Manuela Serrão – Parte 2 de 5

Projeto AMOPC – Arquivo de Memória Oral das Profissões da Comunicação

Manuela Serrão em conversa com Mafalda Eiró Gomes registado por Cláudia Figueiredo Lisboa, 24 de Julho de 2017

parte 2 de 5 transcrita por paulo nov. 2018

Manuela Serrão aos 0:00:07.089

—Mas há uma história engraçada para se ver como se evolui rapidamente as coisas evoluírem e nós não temos muitas vezes a noção disso as razões porque eu gostava de dar aulas Era exactamente também para ter contacto com pessoas mais novas os jovens e e e e saber e aprender com eles etc e uma vez eu estava a dar a técnica de merchandising para explicar o que era merchandising disse por exemplo vocês quando vão a um banco e de repente olhei para a sala e verifiquei que estava toda a gente com o ar erumbático emtão parei perguntei estou a falar chinês ninguém vai a um banco? e eles disseram não não vamos não vão ninguém entrou aqui numa agência de um banco não e aí eu lembrei—me que já que nessa altura que estava a acontecer é que os bancos Estavam a ir às escolas oferecer cartões já havia multibanco portanto ninguém entrava numa agência de um banco ninguém fazia ideia nenhuma do que eu estava a falar —Pronto esta foi uma outro história engraçada e tem a ver aí com as diferenças culturais que é preciso perceber que no meu tempo que era ao nível das escolas e ao nivel da universidade etc como havia muita dificuldade de acesso escolar e acesso à universidade as culturas eram muito semelhantes quem estava na universidade e nas escolas não tinha culturas de base muito diferentes isto mudou radicalmente como é evidente então um dia eu estava a dar uma aula e tinha pedido era uma uma prática e tinha pedido que cada um dos grupos inventasse um produto e depois teria que o defender Explicando porque é que isso era util para o consumidor porque é que o consumidor quereria comprar aquele produto e houve um grupo que me disse que tinha inventado uma rolha anti pingos para uma garrafa de azeite Ok então explica—me lá porque é que os consumidores vão querer essa essa rolha comprar essa rolha E aí ela disse—me lá a porta voz do grupo disse para não pingar e não sujar a mesa e eu perguntei mas quem é que leva uma garrafa de azeite para a mesa e ela disse—me em minha casa por exemplo eu levo.

Manuela Serrão aos 0:03:02.010

—A cara oo não é como se costuma dizer por que efetivamente na cultura a que eu estava habituado a garrafa de azeite não ia para a mesa ia um galheteiro que hoje hoje hoje talvez se use outra vez já não sei mas lembro—me que eu até fiquei um bocado incomodada Porque—que eu ter perguntado exatamente Quem é que leva uma garrafa de azeite para a mesa. Isto tem a ver efectivamente com uma certa noção que a gente tem que ter quando a gente ouve dizer toda a a gente faz assim fico logo nervosa porque nem toda a gente faz assim e cada vez menos toda a gente faz assim a não ser mandar mensagens e estar no Facebook de resto não parece que toda a gente faa assim cada vez menos mas enfim são duas duas histórias mais ou menos engraçadas —isso já do seu tempo como professora não é?

Manuela Serrão aos 0:03:57.939

—Sim —quando chega ao curso de relações públicas e publicidade que era assim que se chamava como é que pensa a comunicação marketing Como é que pensa o curso como é que pensa a relação entre as duas áreas?

