José Manuel Inácio

José Manuel Inácio nasceu em Pipa, Concelho de Alenquer, em 1939, uma vida dedicada à rádio. Em 1986, com 47 anos, fundou a Rádio Voz de Alenquer que ainda hoje emite e mantém-se fiel às origens. Foi locutor, e presidente da rádio. Pertenceu à Associação Portuguesa de Radiodifusão, à Associação Europeia de Rádios, ao Instituto das Rádios Locais e organizou o primeiro Congresso de Rádios Locais, em Alenquer no ano de 1990.

José Manuel Inácio foi entrevistado por Maria Margarida Colaço Mendes Gaspar e registado por Paulo Barbosa em Alenquer em 2/12/2017.

Parte 1 de 15

Síntese:

– Origens
– Formação



—o meu nome é Maria Margarida Viana Colaço Mendes Gaspar atual aluna de mestrado de jornalismo na Escola Superior de Comunicação Social em Benfica (Lisboa) estamos em Alenquer no Museu Manuel Severino dos Reis, que é no fundo o museu da Rádio Voz de Alenquer estamos aqui para entrevistar um dos fundadores da rádio o senhor José Manuel Inácio que nos vai contar um pouco de todo o percurso da rádio e também do percurso profissional que ele fez aqui na rádio e esta entrevista irá para o arquivo da memória oral das profissões da comunicação
—Pode dizer-nos por favor seu nome completo? José Manuel Inácio. Havia alguma alcunha pela qual o tratassem, algum nome diferente? Havia.
—Quando eu era miúdo quando nasci, não nasci aqui em Alenquer, nasci numa aldeia. do concelho, na Pipa, mas o meu pai, mas o meu pai quis que eu fosse um menino da vila e registou-me aqui na freguesia de Santo Estevão. Quando nasci pesava muito poucochinho, pesava 5 quilos e duzentas, e a minha mãe teve alguma, para me ter. Naquela altura não havia parteiras eram pessoas curiosas e teve de lá ir um médico e com o médio foi um indivíduo que o meu pai pediu. Naquela altura também não havia automóveis, não havia táxis foi com o médico com uma carroça e quando chegou a Alenquer o pai “Então, o meu filho como é que está?”, “Epah oh senhor Manuel você tem lá um filho que que é um “cacholão” bestial. Tem uma cabeça muito grande.” A partir dali o pessoal começou-me todo a tratar por Zé Manel Cacholão. Depois na minha adolescência eu joguei futebol no Alenquer e Benfica e lá toda a gente me tratava por Zé Manel Cacholão. Praticamente só me deixaram de tratar por Zé Manel Cacholão quando eu vim para a rádio é que começaram a tratar por Zé Manuel Inácio. Porque, não sabiam o meu nome, pensavam que Cacholão era mesmo o meu nome. Portanto, a partir de eu vir para rádio é que começaram a chamar pelo meu nome próprio. E qual é que foi a sua data de nascimento? 12 de Janeiro de 1939. Qual é que é a sua escolaridade, as suas qualificações? As minhas qualificações são muito poucas. Eu frequentei, portanto, fiz a quarta classe, fui trabalhar. Depois de casado, já com filhos fui estudar para Escola Industrial e Comercial de Vila Franca de Xira frequentei o curso Industrial mas não o acabei.
—Fiz um curso de jornalistas aqui na Rádio Voz de Alenquer é praticamente aquilo que eu tenho. E os seus pais, que ocupações é que eles tinham profissionalmente? O meu pai era um indivíduo que naquela altura continha a carroça, alugava a carroça para fazer o transportes quando vinha a fiscalização, naquela altura a fiscalização vinha aos moínhos ver se os moleiros estavam a moer o trigo que estava registado e e outras fiscalizações ao vinho também e o meu pai andava com eles. Por outro lado o meu pai tinha, e a minha mãe, tinham uma taberna que é aqui a 100 metros da sede da Rádio Voz de Alenquer, onde eu fui criado, mas tem uma particularidade engraçada é que eu fui criado dentro de uma taberna e não gosto de nenhuma
—Depois quando tinha e 12 anos o pai meu lembrou sobre uma taberna pra mim lá em lá em baixa na Vila, na parte baixa da Vila, mas eu não gostava daquilo e entretanto fui para a Força Aérea como civil e aí já influenciado talvez pelo bichinho na rádio, queria ir para rádio montador que era para estar ligado aos rádios e saber como é que aquilo funcionava. só que não consegui e fiquei lá como serralheiro.
—Entretanto saí de lá porque era muito bonito estar na força aérea mas recebia muito pouco acabei por vir trabalhar para o Carregado, para uma oficina que era a Carregauto da qual eu era responsável pela parte da mecânica. Convidaram-me para ir para a Ford, fui lá fazer exame mas não quis ficar porque acabava por estagnar, não evoluia e também nessa altura, foi nessa altura que eu comecei a estudar. Já era casado tinha dois filhos, e que eu comecei a estudar em vila franca até às cheias de 67. Quando chegou as cheias de 67 acabei por desistir porque pensei que tinha perdido o ano por faltas, afinal não tinha perdido porque eu nessa altura já estava está com uma bolsa e pensei perdi a bolsa, perdi o ano e vou deixar de estudar e perdi porquê? Porque eu era bombeiro voluntário, fui 25 anos bombeiro voluntário e primeiro que nada estavam os carros dos bombeiros para recuperar e partir daí, deixei de estudar
—E depois, acabou por aparecer a rádio. Na rádio eu devo muito mais à rádio do que a rádio me deve a mim. todo o meu desenvolvimento intelectual posso agradecer à rádio. Tudo aquilo que eu dei não consigo pagar, porque foi aqui, nesta casa e nos bombeiros que eu me fiz homem primeiro nos bombeiros, porque aprendi a ser homem E depois aqui aprendi a desenvolver a minha parte intelectual. Tive pessoas que me ajudaram imenso. O professor Arons de Carvalho que foi meu acessor, e já lá vamos, já vou avançar um bocadinho. Que foi meu acessor ,foi um grande alicerce que eu tive. Doutor Magalhães Mota em direito de comunicação social, não havia melhor em portugal e realmente com eles também acabei por desenvolver e arranjar alguma bagagem. Pode-nos clarificar quem foram essas pessoas em quais a importância delas? E que tiveram no meu desenvolvimento portanto o doutor Arons de Carvalho, que era meu adjunto na Associação Portuguesa de Radiodifusão e o doutor Magalhães Mota, foram pessoas que realmente tinham, tiveram grande influência no meu desenvolvimento intelectual até porque como presidente da Associação Portuguesa de Radiodifusão era responsável quase pelas rádios todas as Portugal e quando tinha que fazer um discurso eu pedia ao Arons, “oh Arons pah, faça-me aí um discurso”
—Ele fazia o discurso e às vezes eu dizia “”Oh Arons desculpe lá mas eu não estou a perceber essa palavra, troque lá isso de forma a eu perceba e então eu dizia “”diga-me lá o que é que você quer quer por?”” O que é que você quer dizer? Eu dizia-lhe mais ou menos e ele lá punha aquilo de forma a que eu pudesse desenvolver aquilo que queria. Na parte de discussão de leis e isso tinha o doutor Magalhães Mota que foi sempre uma pessoa que nos ajudou imenso nas leis rádio, que foi um braço direito muito grande que eu tive. Acabou por nos falar também um pouco sobre o seu percurso profissional de alguma forma. —Foi na taberna que começou a trabalhar?
—Sim. Com que idade? Tinha 12 anos. E nesse percurso que nos falou, falta alguma profissão que tenha tido? Não. Então trabalhou sempre em equipa ou de alguma forma nalguma dessas profissões trabalhou individualmente?
—Não nunca trabalhei individualmente. Mesmo nos anos que fui presidente aqui da rádio ou nos anos que fui da Associação Portuguesa de Radiodifusão da Federação das Rádios Privadas trabalhei sempre com o coletivo. Eu pela minha maneira de ser quando fazia reuniões de direção normalmente convidava todos os órgãos sociais a estarem presentes era uma maneira também de eu estar mais à vontade e tomar decisões que fosse do coletivo e não minhas apesar que por vezes tinha que tomar posições pessoais daquelas coisas que eram inesperadas e que eu tinha que tomar posições pessoais mas normalmente as posições que eu tomava era sempre do coletivo até porque assim eu ia sempre com muito mais bagagem para poder desenvolver as coisas porque já tinha bebido na fonte.

