Horacio Villalobos iniciou a carreira como fotógrafo em 1965, no jornal El Dia, de La Plata, Argentina, cidade onde nasceu a 1 de janeiro de 1946. Frequentou a licenciatura em Física, só que, consequência do ambiente hostil gerado pela ditadura, após o Golpe de Estado de 1966, acabou por desistir da universidade para continuar no jornalismo. Em 1972, mudou-se para Buenos Aires, altura em que recebeu a primeira bolsa atribuída pela Inter American Press Association a um fotojornalista ibero americano para estudar no mestrado em fotojornalismo, na Universidade do Missouri, em Columbia, EUA.
Terminado o curso, viajou para África para cobrir a guerra de independência da Eritreia contra Etiópia. Regressou à capital argentina em 1976. Ingressou na redação como fotojornalista do Diario Popular, um jornal do mesmo grupo do El Día, mas de circulação nacional e do qual se tornaria, mais tarde, diretor de fotografia. Entretanto, trabalhou simultaneamente como freelancer, com colaborações nas agências de notícias norte-americanas United Press International (UPI) e Associated Press, nas revistas Time e Newsweek, assim como no jornal The New York Times.
Entre alguns dos seus principais trabalhos, destacam-se a cobertura do Golpe de Estado do Chile, a 11 de setembro de 1973, em que realizaria a última fotografia de Salvador Allende vivo, na qual o Presidente acena da varanda do Palácio de La Moneda; a cobertura do Golpe de Estado da Argentina, em março de 1976, conseguindo imagens únicas que mostram o helicóptero que partiu do palácio do governo e no qual viajava Isabel Perón quando foi detida, durante o golpe de Estado de 24 de março de 1976; reportagens na Guerra da Eritreia, Rodésia (Zimbabwe), e outros palcos de conflito.
Em 2001, Horacio Villalobos mudou-se para a Europa, trabalhou primeiro para a agência Corbis e logo assumiu cargos de chefia da agência EPA – European Pressphoto Agency, em França, Reino Unido, Irlanda, Luxemburgo e Alemanha. Desde 2016 a viver em Portugal, na atualidade é correspondente da agência Getty Images. Horacio Villalobos foi distinguido com vários prémios internacionais, além de ser frequentemente convidado para integrar o júri de festivais e prémios de fotojornalismo. É membro do corpo diretivo da Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP).
Horácio Villalobos foi entrevistado por Fátima Lopes Cadoso. Registado por Paulo Barbosa nos estúdios da Escola Superior de Comunicação Social em Lisboa, a 15 de Dezembro de 2023.
Horacio VillalobosParte 1 de 1 Fátima Lopes Cadoso (ESCS IPL); Paulo Barbosa (ESCS IPL). Registado nos estúdios da Escola Superior de Comunicaçao Social em Lisboa a 15 de Dezembro de 2023. |
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H. Villalobos parte 1 de 1 aos 0M11S – apresentação; dados biográficos; formação académica, primeiro em Física, na Argentina, e depois na Universidade de Missouri, EUA, com a primeira bolsa atribuída pela Inter America Press Association a um fotojornalista ibero americano; conhecimento de línguas; família; profissão dos pais;
H. Villalobos parte 1 de 1 aos 2M8S – início de carreira no jornal El Día, em La Plata, e descoberta da fotografia enquanto profissional; abandono da universidade quando se deu o Golpe de Estado de 1966 e continuação no jornalismo. H. Villalobos parte 1 de 1 aos 4M1S – descrição do percurso profissional, desde a estreia no regional El Día, em 1964, com apenas 18 anos, em que começa por fazer apenas a cobertura desportiva de dois clubes de futebol locais e depois trabalhos no suplemento de domingo; em 1972, mudança para Buenos Aires, quando conhece a primeira mulher, jornalista da United Press Internacional; partida para os EUA, com uma bolsa para estudar na Universidade de Missouri; referência à cobertura de alguns acontecimentos internacionais importantes; regresso à Argentina para trabalhar no Diario Popular, jornal de circulação nacional, no qual chega a diretor de fotografia; freelancer com colaborações na United Press Internacional, na Time Magazine, Associated Press, Newsweek; em 2001, vai para Paris; trabalha na Corbis; na European Press Photo Agency (EPPA) até 2012, em Paris e Luxemburgo, Frankfurt e, desde 2016, Portugal, como correspondente da Corbis e depois da Getty Images; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 10M20S – adaptação ao trabalho em equipa ou sozinho; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 11M28S – realização profissional nos diversos lugares profissionais, trabalhos e serviços como fotojornalista; identificação como jornalista de hardnews e projetos de profundidade. Referência ao projeto “Le Metro”, em Paris e, entre outros, ao projeto dos campos de concentração, quando trabalhou na Alemanha; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 13M30S – carreira de 60 anos, de 1964 até hoje. H. Villalobos parte 1 de 1 aos 13M43S – O que ainda gostaria de fotografar; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 14M32S – conhecimentos adquiridos com a universidade, particularmente, na Universidade de Missouri; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 16M50S – formação ao longo da vida: referência às