Manuela Serrão aos 0:04:17.859

—eu já estava nessa altura a trabalhar com clientes multinacionais portanto já tinha uma noção do que era o marketing e do que era a comunicação marketing bastante diferente daquilo que se estava a fazer em Portugal propriamente dito e já tinha feito bastante formação no estrangeiro também etc e portanto achei que ia puxar um pouco para cima o que se passava cá e dai estructurei o cuso já em boa parte a pensar em comunicação marketing foi devagarinho dei muita publicidade so técnica publicitária um ou dois anos talvez mas sempre já a fazer relação com o com as outras técnicas Entretanto as outras técnicas começaram também a espalhar—se em Portugal mesmo nos clientes nacionais —e aí ou então remodelei porque o que acontece o curso de publicidade quando eu lá cheguei o josé Carlos Amado Dr josé Carlos amado era uma pessoa com uma visão muito grande e portanto tinha tinha feito uma Inovação enorme e uma das coisas que ele tinha feito no INP instituto novas profissões era porque achava que nem toda a gente queria ir para a faculdade as faculdades existentes na altura letras direito ou técnico no fundo ciências também bom ele achava que havia pessoas que queriam profissões mais práticas e não havia formação nesse sentido então ele começou por criar um curso de cinema que é uma coisa extraordinária e e depois criou um curso de gestão por exemplo que não havia criou o curso de relações públicas e publicidade que não havia E criou ainda uma coisa também quer era mais tarde muito mais tarde ajudantes de administração não era acessoria de administração

Manuela Serrão aos 0:06:17.949

—uma coisa qualquer assim pronto que eram os moinhos

Manuela Serrão aos 0:06:17.949

—MEG curso de turismo foi não não

Manuela Serrão aos 0:06:24.130

—MS foi depois do turismo já tinha turismo Turismo turismo aliás estava—me a esquecer mas veio logo desde o princípio turismo e cinema e assim então eu e as relações públicas foram os cursos primeiros que ele fez e e a verdade é que não havia profissionais quase nessa altura a verdade era essa quando ele criou isso ainda suponho que parte das grandes agências não estaria cá e ele tinha a dar relações públicas uma pessoa que estava na altura nas relações públicas mas as relações públicas eram ainda muito o ser simpático receber bem almoçar jantar Cocktail etc portanto era digamos o ser simpático para o cliente e tal e a publicidade era muito a fazer uns desenhos e por no jornal com os títulos engraçados e umas coisas assim daí que estivesse na mão de escritores e de gente formada nas belas ou na antónio arroio. —a António Arroio foi mais dirigida Se calhar as pessoas iam mais para as gráficas e assim ou para o design um pouco mais tarde e a e a escola de Belas Artes toda a gente que não queria fazer pintura ou que queria fazer outra coisa qualquer na área artística ganhava dinheiro a fazer estando a fazer publicidade e daí que uma pessoa que na altura Esteve a dar publicidade Até eu eu chegar Foi uma pessoa da área criativa e ainda por cima da área criativa literária era uma pessoa que escrevia livros para crianças e não sei o que é bom e era de facto um bocado redutor cadeira e o josé Carlos Amado sentiu a necessidade Reformular tudo isso por exemplo foi muito difícil a mim conseguir que ele tinha uma cadeira de psicologia no curso que a cadeira psicologia que era dada no curso fosse fosse adaptada às necessidades da comunicação boa parte da psicologia da comunicação tive eo que dar durante muito tempo porque não havia

Manuela Serrão aos 0:08:55.020

—Quem a desse o professor que lá estava dava outras coisas pronto não adaptou á comunicação que aliás não conhecia porque a vida da publicidade era muito desconhecida de facto durante muito tempo Depois do 25 de abril tornou—se as pessoas eram agressivas relativamente à publicidade ou achavam Graça e este ou aquele titulo a este ou aquele boneco mas de resto tinham tinha não eram muito muito queridas as pessoas da publicidade para dizer a verdade Pronto não era vista como uma necessidade de formação era jeito quem tinha jeito tinha quem não tinha jeito não ia pronto era um bocado isso e e portanto era preciso de mudar isso rapidamente no instituto superior de novas profissões 4 anos de curso e em cada ano havia uma cadeira de publicidade