Parte 2 de 15

Síntese:

– A paixão da vida rádio voz de Alenquer
– Formação em rádio



—Sente que agora terminada a sua carreira houve alguma atividade, alguma função que não desempenhou e gostaria de ter desempenhado?
—Não, talvez neste momento gostava de estar a fazer rádio outra vez, porque eu fiz rádio durante muito anos e apesar que eu tivesse a responsabilidade da Associação Portuguesa de Radiodifusão e da Federação e mais tarde da Confederação fiz parte também da fundação da Confederação de Meios, nunca abandonei a menina dos meus olhos que era a Rádio Voz de Alenquer. Portanto, normalmente eu tinha sempre o cuidado de dizer a Rádio Voz de Alenquer e não eu José Manuel Inácio porque eu representava a rádio e não eu próprio. E hoje só não estou a fazer programa como uma senhora que foi minha Vice-Presidente aqui na Rádio durante muitos anos que é a doutora Ludovina Simões porque a grelha já estava feita quando nós queriamos e queriamos o mesmo horário que fazíamos o programa, era a quarta feira dez à meia noite e já estava ocupado e só por isso é que talvez só essa.
—Os conhecimentos escolares que tinha quando entrou na profissão especialmente da rádio e vamos agora focar-nos na rádio, sente que eram adequados às exigências da profissão?
—Não, tinha noção exata que não eram. As responsabilidade que eu tive, eu tinha a noção exata que não era. Mas eu tive sempre sorte. Como era presidente da Associação ou da Federação normalmente nas reuniões em que estavam os barões da comunicação social eu era o fiel da balança, portanto pendia para um lado ou para o outro portanto eu estava sempre à vontade e aí era uma das coisas que eu conseguia dar a volta ao assunto. Só houve uma vez que eu disse que não tinha conhecimento e fiquei arrependido.
—Houve uma altura em que no governo de Cavaco Silva foi criado o projeto vida, em representação das rádios nomearam-me para fazer parte do projeto vida.
—Eu fui a uma reunião e quando chegou a minha vez eu disse “vocês desculpem eu não percebo nada de droga, não sei nada de droga e estou aqui a representar as rádios” e deram-me no final da volta, levei um raspanete. E olhei para o Laborinho Lúcio que era ele na altura que era o presidente do grupo, olhei para ele e disse assim “já nunca mais vou dizer que não, que não sei” E não. E a partir dali arranjei um indivíduo que fosse comigo às reuniões, que era o Manuel Viana que era psicólogo, nessa altura nas cadeias que era diretor salvo erro da parte de psicologia nas cadeias. Disse ele “oh Manel epah passou-se isto, isto e isto” Ai sim? Então eu passo a ir às reuniões contigo. E a partir dali ele ia-me dizendo o que eu havia de dizer, outra vezes dizia : Manel, fala tu”. E nunca mais disse que não sabia portanto foi a única vez que eu senti que não consegui e fui sincero E partir daí nunca mais disse que não a nada?
—Quando começaram a surgir os primeiros cursos superiores de jornalismo, de comunicação, sentiu algumas mudanças na profissão?
—Senti. Senti. Eu penso que em relação ao jornalismo de hoje há uma diferença muito grande ao jornalismo anterior. Aliás aquela revista que eu te mostrei, ou seja, esta, “jornalismo” que é do sindicato dos jornalistas, é uma revista que para mim é um documento histórico porque eu bebia muita coisa aqui também porque esta revista dizia precisamente aquilo que eu aprendi no CENJOR. É que o jornalista deve fazer a pergunta e não deve dar a resposta.
—Hoje nós o que verificamos nas televisões, não tanto na rádio mas mais nas televisões é que o jornalista faz pergunta e dá a resposta não deixa o entrevistado responder e isso foi uma das coisas que eu aprendi no CENJOR, no curso que ele deu aqui e depois noutros cursos que eu ia assistir como coordenador de curso ou coisa do género. Falámos de uma revista de setembro de 1992.

