José Pote Magriço – Parte 25 de 27

Entrevistado por Paulo Barbosa – Registado por Cláudia Figueiredo em Lisboa 11 Julho de 2017.


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P Barbosa— Sindicatos. Foi sindicalizado? Se exerceu alguma função e que tipo de, vá lá, de interesse ou coisas positivas é que tinha um técnico de electrónica pertencer a um sindicato, enquanto trabalhou?
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JP Magriço— Na época ser sindicalizado era uma forma de se sentir defendido, porque em atitudes que a empresa pudesse tentar, junto do trabalhador, afectá-lo de certa maneira, na sua relação laboral, era essencial que o indivíduo fosse sindicalizado. Porque uma pessoa que não fosse sindicalizada sentia-se desprotegida, e portanto, isto é uma questão de alguém que tem conhecimento jurídico, tinha apoio de outras ordens, quando havia contratos ou quando havia tentativas de obtenção de horários de trabalho, por exemplo, tentar, tentar que o indivíduo trabalhasse mais de nove dias seguidos sem, sem folgar, ou coisas desse tipo eram sim. Mas depois também havia as questões relacionadas com reivindicação, portanto, as condições de trabalho, havia organizações que se preocupavam com as condições sanitárias do próprio trabalho, as condições ambientais do próprio desempenho, portanto, saber se…
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P Barbosa— Isso quer dizer que foi então sindicalizado?
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JP Magriço— Sindicalizado. Durante o tempo que lá estive fui sindicalizado e tive sempre associado no mesmo sindicato, o STT, que era o sindicato das telecomunicações. É… algumas… mas não trabalhei, digamos, na função sindical directa. O que que isto quer dizer? Tendo conhecimento das situações em que os técnicos se encontrava quando foi do acordo da empresa, que tiveram o tal afectação dos 25{eac6b5875ddae926700b2c4e8464bb0ece25601256fda3402f3cffca93cca374}, para que o acordo fosse aprovado pela administração em 81, 82, já passados alguns anos, dois anos de lá estar, os técnicos começaram a sentir que era altura já depois de tantas negociações já terem existido, porque anualmente havia revisões de alguns pontos do próprio acordo e nunca mais incluíram o ponto considerado da colocação dos técnicos destacados, de certa forma, de um, na altura eram 2 níveis ou três níveis, digamos, salariais. E isto, é, porque, correspondia por cada degrau de promoção equivalia, neste caso, vamos admitir 6, mais 6{eac6b5875ddae926700b2c4e8464bb0ece25601256fda3402f3cffca93cca374}. Seis vezes três, eram três graus abaixo na escala. Na altura havia uma escala com 16 níveis, ou 12, já não me lembro bem, mas era desde que quem ganhava menos até que quem ganhava como o director, excepto os administradores etc., havia ali uma escala, digamos, com 12 níveis ou 12 ou 14. Isso variava também com os acordos que haviam na situação. Mas esse, essa de, essa decalagem que havia, digamos, entre os técnicos de electrónica e os operacionais obrigava, de certa maneira, a que… houve uma altura em que entramos num processo de sensibilização das chefias. O que é que isto queria dizer? Quer dizer que obrigávamos as chefias a serem o mais corretas possíveis com o desempenho de coordenador e de chefe. O chefe na posição de alguém que comanda ou alguém que manda. São coisas diferenciadas e os graus de exigência e de sensibilidade era cumprir, obrigar a que o chefe cumprisse aquilo que estava estabelecido e não mais que isso, e só isso. Portanto, havia ali uma forma. E tentamos juntar na própria direcção técnica e, que nos deu sempre apoio, portanto, não não filtrou nem procurou protelar o que se pretendia. Tínhamos elaborado um caderno que estava estendido pelo país inteiro, que foi discutido e analisado por todos os intervenientes a nível do país, que envolvia Lisboa, Porto, Monsanto, na altura ainda estava Monsanto incluída, é e as outras delegações, digamos, do país que estavam associados à rede de emissão e todos os centros da Madeira e dos Açores, portanto, que eram os principais 4 centros que existiam e algumas delegações, que já existiam algumas delegações. E portanto na altura toda os técnicos que estavam associados a esta área, técnicos em eletrónica, estamos a falar da classe, do grupo da manutenção etc. Portanto esse pessoal teve acesso a um caderno, onde se pretendiam… Isso definiu as pretensões dos técnicos de eletrónica, entre as quais, para além da diferenciação da carreira, com mais níveis, a sua decalagem. Portanto, isso sempre existiu a e a definição de certa forma dos desempenhos das funções. Portanto, para além disso, além de pedir mais salário, estávamos a pedir também um determinado nível de, digamos, condições laborais, para que isso se empenhasse de uma forma mais cabal. E portanto isso existiu e durou de 82, pra aí, até 92. Foi quando começou a sentir-se o aperto da presença dos concorrentes da televisão. E foi nesse período em que as negociações, como já referi, foram feitas de uma forma direta, administradores, digamos, e seus representantes no palco, na plateia os representantes dos trabalhadores, várias áreas sindicais que estiveram envolvidas nas negociações e conseguimos aumento de salário