Manuela Serrão aos 0:09:40.700

—a primeira era publicidade I cujo o programa está aqui e que er dada aos alunos no principio do ano a publicidade era isto era uma sugestão dos trabalhos práticos Todas as cadeiras de publicidade tinham trabalhos práticos tanto este era o anexo ao programa com a sugestão de trabalhos práticos individuais de preferencia que os alunos faziam Esta é a cadeira publicidade 2 mesmo esquema com os objetivos a meteorologia portanto no segundo ano os alunos tinham publicidade 2 —MEG esses programas vêm dos anos 80? sim sim Portanto eles tinham que que fazer sempre trabalhos práticos tinham sempre duas frequências obrigatórias e tinham trabalhos práticos também sempre em todas as cadeiras e nesta também a cadeira de publicidade III era uma cadeira que integrava que era constituída por três modoulos no fundo para três modulos que faziam parte do Mix de comunicação visto que obviamente cada vez mais e nesta altura com mais e mais importância ainda A comunicação comercial de que eu já falo aqui era fundamentalmente constituída por uma quantidade Técnicas diferentes portanto na publicidade III havia três grandes módulos o marketing direto a mídia as promoções e o merchandising cada uma com o seu programa parte geral da campanha da cadeira descrição depois havia programa de marketing direto do módulo de mídia estávamos na fase em que estavam em grande desenvolvimento as Centrais de mídia e no caso do modulo de mídia a avaliação era feita pelo teste escrito em Trabalho em grupo com discussão oral todos os modos que tenham trabalhos práticos e

Manuela Serrão aos 0:13:24.740

—havia um módulo de merchandising e promoção em promoções juntou—se na altura o merchandising e as promoções embora hoje isto já possa Sou separado e mais tarde nós chegamos a separar estes dois duas técnicas e havia uma quantidade obviamente de promoções é um problema vasto porque havia muitas formas de Promover e finalmente chegamos à publicidade IV as práticas das campanhas em que fundamentalmente o que de tentava era que apesar dos alunos não terem a hipótese de fazer estágios práticos nas empresas ou não nos serviços de um modo geral que faziam publicidade O que acontecia era que nós pedíamos diretamente ás empresas que fornecessem aos alunos um briefing Real para que eles pudessem trabalhar e que lhes dessem o apoio dentro da empresa havia uma pessoa com quem eles podiam falar na escola

Manuela Serrão aos 0:14:35.550

—havia uma dupla de dois professores um da área da gestão do contacto chamado outro da área criativa que ajudava os alunos a fazer as ditas campanhas no final os alunos apresentavam a sua campanha aos professores e ao juri que era constituido pelos professores excepto aquela dupla que tinha participado naquela campanha e pelo cliente que tinha fornecido o briefing havia também dentro desta campanha um módulo de video ocmunição viste que era importante para os alunos taprenderem alguma coisa de vídeo e praticar em aulas e havia depois um seminário mesmo de video comunicação e pronto

Manuela Serrão aos 0:15:28.830

—MEG estava a falar das dificuldades de reconhecimento da area profissional e por outro da necessidade de formação é algo que parece que nasceu com a profissão e que se tem e que tem continuado a falta de reconhecimento profissional —MS o problema é este se nós estivermos inseridos num ambiente multinacional somos ultra reconhecidos em Portugal as empresas portuguesas estritamente portuguesas são poucas vamos lá ver a publicidade começou Francamente pelos produtos de grande consumo quem é que fazia produtos de grande consumo em Portugal portugueses propriamente dito que tivesse pensado em fazer publicidade não nos conhecíamos a pasta medicinal Couto não é que fez publicidade era uma excepão mas de resto a Margarina Vaqueiro que eu tenho aliás algumas algumas gravações dos primeiros filmes perfeitamente engraçados a Margarina Vaqueiro era uma multinacional e a pasta medicinal couto precisou de fazer publicidade porque estava cá a pepsodent Também uma multinacional

Manuela Serrão aos 0:17:02.480

—os detergentes foram os grandes os grandes que levaram a grande envolvimento da publicidade por exemplo foram os detergentes claramente era tudo de empresas multinacionais portanto nessas empresas tudo bem E as pessoas que giravam a volta dessas empresas reconheciam Francamente a importância da publicidade e sabiam distinguir Quem era bom profissional é que não era claramente as empresas portuguesas não não tanto Só muito mais tarde é uma Jerónimo Martins por exemplo que era era sócio ou se fez sócio da Unilever do grupo Unilever veio a fazer ligaste á grande distribuição a fazer ele próprio a publicidade mas isto é muito recente Parecendo que não é relativamente recente depois Quando realmente começam—se começam a fazer a publicidade dos serviços Aí começou a ser outra outra história portanto a grande grande campanha foi a do código postal de facto e depois dos bancos sentiram necessidade de fazer publicidade quer na televisão Nos grandes meios porque