Parte 3 de 15

Síntese:

– A remuneração e o trabalho
– O inicio do rádio pirata de Abrantes
– 1985 inicio rádio pirata de Alenquer
– 1986 primeira emissão
– Financiamento da rádio
– Efeito social da rádio Alenquer
– Os CB´s e os rádio amadores
– Museu Manuel Severino dos Reis



—Sentiu-se materialmente compensado pelo investimento e o esforço desenvolvidos na esfera do trabalho, isto já a nível geral de todas as profissões que teve?
—Não porque eu fiz sempre, eu nunca recebi nada desta rádio. Trabalhei sempre gratuitamente para a rádio Por isso eu digo, tudo aquilo que eu dei à rádio, a rádio deu-me mais a mim e até porque não houve hipótese da rádio me poder pagar. Tudo aquilo que eu dei foi por amor à rádio. E porque é que eu comecei a gostar da rádio? Eu comecei a gostar da rádio nos anos 50, salvo erro.
—Houve um senhor aqui em Alenquer que fez muito pela comunicação social em Alenquer que foi o senhor Renato Leitão Lourenço. Que foi ele que manteve o jornal Nova Verdade atual que é nossa propriedade neste momento. Ele nos anos 50, salvo erro, lembrou-se de montar uma rádio em Alenquer. Naquela altura era perigosíssimo montar uma rádio, mas ele montou aqui na Liga dos Amigos. E montou uma rádio, só que aquela rádio mais ninguém podia ouvir outras emissoras porque aquilo tinha um espalhamento tão grande que cobria todo o espectro radiofónico. Claro que passado uns dias apareceu cá o Instituto da Comunicação Social para fechar a rádio, e fechou.
—Eu era pequenote mas comecei aí a gostar de rádio, comecei a estar, a ir para junto dele ali para o jornal também ajudar, a levar os jornais ao correio, e comecei a gostar da comunicação social. Depois mais tarde nos anos 80 talvez assim em princípio dos anos 70 e 80 havia em portugal os radiosamadores, que ainda hoje há e havia também os rádios CB’s. Os CB’s eram uns rádios que funcionavam a baixo da frequência dos 89 mas que tiveram uma importância muito grande no país, porque, e estou convencido se ainda hoje houvesse se calhar a tragédia que existiu agora nos incêndios se calhar teríamos conseguido fazer alguma coisa que não foi feita. Porque, qual era a nossa missão? Para além de nós falarmos uns com os outros e acompanhar os nossos motoristas que iam para a Europa tínhamos um canal que era o canal nove que era um canal de emergência.
—Quando havia qualquer coisa havia uma chamada geral e nós tentávamos ajudar por exemplo nas cheia do Ribatejo, populações que estavam isoladas mas que havia lá um CB nós conseguíamos alertar os bombeiros, portanto daí é que nasce mais o meu gosto pela rádio e quando no ano de 85 quando na Feira da Ascensão resolvemos montar um lá stand que era o Núcleo CB e Rádioamador de Alenquer que realmente foi um êxito.
—Para além das comunicações que fizemos para todo o Mundo, na altura era primeira ministra em Inglaterra a Margareth, ela, havia uma greve dos mineiros e nós através do morse conseguimos mandar uma mensagem para ela a dizer estávamos quem eramos o que estávamos a fazer e que lhe pediamos para que a greve não fosse, fosse levantada e que chegasse um consenso e não há nenhuma que ela respondeu, ou ela ou alguém da parte dela respondeu-nos. Isso para nós foi um incentivo muito grande, porque chegamos à conclusão que a gente podia fazer mais do que não só aquilo. E daí começou-se a fazer em determinados canais, deixar de fazer, mandar mensagens mas a transmitir música. Claro que o Instituto de Comunicação Social veio logo atrás de nós para apreender os emissores, etc. Mas em Abrantes, um indivíduo chamado Casimiro que infelizmente já morreu, ele e um grupo de Abrantes começaram por montar uma rádio mesmo. Foi a primeira rádio pirata em Portugal, foi a Rádio Clube de Abrantes.
—Em que ano?
—No ano 85, no princípio de 85. Ele montou a rádio, claro que teve que andar a fugir à frente dos fiscais do Instituto de comunicação social. Montavam antenas nas rádios com o emissor dentro dos carros e e tal é uma história realmente engraçada na medida em que eles esforçaram-se para que as rádios piratas começassem. A partir dali quase o pessoal todo que estava no CB começou a imitá-los.
—E daí nós termos aqui, em Alenquer, no ano de 85 naquela Feira da Ascensão, quando chegámos ao fim da feira temos já uma comissão para fundar a Rádio Voz de Alenquer. E quando acabámos nomeou-se uma Comissão, na qual eu estava integrado e pedimos a admissibilidade do nome, nessa altura era a Associação Rádio Voz de Alenquer e começámos a emitir no dia 6 de janeiro de 1986. Foi a nossa primeira emissão e começámos a emitir pelas quatro horas e foi engraçado porque em nós sabia o que era fazer rádio. H—avia realmente um indivíduo que tinha noção e que era um técnico de rádio muito bom que era o Engenheiro Duarte João que era o homem que fez o estudo para a TVI a nível nacional do estudo de espectro. Portanto, foi ele que fez. Era o único que tinha alguns conhecimentos nos iam dizendo. No que é que nós nos baseámos para fazer a primeira emissão? Foi no filme da Menina da Rádio. Foi aí que nós fomos beber alguma coisa portanto, tu já ouviste a nossa primeira emissão e realmente hoje dá-nos vontade de rir quando olhamos para aquilo, a nossa primeira emissão. Mas foi como muita alegria e tivemos muitas chamadas logo. Nessa altura fazíamos, prendíamos a chamada com este aparelho que está aqui.
