José Manuel Inácio – Parte 2 de 15

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—Sente que agora terminada a sua carreira houve alguma atividade, alguma função que não desempenhou e gostaria de ter desempenhado?
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—Não, talvez neste momento gostava de estar a fazer rádio outra vez, porque eu fiz rádio durante muito anos e apesar que eu tivesse a responsabilidade da Associação Portuguesa de Radiodifusão e da Federação e mais tarde da Confederação fiz parte também da fundação da Confederação de Meios, nunca abandonei a menina dos meus olhos que era a Rádio Voz de Alenquer. Portanto, normalmente eu tinha sempre o cuidado de dizer a Rádio Voz de Alenquer e não eu José Manuel Inácio porque eu representava a rádio e não eu próprio. E hoje só não estou a fazer programa como uma senhora que foi minha Vice-Presidente aqui na Rádio durante muitos anos que é a doutora Ludovina Simões porque a grelha já estava feita quando nós queriamos e queriamos o mesmo horário que fazíamos o programa, era a quarta feira dez à meia noite e já estava ocupado e só por isso é que talvez só essa.
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—Os conhecimentos escolares que tinha quando entrou na profissão especialmente da rádio e vamos agora focar-nos na rádio, sente que eram adequados às exigências da profissão?
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—Não, tinha noção exata que não eram. As responsabilidade que eu tive, eu tinha a noção exata que não era. Mas eu tive sempre sorte. Como era presidente da Associação ou da Federação normalmente nas reuniões em que estavam os barões da comunicação social eu era o fiel da balança, portanto pendia para um lado ou para o outro portanto eu estava sempre à vontade e aí era uma das coisas que eu conseguia dar a volta ao assunto. Só houve uma vez que eu disse que não tinha conhecimento e fiquei arrependido.
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—Houve uma altura em que no governo de Cavaco Silva foi criado o projeto vida, em representação das rádios nomearam-me para fazer parte do projeto vida.
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—Eu fui a uma reunião e quando chegou a minha vez eu disse “vocês desculpem eu não percebo nada de droga, não sei nada de droga e estou aqui a representar as rádios” e deram-me no final da volta, levei um raspanete. E olhei para o Laborinho Lúcio que era ele na altura que era o presidente do grupo, olhei para ele e disse assim “já nunca mais vou dizer que não, que não sei” E não. E a partir dali arranjei um indivíduo que fosse comigo às reuniões, que era o Manuel Viana que era psicólogo, nessa altura nas cadeias que era diretor salvo erro da parte de psicologia nas cadeias. Disse ele “oh Manel epah passou-se isto, isto e isto” Ai sim? Então eu passo a ir às reuniões contigo. E a partir dali ele ia-me dizendo o que eu havia de dizer, outra vezes dizia : Manel, fala tu”. E nunca mais disse que não sabia portanto foi a única vez que eu senti que não consegui e fui sincero E partir daí nunca mais disse que não a nada?
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—Quando começaram a surgir os primeiros cursos superiores de jornalismo, de comunicação, sentiu algumas mudanças na profissão?
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—Senti. Senti. Eu penso que em relação ao jornalismo de hoje há uma diferença muito grande ao jornalismo anterior. Aliás aquela revista que eu te mostrei, ou seja, esta, “jornalismo” que é do sindicato dos jornalistas, é uma revista que para mim é um documento histórico porque eu bebia muita coisa aqui também porque esta revista dizia precisamente aquilo que eu aprendi no CENJOR. É que o jornalista deve fazer a pergunta e não deve dar a resposta.
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—Hoje nós o que verificamos nas televisões, não tanto na rádio mas mais nas televisões é que o jornalista faz pergunta e dá a resposta não deixa o entrevistado responder e isso foi uma das coisas que eu aprendi no CENJOR, no curso que ele deu aqui e depois noutros cursos que eu ia assistir como coordenador de curso ou coisa do género. Falámos de uma revista de setembro de 1992.

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