Manuela Serrão aos 0:18:27.139

—os bancos faziam folhetos se bem se lembra Não se lembra Mas era o que acontecia os bancos faziam folhetos e cartazes às vezes e não havia marchandising no ponto de venda não havia portanto nós tínhamos que ir ao banco Baixar a cabeça e tal Porque quem quem era o cliente eram eles não nós. Á medida que os serviços se desenvolveram pois os portugueses também tiveram que fazer que fazer a publicidade mas nunca foi uma uma área que que eles acham que tem que fazer porque se calhar vendem mais mas não têm a certeza no fundo é um bocado a perspectiva Talvez a gente estão sempre a pedir pedir estudos impossíveis de fazer como as célebres medidas do impacto de outdoors por exemplo que é um drama e ficam contentes quando alguém lhe impinge um

Manuela Serrão aos 0:19:30.240

—o estudo sobre sobre isso que não quer dizer nada não é Mas pronto e A insegurança gerou—se uma grande insegurança na gestão que dantes não havia tanto porquê? porque a publicidade de facto existia na televisão nos jornais era aquela eram só deram dois meios a rádio na altura era muito importante estava—me a esquecer mas era realmente muito mais importante ainda do que a televisão porque as notícias na rádio espalham—se então com os automóveis rapidamente e à medida que o parque automóvel crescia a rádio também Depois perdeua para a televisão mas tinha uma grande importância e e nessa altura portanto a publicidade que era vista como valia a pena porque se os estrangeiros faziam eles também tinham que fazer talvez conseguisse sobreviver mas é muito difícil por nós não tínhamos Quer dizer

Manuela Serrão aos 0:20:28.899

—a única empresa a grande empresa em Portugal na altura Era a CUF industrial e a sidurgia não tinham propriamente produtos de grande consumo para fazer a CUF só muito mais tarde vem vem a comprar a Compal e a Sovena e não sei o que é ter produtos de grande consumo mas não tinha portanto não fazia grandes produto não fazia grande grande publicidade dos sulfatos e outras coisas que produzia tal como a siderurgia nacional portanto é um bocado é um bocado isto o meio industrial português não não não existia e o meio agrícola por exemplo onde se via produtos Produtos de facto que nós comprávamos cá porque mas nós sempre importantes muita coisa mas nesses que comprávamos compramos Senhor do lado conhecíamos a estrutura econômica era muito primitiva —Mafalda Eiró Gomes: quando aparecem os primeiros cursos não é a primeiro formação há alguns movimentos no sentido de existência de uma carteira profissional de um código profissional mas parece que nunca chegou a bom porto

Manuela Serrão aos 0:21:46.470

—MS nunca nunca porque a verdade é que ninguém ninguém sentia muito a necessidade disso o meio era pequeno e só muito mais tarde se vai a fundar a associação portuguesa das Agencias de publicidade chamada APAP quando é que isso aparece quando é que a APAP aparece?\ quando no fundo de certa maneira os clientes tendem A impor determinadas determinadas preços sobretudo eu diria Fazendo fazendo como é que baixando os preços muitíssimo e esmagando as margens E aí aparece uma agência de publicidade quando uma agencia não uma associação das agências não era dos publicitários eu durante muitos anos fui no sindicato fui se não era datilografia é uma coisa muito parecida mas era a coisa mais parecida com eles lá tinham para meter no sindicato dos empregados escritório que era um de nós todos estávamos —os publicitários Quem queria estar claro e portanto não havia grande grande defesa por outro lado como a publicidade é de certa maneira uma uma área agressiva Porque pronto cada um puxa para si quer que quer que eu sou campanha que seja boa e quero que o seu produto é que seja o bom etc é uma área agressiva o que acontece é que não havia muita necessidade de se juntarem antes pelo contrário portanto isso não foi fácil á medida que apareceram por exemplo os concursos começou a haver concursos de agências daí começa—se a notar a necessidade da APAP fazer um não ser e os concursos para muitos clientes sempre foram uma ficção ou porque a lei da empresa ou de outra qualquer os obrigava a fazer um concurso mas era uma ficção completamente uma ficção e se pudessem não dizendo chamám—nos a pedir uma campanha dávam—nos um briefing