—Isto era um aparelho que nós tínhamos, púnhamos aqui o telefone ligávamos aqui assim à mesa e depois aqui tínhamos um botão para cortar a chamada quando queríamos. E foi com este aparelho que nós atendíamos as chamadas telefónicas. Mesmo aquilo que nós fazíamos de exterior era sempre este o aparelho que servia para receber as chamadas que vinham de fora, para por os ouvintes depois no ar através das mesas. Como é que foram conseguidos todos esses materiais nos primeiros tempos? Nos primeiros tempos, em princípio nós fizemos uma quotização entre o grupo, e depois foi população do concelho de Alenquer que foi realmente formidável porque aderiu logo de princípio a ajudar a Rádio. Nós tínhamos alguns elementos que fizeram um género de peditório aqui na vila, entretanto as pessoas do concelho começaram também a mandar donativos porque, antes da rádio existir, Alenquer era a vila. O concelho estava afastado da vila e nós através da rádio conseguimos que o concelho, a população do concelho se agregasse à vila.
—Antigamente eles vinham a Alenquer só para pagar as contribuições, e em Alenquer os para eles era “epah agente vai lá deixar o nosso dinheiro”. Através da rádio não, a rádio teve um papel preponderante para que as pessoas se unissem à sede do concelho e assim nós conseguimos fazer muita coisa, comprar muito material comprarmos uma torre que é a maior torre que está na serra de monejunto e equiparmos a rádio muito cedo com material profissional porque em determinada altura chegámos à conclusão que a rádio tinha que evoluir e tínhamos de caminhar Chegámos à conclusão que a rádio tinha que evoluir e temos que caminhar para um profissionalismo daí nós termos a preocupação que os nossos funcionários começassem por ter cursos de formação.
—A APR, era a Associação Portuguesa de Rádiodifusão, fazia cursos de formação, o CENJOR fazia cursos de formação e nós mandávamos o nosso pessoal. A ARIC que é Associalção de Rádios de Inspiração Cristã, que hoje a Rádio Voz de Alenquer tem também a presidência também, também fazia cursos de vendas. Portanto mandávamos os nossos vendedores fazer os cursos porque entendemos que a carolice tinha e tinha de começar na profissionalização apesar que nós fossemos uma rádio pirosa e eu não tinha problema nenhum em que dissessem que a nossa rádio era pirosa, e porquê? Porque nós passávamos música portuguesa. 99,9 era música portuguesa mas nós tínhamos uma vantagem. É que para já quando precisavam de fazer um espetáculo para arranjar dinheiro tínhamos os artistas cá de borla e eles sabiam que nós passávamos a música deles. Por outro lado tínhamos a população connosco- O concelho de Alenquer, nessa altura ainda tinha um, as pessoas ainda tinham na ordem dos 40, 60 por cento das pessoas do concelho de Alenquer não sabiam ler nem escrever. Era muito. Não foi graças a nós, mas as pessoas também evoluíram por elas próprias. mas nós também contribuímos um bocadinho para isso. E as pessoas começaram a entender a rádio como se sejam deles e era engraçado como nós tínhamos que, às vezes um funcionário que se ia embora ou que nós queríamos mandar embora porque tinha havido qualquer problema, tínhamos dificuldade.
—Porque as pessoas vinham aqui para a porta reclamar porque é que mandámos o funcionário embora? E eu lá tentava explicar às pessoas “olha, for por isto, por aquilo e por aqueloutro”. Uns entendiam, outros não, mas a verdade é que agente também tinha que às vezes melhorar. Isto quer dizer que, a Rádio em Alenquer foi feita praticamente, criado por seis pessoas, mas a população cedo aderiu para que rádio fosse uma realidade. Quem são essas seis pessoas? Essas seis pessoas, fui eu, portanto, foi o senhor Augusto Gonçalves, que infelizmente já faleceu. Foi o Duarte João, foi o Henrique Selerino, foi o José Paulo Garcez e o Mário Catarino. Fomos nós que formámos a rádio. O senhor Augusto Gonçalves era radioamador e o Duarte João também era radioamador e nós os outros eramos todos CB’s. Portanto foi daí que nasceu a Rádio Voz de Alenquer.
—Pode clarificar o que quer dizer com CB? O que é que são os CB’s?
—Os CB’s eram rádios que nós podíamos ter, nessa altura, não era preciso licença, nem era preciso registar, qualquer pessoa poderia ter. Nós comprávamos no mercado. E que depois ela trabalhava abaixo da freqüência dos 87, que mais tarde depois foi reduzida por causa das comunicações aéreas, e que nós aproveitávamos para fazer aquele trabalho que eu à um bocadinho referi. Portanto, para ajudar os camionistas. Serviu para nós na altura das cheias do Ribatejo estarmos em contacto com as pessoas isoladas e ajudá-las a resolver os problemas, quando havia acidentes, e contactávamos uns com os outros. Fazíamos contextos internacionais quer era, o contexto era conseguirmos que vários países do mundo aderissem a falar connosco, era isso que era o CB. Qual é que foi a papel do senhor que dá nome a este Museu, o senhor Manuel Severino dos Reis? O Manuel Severino foi um homem que cedo também, ele não tinha conhecimento nenhum de rádio, cedo aderiu à rádio. E quando ele aderiu à rádio, aos poucos, primeiro na direção depois começou a fazer… O Engenheiro Duarte João ensinou-lhe a trabalhar com a mesa de mistura porque naquela altura a mesa mistura de mistura é agora no sítio onde está a transmissão para a Internet. Estava ali, tínhamos o técnico cá fora, ele é que, praticamente era ele que mandava tudo aquilo que se passava lá dentro que ele quando queria cortava e há coisas engraçadas que se passaram com ele e foi um homem que deu muito esta casa. Porque, porque nós em determinada altura tínhamos aqui perto de 50 miúdos, e foi uma altura em Alenquer, apesar que nós tivéssemos um bocadinho afastados de Lisboa, mas já existia uma rede de droga muito grande.