da ordem de 25 a 30 por cento. Depois teve um pequeno revés, também histórias têm assim, negociou-se uma coisa por um nível maior, mas depois quando foi aplicá-lo, por situações divergentes de algumas situações de carreira que cada um tinha, havia desacertos, uns que tinham entrado no mesmo período se calhar foram compensados de forma diferente, mas isso depois, isso são situações que ocorrem sempre, é, quando se negocia não se garante a cada um, aquele grupo, só se tiver exactamente entrado no mesmo dia, na mesma profissão, tenha progredido da mesma maneira, portanto, essa decalagem, digamos, profissional fica sempre desacertada e depois consideram-se que houve situações de injustiça porque um entrou no mesmo dia e aí o outro está a receber mais 6{eac6b5875ddae926700b2c4e8464bb0ece25601256fda3402f3cffca93cca374}, por exemplo, etc. Aconteceu situ… aconteceram situações dessas. É, eu acompanhei isso tudo até, digamos, até 95, por aí, depois deixei de acompanhar. Portanto, essas compensações, essas injustiças foram sendo corrigida depois da pri… da negociação em 92, mas depois deixei de acompanhar essa situação, 95.
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P Barbosa— O aparecimento das privadas, sentiu que as pessoas deixaram de ser menos sindicalizadas e passaram a ser contratadas cada um por si e ordenados diferentes para cada um ou manteve-se…?
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JP Magriço— Não, o contrato de acordo da empresa era, não era… era rígido, era mesmo rígido. É, porque depois é a questão é porque está definido como sendo assim a própria empresa também usa isso, digamos, para conter, não é. Evidente que havia contratos extra. E havia contratos que estavam associados à produção, portanto, e a, e a informação que eram quase independentes. Os directores de informação acabaram por ser aqueles que eram decalados totalmente da produção. Portanto, o o o equivalente director da produção não tinha uma relação directa com o director da informação. Portanto, o director de informação recebia cinco a seis vezes mais do que o da produção.
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P Barbosa— Isso isso foi com o aparecimento das chamadas estrelas dentro do?
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JP Magriço— Sim, do próprio, do próprio sistema, portanto, eram contratações, digamos, excepcionais e que tinham… é assim, eles tinham um salário de referência era idêntico, tava lá na tabela, poderia haver uma pequenina diferença entre directores, mas depois havia a negociação por, digamos, imagem pública, digamos, no desempenho das funções e as pessoas que estavam ligadas à área do jornalismo e fundamentalmente os pivôs, os que estavam associados e que alguns deles eram, já tinham sido directores e depois passaram a pivôs, porque depois havia essa transacção não perdiam direitos, ou seja, praticamente mantinham os direitos, embora desempenhassem funções, digamos, na escala inferiores, não é bem inferiores, mas de outro nível, é, continuavam com os mesmos salários. E alguns foram considerados exorbitantes, como depois foi público.
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P Barbosa— Isso não causava reacções dentro, vá lá, de uma empresa em que há pessoas que depois são contratadas por milhares, enquanto que os outros ganham centenas porque eram…
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JP Magriço— Isso há sempre e existirá sempre nas empresas em que não tenha cuidado e faça os seus reconhecimentos diferenciados. É também é verdade que as pessoas pensam também de uma forma interessante que também ao longo da história é assim, é preferível que alguns ganhem um pouco mais para eu ter referência, para poder também ganhar mais. Quer dizer, e havia chefes que tinham até um certo, dentro da própria estrutura, dado que eram chefes de uma equipa que podia ser de 20 ou de 30, eles procuravam, embora tivessem cotas para progressões e digamos, digamos a evolução, é procuravam os próprios subir na escala para argumentar que os outros que ganhavam menos deviam também ser elevados. Isto era uma filosofia, digamos, da época, não é. Portanto, se o chefe era lutador por melhorar a sua condição, o que queria, de certa forma, não era destacar-se dos anteriores, mas era criar condições para poder arrastar também os outros. Isto é uma forma que poderia haver. É evidente que isso depois não se reflectia nos senhores pivôs, nem nem em toda a gente que subindo, não arrastava ninguém. Decalavam-se era cada vez mais, não é, portanto e esse aí nesse ambiente também não era, não era tão fácil viver. Enquanto na direcção técnica e na direção de produção cada vez que o chefe reivindicava e conseguia, todos os outros iam ser de certa forma beneficiados. Não numa relação muito directa, mas eram melhoradas algumas coisas. E, portanto, aí podia dizer-se que havia duas escalas: o que se destacava muito rapidamente deixava os outros pra baixo, os que laboriosamente procuravam que, dentro da direcção técnica como na direcção de produção procuravam melhorar um pouco mais, esses eram capaz de satisfazer melhor o geral do que nos ambientes onde havia essa distorção maior.

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