Manuela Serrão aos 0:24:23.399

—não diziaam o que estávamos em concurso muitas vezes só sabia por portas travessas porquê? porque o concurso estava feito… eu lembro—me que no caso da campanha do código postal foi um concurso e eu tive muita dificuldade em convencer o tal senhor diretor que convenci a recrutar uma pessoa a entrar no concurso porque ele achou que estava feito era uma coisa muito grande. a campanha era muito grande então naquela altura era enorme foi a maior campanha que se fez e ele dizia está feito nós vamos gastar um dinheirão para nada porque o concurso está feito eu não credito que nessa empresa o concurso não esteja feito e eu insiste em ir ao briefing e consegui uma coisa verdadeiramente extraordinária para dizer a verdade já nem me lembrava que foi que nesse concurso a verba para o concurso fosse a mesma para todas as agências coisa que não era portanto o que é que acontecia quer dizer se eu fizesse ou fizesse uma campanha extraordinária mas se fosse mais cara se eu quisesse ou quisesse fazer mais barata não posso fazer uma campanha com os mesmos meios Não dá não é lutei muito e disse a minha agência não entra a não ser as outras ficaram bastante assim

Manuela Serrão aos 0:26:05.639

—está lá mas e tal não sei que está a ler isto não é a minha agência não entra a não ser que eu não me interessa é que seja a verba real o que me interessa é que todas as agências que estão aqui presentes porque eles fizeram um briefing em conjunto e portanto aí dava logo ideia de que tudo somado que estavam com alguma intenção séria coisa que não é costume

Manuela Serrão aos 0:26:27.740

—MEG Continua a não ser —Manuela Serrrão sim penso Continua a não ser embora eu tenho conseguido nalguns casos que fosse mas enfim aquela foi e foi por auto recriação deles e eu Insisti disse a minha agência não vem a não ser que haja uma verba seja ela é real ou não pode me dizer É 5 tostões é 5 tostões é um milhão de euros é um milhão de escudos na altura mas toda a gente tem que trabalhar com esse dinheiro eles foram refletir na administração não disseram logo que sim tiveram uns dias não sei o que depois aceitaram o critério mas não era assim não era assim era muito era muito muito difícil muito difícil mas ali nós estamos com pessoas honestas valha a verdade e portanto foi eles perceberam e aceitaram o critério

Manuela Serrão aos 0:27:18.799

—houve outra vez também esse já estava também era concurso mas o briefing não tinha sido todo em conjunto e eles gostavam da nossa campanha mas queriam já no final mas queriam chamaram—me para baixar o preço e eu recusei terminantemente porque as margens estavam realmente esmagadas realmente esmagadas e disse nem pensar eu faço a campanha assim posso baixar o preço não faço a campanha assim é outra coisa isto vou para aí não sei mas mais 3 semanas a discutir sempre a tentar eu recusei mas acabei por ganhar a campanha

Manuela Serrão aos 0:28:08.029

—Mafalda Eiró Gomes e essas campanhas estamos a falar da década de 80 provavelmente também 70 —Manuela Serrão sim finais de anos 70 princípios de 80 não a campanha dos correios finais de anos 70 certamente eu acho que o lançamento do código foi para ai em 79 uma coisa parecida com essa

Manuela Serrão aos 0:28:25.789

—Mafalda Eiró Gomes apanha a televisão a cores que se inicia em 80

Manuela Serrão aos 0:28:33.950

—Manuela Serrão e depois esta outra que eu estou a dizer já foi um pouco mais tarde acho eu foi uma coisa para o ambiente —Mafalda Eiró Gomes essas campanhas eram campanhas a um ano como é que eram os prazos?