—E nós tivemos a preocupação de os trazer para aqui e hoje orgulhamo-nos de olhar para alguns deles e ver que eles são homens que nós conseguimos tirá-los e chegámos a ser perseguidos pelos vendedores que vinham aí, tanto eu como a doutora Ludovina Simões e os outros diretores mais nós que estávamos mais em contacto com eles, e foi muito bom porque alguns deles hoje tratam-se quase tanto a mim como à doutora Ludovina Simões como pais. Aliás já tivemos a honra de um deles num espetáculo da rádio, dizer que o pai dele que os pais dele era eu e a doutora Ludovina. Porque o pai não lhe dava, não lhe deu o apoio que nós damos.
—Isso deve-se à rádio. E foi um momento muito bom, porque eles passaram aqui, eu cheguei a levá-los comigo para discoteca, ia com eles, porque era um papel que era preciso dar apoio e ao mesmo tempo eles também colaboravam aqui também trabalhavam e a rádio tem esta coisa é, quando consegue, a rádio consegue entusiasmar as pessoas num projeto quando as pessoas aderem. E foi muito bom nós termos aqui aqueles miúdos todos, alguns deles ainda cá estão neste momento temos aí dois na direcção, que foram miúdos que passaram cá, outros ainda estão aí a fazer programa, que realmente foi muito bom e isso, é isso nos paga, é isso que nos paga o trabalho que nós tivemos, porque quando nós olhamos para trás dizemos assim “mereceu a pena todo o esforço.
—Eu tenho uma passagem com a minha mulher que ela dizia “pah, mas afinal como é que é, tu chegas a casa às duas três da manhã como é que é? Não pode ser, isto e mais não sei quê”. E um dia ela estava mesmo zangada comigo. E eu disse lhe a ela, não lhe disse nada, ela começou a mandar vir comigo e eu voltei-me para o lado, adormeci e comecei a ressonar. E ela ficou pior que barata comigo porque eu não lhe passei cartão nenhum àquilo que ela me estava a dizer. No outro dia, ela trabalhava na segurança social foi dizer às colegas, as colegas ainda mais a gozaram. Porque “ah deixa lá estar o homem, que ele está bem, deixa lá estar, ele está a fazer um bom trabalho. Deixa-o estar lá. Mas pronto, os meus filhos sofreram com isso porque eu também não lhes dei o apoio que devia de dar apesar que o Nuno hoje é o presidente da rádio, sempre teve o gosto pela rádio, desde o primeiro dia foi o locutor mais jovem na altura.
—Só para clarificar, fala do seu filho.
—Sim, o Nuno, que é hoje o presidente da ARIC também. Esteve aqui no primeiro dia, esse também foi um dos prejudicados porque eu não lhes dei apoio. Dava mais apoio aqui dentro do que dava em casa. Porque em casa era impossível mas tudo isso mereceu a pena porque quando nós olhamos para traz e que sabemos de várias história, aliás, nós temos aí vários estudos feitos. por pessoas que apresentaram a uma psicóloga salvo erro, parece-me que era psicóloga fez um estudo para o mestrado dela também,temos aí mais vários estudos de mestrado. Quando nós vamos ler aquilo realmente ficamos contentes, porque dizemos mereceu eu a pena fazermos uma rádio pirata. Mas hoje ainda nos orgulhamos mais. É que nós quando olhamos para as televisões, elas hoje fazem aquilo que nós fazíamos elas hoje fazem aquilo que nós fazemos em 1987/88 ,fazem precisamente igual eu Eles diziam que nós éramos uma rádio pirosa, púnhamos as pessoas no ar ,fazíamos concursos. As televisões fazem isso. Não sei se copiaram por nós. Sim isso é uma paródia porque antes das televisões tem lá aqueles números fixos já eles nos tinham oferecido aqui também só que nós não quisemos.
—Nós preferimos por exemplo ter aqui um programa de discos pedidos em que as pessoas, na altura davam, 10€, salvo erro, para passar um disco. Equando chegávamos ao fim do programa tínhamos umas massas que ajudam ao fim do do mês apagar um ordenado a uma funcionária. E hoje em dia ainda é assim? Hoje em dia há muita gente ainda a ajudar a rádio, em especial os emigrantes quando cá vêm no verão vêm visitar a rádio. e normalmente deixam. E quando é preciso alguma coisa, eu tenho a certeza se nós abrirmos ali o microfone e dissermos que precisamos de dinheiro para isto ou para aquilo, que o dinheiro aparece. Porque a rádio, fazer rádio é fácil, mas nós não temos de fazer rádio para nós, nós temos que fazer rádio para aqueles que estão do outro lado. para o gosto deles. Eu para fazer rádio para mim faço em casa, passo a música que eu quero. Eu posso passar aqui música que não gosto. Ainda há dias, eu estava nas termas e houve um artista um cantor da nossa praça muito conhecido telefonou-me Oh Zé Manel a tua o rádio está a passar isto” e “isto”…. isto não é digno de passar na tua rádio. Epah não acredito. Telefonei logo ao o meu filho: “epah o que é que se passa? Estás a passar na rádio? Opah isso não pode ser, mas eu amanhã já vou saber. Entretanto ele lá foi saber o que era e pronto não é censura mas há coisas que nós não podemos passar porque a nossa rádio manteve sempre um nível de, portanto, não passar palavras obscenas seja a que título for. e aquilo era uma introdução de uma música de um disco que havia aí ou de um CD que tinha uma série de palavras obscenas. E ele por acaso fez muito bem em telefonar-me, porque a partir daí o CD não vai passar. Não é fazer censura mas é manter-mos uma linguagem de forma a que toda gente porque se calhar eu até gosto de ouvir a verdade, pois a verdade é que aquilo por muito muita gente é uma ofensa e não devemos de passar. Portanto, temos que fazer rádio para aqueles que estão do outro lado e assim nós temos as pessoas connosco.