muitas formações que ministra enquanto fotojornalista e editor-chefe; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 17M30S – diferenças sentidas na evolução profissional ao longo de 60 anos; perda do poder de síntese provocado pelo advento da internet e do digital; crítica ao excesso de glamour da profissão que começou desde a guerra do Vietname; falso glamour em torno dos fotojornalistas de guerra; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 22M50S – exercício da profissão desde 2016 em Portugal; diferenças da cultura jornalística nacional comparativamente com a experiência noutros países; “em Portugal, as condições para fotografar são extraordinárias e os olhos dos fotojornalistas excelentes, ao contrário de França, território hostil para os jornalistas”. H. Villalobos parte 1 de 1 aos 25M13S – condições remuneratórias e reconhecimento profissional favoráveis, desde a Argentina até aos dias de hoje; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 26M56S – ligações contratuais ao longo da carreira; precariedade atual no fotojornalismo argentino; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 27M46S – opinião sobre a precariedade existente no jornalismo português; más condições do fotojornalismo nacional; elogio à qualidade dos fotojornalistas portugueses; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 28M35S – rotinas de trabalho ao longo da semana; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 29M50S – funções na Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP); H. Villalobos parte 1 de 1 aos 30M12S – papel e funções da AIEP no país, desde os tempos de ditadura até hoje; perda de visibilidade de Portugal na imprensa internacional por ser calmo; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 31M30S – ligação e opinião dos jornalistas nacionais sobre a AIEP; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 31M54S – organização interna e relação entre os 50 jornalistas que integram a AIEP; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 32M55S – dilemas éticos e fronteiras que não se pode ultrapassar no fotojornalismo; defesa da ideia de jornalistas como testemunhas do acontecimento e da realidade; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 35M22S – objetividade do fotojornalista; ideia de que o jornalista não pode ser um indivíduo com preconceitos; mostrar a essência da narrativa fotográfica; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 37M44S – exercício profissional em contextos de ditadura na Argentina; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 40M14S – maiores desafios profissionais enfrentados no exercício profissional; menção ao Golpe de Estado do Chile de 11 de setembro de 1973, como o maior desafio humano presenciado, pela injustiça envolvida; contrário à ideia de os jornalistas serem uma classe com privilégios; dever de memória dos jornalistas; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 42M54S – indicação dos momentos históricos em que o dever de memória foi cumprido; última foto de Allende; foto única de Isabel Perón, em 1976, quando foi o golpe de Estado da Argentina, imagem que publicada na Time e na Newsweek dessa semana; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 44M44S – relevância do reconhecimento do trabalho pelos pares, pela sociedade, ao longo da carreira; procurar a sensação de dever cumprido; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 45M55S – reforma; fim de carreira; “para os jornalistas não existe a ideia de reforma” H. Villalobos parte 1 de 1 aos 46M21S – características que foram uma mais-valia para o exercício profissional H. Villalobos parte 1 de 1 aos 46M51S – maior satisfação do ser fotógrafo/jornalista; sentido de dever do jornalismo; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 47M24S – aspetos ou situações que mais desagradam no exercício profissional; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 47M58S – relacionamento com as novas gerações; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 48M25S – como gostaria de ser recordado; citação de “O Estrangeiro”, de Albert Camus, para dizer “não quero ser lembrado”; as fotografias têm vida própria; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 49M29S – desafios futuros do fotojornalismo, nomeadamente com a inteligência artificial; contra a ideia da perfeição errada na fotografia; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 50M44S – proteção dos direitos de autor; desprezo por quem não respeita os direitos de texto e imagem; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 52M15S – o jornalismo como “o único ofício que imagino para mim”; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 52M5S – elogios a alguns procedimentos do jornalismo português; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 54M1S – liberdade de imprensa em alguns países onde exerceu a profissão, com referência a diversos contextos latinos e europeus; liberdade de imprensa no espaço da União Europeia; H. Villalobos parte 1 de 1 aos 58M34S – Memória da Revolução de Abril; ecos de Abril não chegavam a Buenos Aires, com inúmeros problemas a acontecer no país; |