portugal e realmente com eles também acabei por desenvolver e arranjar alguma bagagem. Pode-nos clarificar quem foram essas pessoas em quais a importância delas? E que tiveram no meu desenvolvimento portanto o doutor Arons de Carvalho, que era meu adjunto na Associação Portuguesa de Radiodifusão e o doutor Magalhães Mota, foram pessoas que realmente tinham, tiveram grande influência no meu desenvolvimento intelectual até porque como presidente da Associação Portuguesa de Radiodifusão era responsável quase pelas rádios todas as Portugal e quando tinha que fazer um discurso eu pedia ao Arons, “oh Arons pah, faça-me aí um discurso”
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“—Ele fazia o discurso e às vezes eu dizia “”Oh Arons desculpe lá mas eu não estou a perceber essa palavra, troque lá isso de forma a eu perceba e então eu dizia “”diga-me lá o que é que você quer quer por?”” O que é que você quer dizer? Eu dizia-lhe mais ou menos e ele lá punha aquilo de forma a que eu pudesse desenvolver aquilo que queria. Na parte de discussão de leis e isso tinha o doutor Magalhães Mota que foi sempre uma pessoa que nos ajudou imenso nas leis rádio, que foi um braço direito muito grande que eu tive. Acabou por nos falar também um pouco sobre o seu percurso profissional de alguma forma.
—Foi na taberna que começou a trabalhar?”
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—Sim. Com que idade? Tinha 12 anos. E nesse percurso que nos falou, falta alguma profissão que tenha tido? Não. Então trabalhou sempre em equipa ou de alguma forma nalguma dessas profissões trabalhou individualmente?
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—Não nunca trabalhei individualmente. Mesmo nos anos que fui presidente aqui da rádio ou nos anos que fui da Associação Portuguesa de Radiodifusão da Federação das Rádios Privadas trabalhei sempre com o coletivo. Eu pela minha maneira de ser quando fazia reuniões de direção normalmente convidava todos os órgãos sociais a estarem presentes era uma maneira também de eu estar mais à vontade e tomar decisões que fosse do coletivo e não minhas apesar que por vezes tinha que tomar posições pessoais daquelas coisas que eram inesperadas e que eu tinha que tomar posições pessoais mas normalmente as posições que eu tomava era sempre do coletivo até porque assim eu ia sempre com muito mais bagagem para poder desenvolver as coisas porque já tinha bebido na fonte.

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