Parte 4 de 15

Síntese:

– A relação com a camara municipal
– A recusa em ser retransmissor da informação da TSF
– Associação europeia de rádios
– Os jornalistas vigiados e as pressões do poder



—A rádio tinha e/ou ainda tem apoio da autarquia local?
—Tem assim um apoiozito, mas não muito, não muito, a Câmara de Alenquer teve sempre um defeito muito grande eu até compreendo porquê. Nunca foi uma Câmara que apoiasse a rádio muito. Até mesmo a nível de notícias nós por exemplo entendíamos que a câmara, devia, tinha a obrigação de fazer isso, de nos transmitir a agenda do Presidente quando por exemplo durante as sessões de Câmara, dar-nos o edital da sessão para depois nós podermos trabalhá-lo, e não. Mas em contrapartida nós tínhamos um programa, que era o meu programa que tínhamos uma rubrica que era o Tio Rezinga, que era um senhor que era o Virgílio Morais, que fazia essa… E corríamos o concelho de Alenquer à procura as coisas que estavam mal. E então no programa, o Tio Rezinga, rezingava a dizer “Senhor Presidente, isto está mal aquilo está mal, a população não está contente com isto, com aquilo. De tal forma que o Presidente acabou por por um assessor a ouvir o programa todas as quartas feiras para saber aquilo que nós dizíamos. Mas a verdade é que resolvemos algumas coisas. Eu durante a semana dava uma volta pelo concelho, ao Sábado, dava uma volta pelo concelho com ele, à procura dessas coisas, outras chegavam-nos e aquilo que estava mal, agente, e eles ficavam assim um pouco… As outras Câmaras vizinhas, essas tinham gabinetes de imprensa que nos faziam chegar as notícias porque as rádios locais tiveram sempre dificuldade na informação. Porque a informação é uma das coisas que custa muito dinheiro à rádio. Ter um jornalista a tempo inteiro, um jornalista só não chega para fazer a cobertura de um concelho como o concelho de Alenquer e não só. E é muito cara. Portanto nós precisávamos que as notícias chegassem também, ou que nos dissessem olha vai acontecer isto ou vai acontecer aquilo, Isso ainda hoje acontece com esta Câmara. Eles não nos dizem se nós não formos à procura. Também é verdade que o jornalista deve ir à procura mas isso é para as grandes rádios. Eu por exemplo a nível de transmissão de noticiários, o Emídio Rangel por exemplo com a TSF, ele em determinada altura queria que nós entrássemos na cadeia de rádios da TSF e quando nós fizemos aqui em Alenquer o primeiro Congresso de rádios locais ele era meu Vice-presidente na Associação Portuguesa de Radiodifusão e eu vinha com ele e com o Arons de Carvalho e diz-me ele assim Oh Zé Manel, epah, porque é que vocês não passam o noticiário da TSF? Eu não, isso é o que você queria, eu vou passar um noticiário da TSF, os meus ouvintes depois ficam lá. Não, os meus ouvintes se quiserem ouvir as minhas notícia ficam na minha rádio. Se eles quiserem ouvir as suas vai a sua rádio e ouve, e depois volta para a minha. Eu quero é que eles estejam comigo. Epah agradeço imenso mas não passo”. Porque houve uma altura em que a TSF queria apanhar as rádios todas e esta aqui interessava-lhe imenso, mas eu não estava, nem eu nem os, quando digo eu falo no coletivo dos órgãos sociais, não estávamos interessados nisso. Por acaso, depois ainda tive uma outra passagem com ele que ele ficou um bocado aborrecido comigo foi na fundação da Associação Europeia de Rádios. Nós, a rádio de Alenquer, assinou em representação de Portugal, a fundação da Associação Europeia de Rádios. E é engraçado como é que a gente aparece na Associação Europeia de Rádios.
—Só aqui para contextualizar que o primeiro Congresso de Rádios Locais, e já vamos especificar, foi 1990 e esta fundação da Associação Europeia de Rádios foi em 1992.
—Como é que a gente aparece? Foi simples. Há o espírito de jornalista e a gente tem que ir à procura por vezes. Há um bocadinho eu disse que as notícias têm que vir mas nós temos que ir à procura também e conseguimos saber que vinha um espanhol que era jornalista e que estava à frente da comissão para fundar a Associação Europeia de Rádios, que vinha Portugal ter uma reunião com a Renascença para a ARIC ser a representante de Portugal. Ora a ARIC era uma associação com menos sócios do que a Associação Portuguesa de Radiodifusão. Porque nós na altura, das 350 rádios tínhamos 325 que eram nossas associadas e algumas das nossas associadas eram associadas também. O exemplo aqui Rádio Voz de Alenquer também éramos associados da ARIC. E então o que é que fizemos? Soubemos que ele vinha, conseguimos saber o voo em que ele vinha e fomos para o aeroporto com o nome do senhor, com um cartaz, à espera que o senhor chegasse. Quando o senhor chegou viu o cartaz com o nome dele dirigiu-se a nós. Nós falamos com ele e dissemos “olhe nós a Associação Portuguesa de Radiodifusão soubemos que o senhor vinha a Portugal e viemos aqui para lhe dar o apoio que o senhor tenha, que o senhor necessite. E ele assim “Ah mas eu venho a convite da Renascença mas não está aqui ninguém” “Não, mas nós soubemos e como elementos da radiodifusão estamos aqui para lhe dar apoio. O senhor para que hotel é que vai? Ele lá nos disse o hotel, nós transportámos o hotel e convidámos para o senhor ir almoçar. Fomos almoçar ao estádio do Restelo. Naquela altura o restaurante era um restaurante panorâmico muito bonito e levámos o senhor lá. Claro que a conversa toda catequizar o senhor para que a Associação Portuguesa de Radiodifusão fosse a fundadora daAssociação Europeia de Rádios. Quando o senhor chegou à reunião com a Renascença e com a ARIC já sabia que havia uma associação mais importante. Daí nós sermos um dos fundadores da Associação Europeia de Rádios. Isto foi o espírito de procura, que é necessário que haja num jornalista, que nos fez isso. Pronto, fomos um bocado atrevidos, aparecer lá com um cartaz à procura do senhor mas resultou.
—E que efeitos é que teve essa, esse papel que a rádio teve na altura? Na Associação Europeia de Radiodifusão?
—A Associação Europeia de Radiodifusão, eu falei isto por causa do Emídio Rangel, ele tinha ficado, ficou um bocado aborrecido comigo nessa altura porque ele queria ser o elemento da Associação Portuguesa de Radiodifusão a ir lá assinar o protocolo, assinar a ata da fundação. E eu em conjunto com os outros elementos da direção da APR, eu propus aos outros elementos que não fosse ele. Porque os interesses da TSF não era uma rádio local. E naquela altura já se procurava que as grandes rádios começassem a comprar as as rádios locais. Foi no ano que começou e a TSF era uma delas. Queria comprar, tinha já a sua cadeia de rádios e queria comprar as rádios. E daí, nós fomos a votação e o Emídio Rangel perdeu. Foi um senhor representante da Rádio Clube Marinhense, o doutor Vitor Hugo Beltrão, que foi, portanto, a Bruxelas em representação das rádios à primeira sessão. Depois quando foi da assinatura já foi o secretário geral da associação é que lá em foi minha representação assinar a fundação tanto que aparece na ata, fundadores em representação da Associação Portuguesa de Radiodifusão, o meu nome e a Rádio Voz de Alenquer. A Associação Europeia de Rádios, nessa altura havia necessidade em que as rádios se juntassem para junto da União Europeia, começasse a acertar as leis a nível da Europa. Aí, naquela Associação estavam rádios privadas e estavam também rádios oficiais e então praticamente todos os países que estavam na Unidade Europeia E nessa altura começou-se a fazer o livro branco, o livro branco da Comunicação Social, porque havia necessidade realmente de fazer. Nós mantivemo-nos lá pelo menos enquanto eu tive como Presidente da Associação Portuguesa de Radiodifusão, tivemos lá sempre um representante que ia às reuniões e quando eu saí continuou a ir, apesar que era preciso que eu o chamasse para ele nos dizer o que é que se passava porque ele na altura trabalhava na Rádio Nova foi quando apareceu as rádios regionais, isso foi outra guerra. As rádios regionais, foi a Correio da Manhã e a Rádio Nova, ele trabalhava na Rádio Nova E aí ele depois continuou e depois agora não sei se ainda existe, se já não existe, não sei.
—Pode só clarificar o que é o livro branco?
—O livro branco era, era um livro que era para ser apresentado ao Parlamento Europeu, em que se dava diretrizes para os deputados poderem estudar sobre como é que devia de funcionar as rádios a nível da Europa. Aliás, neste manual dos jornalistas e a Europa, temos aqui praticamente alguma documentação que foi lá foi discutida. Por exemplo aqui, as politicas de ajuda à imprensa, os limites do mercado único, nesta altura foi os limites de rádio e isso conseguiu-se que a lei da rádio não deixasse cada proprietário ter mais que três rádios, que era a lei da concentração. Temos aqui o acesso à profissão à procura de um modelo, temos o maastricht do jornalismo e ainda temos aqui um outro que para mim é o mais importante deles todos. Aqui por exemplo temos aqui um artigo do jornal francês “Le Figaro”. Por acaso o Sindicato dos Jornalistas foi feliz nesta altura porque foi precisamente na altura indicada. O manifesto para uma cultura democrática dos média. E tinha aqui uma coisa também que ainda hoje acontece que era os jornalistas vigiados. Que é a pressão que por vezes fazem sobre os jornalistas para que a notícia seja aquela. Aliás, eu que não tenho, não tinha grande poder e representava as rádios, muita vez fui pressionado pelo poder político para por as rádios ao serviço do poder político, só que eu dizia “Não, eu não nas rádios, as rádios são livres de fazer aquilo que querem, eu não posso dizer à rádio para ir passar isto ou aquilo, a rádio faz aquilo que quer, na Rádio Voz de Alenquer nem eu próprio apesar de seja Presidente posso lá chegar e dizer eu quero isto porque eu tenho lá outros elementos, só discutindo com eles”. As rádios é que têm de ter mas muitas vezes cheguei a ter um ministro de um lado e um secretário de estado do outro, uma noite inteira num jantar a dizer-me “Epah você vai fazer campanha com as rádios por nós e mais não sei quê”. Isto é o jornalismo vigiado, era tirar a possibilidade de ser um jornalismo democrático.