Manuela Serrão aos 0:28:37.610

—MS eram campanhas de lançamento que normalmente não necessariamente a um ano nós sabíamos no caso do código postal por exemplo era uma coisa totalmente nova como uma população demasiado pouco letrada demasiado espalhada pelo país inteiro complicada e então a campanha nós propusemos uma campanha muito intensa e muito didática e muito com pequenos spots digamos mas todos eles muito didáticos e isso precisou de uma intensidade forte e foram uns meses sim mas também não podia ser muitos meses se não cansava muito mas lembro—me que foram uns três meses à vontade e depois renovamos. bem sei que tínhamos muitas peças e as peças não foram todas postas ao mesmo tempo mas demorou sim um bom bocado de qualquer maneira tivemos informações do estrangeiro que a nossa campanha tinha sido mundialmente uma daquelas que tinha conseguido mais depressa mudar os hábitos —Mafalda Eiró Gomes: e acha que isso foi porque foi muito didatica?

Manuela Serrão aos 0:30:16.419

—Manuela Serrão: eu penso que naquele naquele caso eu penso que foi um pouco por ser muito segmentada e muito didática porque era uma coisa completamente abstrata quer dizer que não interessava a ninguém não interessava ninguém quer dizer o que é que interessava as pessoas porque é que havia de ter massada de escrever uma coisa decorar um número etc era muito muito difícil alguém interessar—se por isso não é no entanto isso era fundamental para que a mecanização pudesse funcionar porque senão não podia mesmo as máquinas precisava de um código e ele era feito por máquinas máquinas precisava de um código só que eu realmente

Manuela Serrão aos 0:30:59.649

—Achei que não havia outra hipótese a não ser fazer uma campanha muito didática e indo diretamente ás pessoas portanto nós desde a caixa de correio da própria pessoa fizemos autocolantes para todas as caixas de correio em portugal fizemos cartazes para todos diferentes para todas as caixas de correio em Portugal e depois fizemos não sei mas a 20 e tal filmes assim uma coisa curtos mas sempre sempre sempre a explicar sempre a explicar foram de facto foi uma campanha interesante de fazer devo dizer muito interessante e mesmo aquela aquela que o que fizemos para o próprio pessoal aquilo que eu disse a pouco para ensinar ao pessoal o que era como é que ia funcionar o código postal ETC também ajudou bastante

Manuela Serrão aos 0:31:45.179

—Mafalda Eiró Gomes: Houve uma grande integração de meios —Manuela Serrão: Sim houve uma enorme integração portanto quer dizer integração e programação estava tudo a agência desde as listas do código postal eu corrigi as listas do código postal tive muitas horas e muitas noites nos correios sozinha à noite a corrigir a lista do código postal porque era a primeira vez que em Portugal se fazia uma lista de código postal e nem sequer era muito fácil faze—la porque eu podia morar em sei lá em Paço de Arcos por hipótese e ter um código postal que dizia Oeiras donde a rivalidade entre as freguesias era imensa em alguns casos entre as freguesias que não eram que não eu não coincidia bem com com as freguesias mas pronto mas uma Freguesia que não tinha o seu nome no código postal não gostava como é obvio e portanto

Manuela Serrão aos 0:32:49.080

—Os carteiros inclusivamente tendiam a dizer não se importe não vale a pena portanto havia havia dificuldades grandes e se a campanha não fosse muito didatca e as pessoas não percebessem bem porque é que aquilo era importante não tínhamos conseguido não tínhamos conseguido de certeza

Manuela Serrão aos 0:33:07.580

—Mafalda Eiró Gomes: acompanha—nos no fundo a evolução do mercado e na década de noventa sai da agência não é e passa a um trabalho de consultadoria assim como é que evoluiu ou como é que foi a evolução do mercado como é que se reposiciona? —Manuela Serrão: passei a minha o meu desejo teria sido ficar só a dar aulas nessa altura mas dois ex—clientes meus vieram desafiar—me porque precisava de alguém para a comunicação da empresa e pronto e eu fui foi tão só quer dizer as pessoas que eram tinha muita dificuldade em dizer que não foram dois grandes clientes mais tarde vieram outros também ex—clientes sempre ex—clientes que me vieram que me vieram pedir para eu ajudar nalguns lançamentos eu fiz depois fiquei mais directamente ligada à marconi que precisava mesmo de uma pessoa para dirigir a comunicação então eu era acessora da administração e fiquei

