José Pote Magriço – Parte 2 de 27

Distribuição da telescola via cassete Philips * Gravações exteriores em filme * Montagem em pelicula e em vídeo sem editor

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PB — 1957. Pelas minhas contas, o Pote Magriço tem 7 anos e nessa altura estão foi o início das televisões.
PM — As emissões.
PB — As emissões da RTP. Lembra-se como é que viu pela primeira vez televisão, em que situação, se a televisão estava em casa das pessoas ou se as pessoas tinham que ir em sítios?
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PM — Na época o que acontecia é que as aldeias ainda não tinham a distribuição eléctrica e, portanto, não tinham electricidade. Não havia, portanto, junto à aldeia… a aldeia mais próxima ficava a cinco quilómetros.
PB — Não estamos a falar em não ter televisão, não tinha sequer electricidade.
PM — Não tinha electricidade, portanto estamos a falar numa fase um bocadinho mais retrógrada, não é? Mas durante esse período a única solução que eu tinha era ir até a volta de 2, 3 quilómetros, para o tal centro de emissão que existia de emissores de radiofrequência, de onda curta, que havia na aldeia. Portanto, era por volta de três quilómetros da aldeia.
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PB — De rádio.
PM — De rádio. Portanto, e nesse centro já havia electricidade, como é natural não é, e havia um clube e nesse clube tinha um posto que tinha um televisor, que era único na região, digamos que servia para todo o pessoal que quisesse, e que conseguisse aceder às instalações do clube para poder ver os programas e foi aí que se manifestou o primeiro interesse e a curiosidade de saber como é que funcionava o sistema. Começou algo muito novo não é, portanto, daí que quando fui derivado para a área comercial senti sempre uma atracção por questões de ordem técnica e associados a essa, por influência natural desses emissores, e por esse pessoal e de todo o ambiente que se viva na aldeia, dado que era uma das profissões que era mais, mais próximas não é, portanto, havia muita gente que estava a trabalhar na área dos centros de emissão, a maior parte dos técnicos iam de Lisboa e iam de outros locais, não eram pessoas residentes, a maior parte dos professores que estavam na escola também eram engenheiros e pessoal que de certa forma trabalhava e que desempenhava essa função na escola e, portanto, incentivava bastante os alunos, a digamos, e tinha uma certa… um peso, uma marca, marcavam bastante o interesse dos alunos por questões de ordem técnica associadas. Embora fossem de rádio, a maior parte deles era de rádio. Havendo um caso só o engenheiro Carlos Batista Ride, que era um dos nossos professores, e que como era simultaneamente diretor técnico da instituição que eu mais tarde vim a trabalhar, o IMAVE, portanto, teve uma certa influência também na minha deslocação para Lisboa, e, portanto, para ir trabalhar no Ministério da Educação. Portanto, mas teve… porque ele era um conhecedor, na época, para além de ser um engenheiro da rádio, era simultaneamente o engenheiro que tinha contacto com as estruturas da qualidade técnica associada à televisão da época. Esse tal instituto IMAVE inicialmente tinha um misto, tinham câmeras a preto e branco a funcionar com câmaras e a cores. Portanto, havia uma situação de algumas utilizações, a maior parte das câmeras tinham os telecinemas, eram a cores, por exemplo, já tudo que era filmes didáticos etc., tinham a cor como um elemento fundamental e tinham câmeras, algumas, em estúdio, portanto, partilhavam cartões que eram preto e branco, por exemplo, e partilhavam imagens dos professores, de trabalhos manuais ou qualquer outra atividade escolar que se fazia eram feitas com câmera a cor, portanto, conseguia-se ter esse estúdio, que era um estúdio misto na altura eram gravados os programas, portanto havia um sistema de gravação. O sistema de gravação que existia.
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PB — Sr. Magriço, desculpe interromper, só para situar em termos de
PM — Tempo. Estamos em 1972, 73.
PM — 71, 21 anos, ok.
PB— 71. Tinha 21 anos nessa altura. Em 1971 foi quando entrou lá.
PM — Sim, sim.
PB — E nessa altura quando entrou já havia equipamentos a cores.
PM — Já havia equipamento a cores. Só que eram situações de estúdio que tinham um misto. A gravação como sabe era compatível, portanto havia a possibilidade de gravar um sinal se inserir um sinal a preto e branco numa mesa mistura mas que tinha saída de cor, portanto tenha a parametrização adequada para a cor. Era preto e branco, era compatível, e portanto permitia que se gravasse já a cores, portanto as gravações eram feitas a cores.
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PB — Então em 1971 já havia gravadores de fita.
PM — Sim, sim, havia dois formatos básicos. Havia um formato de caráter profissional, mas eram de uma polegada, portanto, já eram formatos, eram baseados numas máquinas de IVC que permitiam através de um enlace numa cabeça rotativa em forma de alfa, portanto a fita entrava por baixo, circundava a cabeça ao tambor e saía no outro plano, portanto fazia uma entrada por baixo e saía por cima, enlaçava até o sistema rotativo e através de uma modulação de frequência modulada eram feitas, os registos magnéticos do conteúdo de vídeo e de áudio.
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PB — A cores.
PM — Já a cor. Portanto o sistema de emissão da RTP ainda não tivesse adaptado para a utilização de emissões a cores, porque os emissores poderiam, teriam que ter características diferenciadas, mas na altura já era possível fazer registos neste sistema de uma polegada e também se fazia outros sistemas em gravação mais evoluída, através de um sistema quadruplex, que eram os sistemas baseados na na produção de bradcasting de qualidade mais elevada e que eram utilizados também já pela RTP. Portanto a RTP já tinha sistemas Quadruplex, a preto e branco ainda. Portanto, ainda não tinha adquirido os módulos que permitissem gravar a cor. E o IMAVE, na altura convertido já em ITE, Instituto de Tecnologia Educativa, já permitia fazer esse tipo de gravação com o burst ou seja, o elemento de sincronização e fase da cor. Portanto, já era possível. Embora toda a emissão e toda a rede de emissão, quer a nível nacional, quer a nível das ilhas, porque a divulgação da telescola ocorreu em simultâneo em Portugal, tivemos até a cobertura quase total. Não havia ainda a cobertura a nível nacional do canal 1, portanto neste caso o canal principal.
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PB — A telescola.
PM — Mas a telescola já chegava às aldeias onde mesmo os canais não permitiam aceder através da transmissão aérea. Portanto, era através de um sistema que eu posso descrever, que foi desenvolvido pela Philips, portanto, um sistema de cartridge, ou seja, eram bobinas sobrepostas, incluídas num compartimento e que permitiam, através da leitura de um gravador permitiam a gravação e a leitura através de um gravador desenvolvido pela Philips para quase de propósito, não diria que foi de propósito, mas foi o primeiro VCR a ser utilizado para dar cobertura a todas as zonas de Portugal que não tinham acesso através da antena aérea da emissão.
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PB — E estamos a falar uma coisa que não era era U-MATIC, nem nada, era outro sistema.
PM — Era ainda um sistema intermédio. Mais tarde começou a haver U-MATIC, mas na na produção da própria incluir-se o formato três quartos de polegada, portanto, de menor qualidade, e, para arquivos e para outras informações que fossem necessárias conservar dentro da estrutura do ensino, na altura, a telescola tinha um espólio bastante elevado de das aulas, das gravações que efetuava nos estúdios da do tal ITE.
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