Parte 5 de 15

Síntese:

– Quem tem e quem não tem ordenado?
– Retransmissão de Programas da ONU
– A evolução profissional de antigos colaboradores
– A união da rádio com o jornal local
– O financiamento do jornal
– Funcionários em 2017 da rádio e jornal
– A emissão na internet
– O poder da rádio



— Entre trabalho e isto, porque isto era sempre um part-time.
—Não, nem era part-time era mais um hobbie porque eu não recebia dinheiro nenhum daqui. Eu nunca recebi dinheiro da Rádio Voz de Alenquer, pelo contrário ainda tem que cá ver algum, mas isso seja o que Deus quiser, é preciso é que ela funcione. Mas isso, era…
—De todas as pessoas que trabalhavam aqui e que tinham programas e que pertenciam à direção, portanto vocês não eram empregados? Os elementos da direção, os elementos dos corpos sociais, ninguém recebia dinheiro aqui. Elementos que faziam programas, muito poucos recebiam dinheiro. Só havia um programa que nós pagávamos, tínhamos era funcionários. Nós chegamos a ter aqui doze funcionários, desde secretaria a locutores portanto animadores, jornalistas, isso pagávamos. Aproveitávamos muito aqueles, os estagiários, tivemos aqui vários estagiários. Hoje orgulhamo-nos quando olhamos para a televisão ver alguns aí na televisão, na RTP e na TVI e temos alguns, temos um diretor de informação da Rádio Comercial que fez aqui, foi criado aqui connosco temos várias vários jornalistas que são bons profissionais e que nós nós. Temos vários jornalistas que hoje são bons profissionais e que nós nos orgulhamos porque eles praticamente nasceram aqui dentro. De que pessoas é que estamos a falar? O Nuno Matos, por exemplo, da Rádio Comercial. Estamos a falar, do Sérgio Vicente da RTP. Estamos a falar deste, que era aquele que eu devia ter mais na memória porque ele um dia faltou-me a uma transmissão de uma festa importante aqui em Alenquer e tive que eu a fazer. Ele apareceu no fim e eu disse-lhe que já não precisava dele, e acabou por se ir embora, que era, que hoje faz salvo erro o Hóquei em Patins na TVI. O Bruno Ferreira. Mas tivemos aqui, ora, oito, doze funcionários. Um, dois, quatro, cinco, quinze! Chegámos a ter aqui quinze funcionários. Tínhamos vendedoras e tínhamos animadoras e depois tínhamos colaboradores, e tivemos aqui, até um colaborador que também era formadora, que dava os cursos na APR e no CENJOR que era o Manuel Lajes, que foi, adjunto salvo erro para a imprensa no tempo do Presidente Mário Soares, foi adjunto dele e depois esteve na ONU como representante de Portugal para a Comunicação Social, e esta rádio, devemos ter aí muitas cassetes, transmitiu durante alguns anos programas da ONU, porque tínhamos essa vantagem de ele nos mandar para cá os programas gravados em cassete, ainda deve de haver por aí algumas. Umas a gente aproveitávamos porque depois precisávamos delas para a publicidade que ainda era em cassete.
—Atualmente que funcionários a tempo inteiro é que a rádio tem?
“—Neste momento temos muito pouco. Houve uma descida muito grande de publicidade e a publicidade é a base desta casa porque é o único sítio onde ela vai buscar dinheiro. Temos o jornal, que comprámos o Jornal Nova Verdade, estava com grandes dificuldades, o senhor que comprou o jornal não estava vocacionado para ter o jornal e nós decidimos comprar o jornal. Custou-nos o jornal na altura sete mil e quinhentos escudos, em 2001. Comprámos o jornal e temos mantido até agora foi por, chegamos à conclusão, concentrando os dois meios na mesma, na mesma casa que era mais fácil tanto para uma como para outra, eles podiam-se ajudar. E neste momento o jornal também mais ou menos paga-se a ele porque temos o jornal, os nossos emigrantes são assinantes temos muitos,muitos assinantes, dois mil e tal assinantes. E há uma particularidade engraçada, eu tenho um neto que faz parte de uma organização de voluntários que esteve agora na Guiné e espanto dele quando chega lá foi visitar uma rádio porque em determinada altura a Renascença tinha, O bispo da Guiné pediu à Renascença para dois indivíduos virem da Guiné fazer um curso de rádio à Renascença, e a Renascença pensou que, e muito bem, que a realidade deles não era a realidade da Guiné. E então o Engenheiro Magalhães Crespo, que era o Presidente do Conselho de Administração com quem eu me dava muito bem, ele telefonou-me e disse “”Oh Zé Manel e tal, pode passar por aqui?”” Está bem. Passei por lá “”Epah vocês podiam, tenho dois indivíduos que vêm da Guiné cá fazer um curso pah mas isto aqui não é a realidade deles não é esta, você não podia dar-lhes o curso lá em Alenquer?””, “”Oh Engenheiro isso… então e como é que é? A nível de estadia dos homens, pagamento dos homens?””, “”Opah a gente divide isso a meias”” Digo assim “”Então mas a gente não tem meios para fazer isso”” Depois cheguei aqui à direção propus à direção, a direção: “”Está bem a gente paga a estadia deles, arranjamos aí maneiras deles dormirem e eles pagam a alimentação.”” E assim foi, tivemos cá os indivíduos a fazer estágio e agora o meu neto foi lá visitar a rádio e quando ele lá chegou viu o jornal de Alenquer em cima da mesa. E então eles recebem o jornal, ficam todos contentes porque pensam que a Nova Verdade que é um jornal tem, que é um jornal nacional, é o único jornal nacional que eles recebem e então têm lá aquilo como uma relíquia guardadinho em cima da mesa para as pessoas que vão lá verem o jornal. E foi agora um