Manuela Serrão aos 0:34:55.490

—Mafalda Eiró Gomes: Ai a função deixa de ser comunicação comercial para para passar a ser? —Manuela Serrão: Era também comunicação comercial porque eu tenha que lidar com as agências no fundo eles tinham na altura campanhas comerciais e portanto tinham agencias de publicidade que trabalhavam para eles e eu tinha não só que lidar com essas agências como decidir que tipo de comunicação fazer quando como e onde e lidar com outros mais também passei a ser cliente passei para o lado do cliente digamos

Manuela Serrão aos 0:35:22.680

—Mafalda Eiró Gomes: como é que vê hoje o mercado, a profissão —Manuela Serrão: vejo mal porque estou muito longe disso hoje não sei não sei muito bem o que é que o que é que se passa só tenho noção de alguma coisa se passa pelo resultado final pelo que vejo nas televisões nos jornais e tal devo dizer que algumas coisas me deixam bastante admirada Como é que passam porque além de serem algumas incompreensíveis outras muito simbólicas e o simbolismo não é interpretado da mesma maneira que toda a gente

Manuela Serrão aos 0:36:09.120

—admiro—me que deixem passar francamente que deixem passar coisas estão simbólicas muitas vezes mas pronto mas eu estou longe dessa dessa área e hoje além disso mudança muito grande é que o próprio o próprio consumidor é ele próprio publicitário é um meio portanto o Facebook e todas as todas as novas as novas tecnologias levam a que próprio consumidor aconselhe fale diga mostre sites produtos marcas etc de que gosta ou seus outros interlocutores portanto o consumidor tornou—se assim como engraçado porque é assim como as empresas Muitas delas passaram para o lado do consumidor uma série de funções como de que é exemplo máximo a distribuição você tem que ir á prateleira buscar tem que meter no carrinho

Manuela Serrão aos 0:37:13.100

—tem que ficar na fila tem que levar para casa vá lá que alguns já levam a casa mas é só a partir de uma certa nível de investimento etc etc portanto o trabalho está do seu lado não é as promoções empurrão enormemente os stocks para casa dos dos consumidores portanto esta pasta de passar de empresa para o consumidor uma parte do trabalho também também se passou a nível da comunicação portanto o consumidor passou a fazer publicidade para a empresa de graça quer dizer aliás basta ver logos nas camisolas nas malas nos não sei o que etc etc eu lembro—me de uma vez ter tido ainda estava nas agências uma discussão com uma colega minha que ela achava que era optimo andar com com coisas com marcas grandes tinha muito orgulho disso não sei o que fazia era uma das formas de ser simpática para o cliente não sei e eu recusava terminantemente a trazer marcas e ainda hoje me recuso e portanto mas mas mas sou uma excepção completamente uma excepção porque a maior parte

Manuela Serrão aos 0:38:36.500

—das pessoas trás marcas e gosta de trazer e pronto está no seu direito mas é verdade que está a fazer publicidade de graça para as empresas

Manuela Serrão aos 0:38:41.970

—Mafalda Eiró Gomes: eu precisamente pegando nisso portanto o olhar por exemplo para os bloggers —Manuela Serrão: Para os?

Manuela Serrão aos 0:38:49.480

—Mafalda Eiró Gomes: Para os bloggers… enquanto publicitária tinha com interlocutores os meios não é hoje os publicitários têm não sei se como interlocutores se também como concorrentes —Manuela Serrão: Não faço a mínima das ideias eu sou pouco pouco não uso o Facebook praticamente a não ser assim De vez enquanto uma coisa qualquer leio pouco blogs não tenho muita pachorra para as tricas e micas dessas dessas áreas e portanto não faço ideia nenhuma mas não há dúvida nenhuma que sei que eles têm muitíssima importância e que são fonte de comunicação comercial que sistematicamente e portanto as empresas só têm é que lhes agradecer… se não pagar
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