destes últimos jornais que saiu que eles lá tinham. Foi de tal forma que um dos formandos nasceu-lhe um filho e ele deu o nome do filho a um locutor aqui, que era um locutor aqui da rádio que foi padrinho, que foi o Filipe. O Filipe foi padrinho do miúdo. O Filipe Loureiro. Isto a respeito do jornal, portanto foi uma compra que nós fizemos, aliás houve outras rádios depois a seguir. Na altura era presidente da AIND, que era Associação da Imprensa Não Diária, que era o João Palmeiro e quando eu lhe disse “”Epah, a partir de agora sou seu associado, vou-lhe fazer concorrência pah, eu quero os tachos todos pah agora quero mim para agora quero também presidente da Associação”” E diz ele assim: “”Ah ainda bem que você vem para cá!”” Sim, venho para cá mas é para reguilar que eu quero apoios, porque na altura em que se conseguiu que as rádios, que a Comunicação Social tivesse algum apoio. Houve apoio nesses anos mais ou menos. E ele ficou todo contente e disse “”Epah boa ideia, você teve uma ideia bestial””, “”Não fui eu, foi lá o pessoal da direção é que, é que resolveu””. E pronto e comprámos o jornal, e estamos contentes em ter o jornal e a rádio, só que o Frederico fica, o Frederico é o jornalista, fica mais, faz as notícias para um lado, faz as notícias para o outro. Frederico Ferreira. “
—Então para além do jornalista Frederico Ferreira, quem mais atempo inteiro é que a rádio tem?
—A tempo inteiro temos na secretaria duas moças, portanto a Cristina Cruz e temos a Carla Mendes. Temos no exterior nas vendas temos a Cristina Inácio. Termos ainda a fazer programa, portanto temos outro a fazer programa a tempo inteiro. Ah a moça de Cabanas de Torres a Flávia Ramalho, são os que temos a tempo inteiro, depois temos alguns em part-time, que são locutores que, bons locutores e que, bons animadores. Há ai um deles que transmite através da internet e põe as pessoas todas. A internet foi também uma das grande coisas que nós aderimos logo desde o início. A Associação Portuguesa de Radiodifusão fez um protocolo com a PT em que as rádios tinham desconto. As rádios nem pagavam nada nas telecomunicações porque aquilo era troca à publicidade, só que a PT nunca fez publicidade, a gente nunca cobrou, ou eles nunca nos cobraram nada. Até determinada altura, depois quando foi vendida acabou o protocolo E nessa altura aproveitámos a Internet também e foi com os apoios já do Instituto de Comunicação Social que nós aproveitámos os apoios e viu-se ainda esta noite as pessoas do Canadá, da França da Bélgica, da Suíça, a dizer que estavam contentes por estarem a ver o que estava a passar na terra deles. Mas a rádio ainda tem um outro, um outro valor que as pessoas às vezes desconhecem, é que a rádio consegue ajudar as pessoas. Nós, aqui a Rádio Voz de Alenquer, temos feito algum trabalho do género de darmos apoio às pessoas que estão sozinhas durante a noite. As pessoas sentem-se sozinhas a companhia delas e rádio, de tal forma que está agora fazer anos, no dia de Natal, eu estava aqui em baixo, há um senhor que toca à campainha e diz-me ele assim “O senhor é o senhor José Manel?”, “Sou”, “Olhe venho aqui trazer o menino Jesus”. Eu fiquei assim a olhar para o homem e abri o envelope, e o senhor trazia lá cem escudos. E eu digo assim “Ai muito obrigado e tal” Mas fiquei assim a olhar para o homem, a pensar assim, “este dinheiro faz falta a este senhor”. E diz-me ele assim” É pouco?”, “Não, é muito”. “Sabe, eu vivo numa cabana, ali ao fim da pista da Ota, a minha única companhia são vocês, vocês é que são a minha família. Está aqui o meu presente de Natal!” É isso que paga o nosso trabalho. Para além disso há outras, nós tivemos aqui locutores que receberam testamentos. Tivemos dois locutores que receberam testamentos e porquê? Porque eles era as únicas companhias, eram pessoas que estavam abandonadas pela família e durante a noite as pessoas só tinham a Rádio Voz de Alenquer a acompanhar e então quando já no final, fizeram um tratamento ao locutor, ao Rogério Justino e fizeram à Graça Silva. E isto é o poder da rádio. É a transmissão que a rádio faz, a companhia que a rádio faz às pessoas, aquilo que a televisão, a gente sabe que a televisão é uma coisa muito grande mas há sítios que a televisão ainda não vai e há pessoas que ainda não têm televisão. Mas a rádio chega lá. E eles, daí eu ter dito que as pessoas, a rádio é delas, não é nossa, não é dos cooperantes da Cooperativa, é dela. Elas é que são as donas da rádio. É isto que me fez a mim lutar pela Rádio Voz de Alenquer, continuar a lutar pela Rádio Voz de Alenquer. É isto que faz com que o meu filho hoje e mais os elementos da direção e dos corpos sociais continuem a lutar pela Rádio Voz de Alenquer. Se nós quiséssemos vender a Rádio Voz de Alenquer já tínhamos vendido, desde os chineses a outras rádios. Porque nós, eu não gosto de utilizar a palavra orgulhoso, mas sinto-me orgulhoso quando vamos ver as audiências. Nós somos a rádio local mais ouvida no distrito de Lisboa, isto dito pela Marktest neste último estudo. Isto quer dizer que a gente está a fazer aquilo que as pessoas querem, e se as pessoas querem a gente só tem que lhe dar. A gente é que tem que dar às pessoas e não as pessoas darem-nos a nós. As pessoas dão-nos a nós quando nós precisamos.

Parte 6 de 15

Síntese:

– Audiência da rádio voz de Alenquer
– Como vendem publicidade
– Os relatos desportivos



—Esses estudos também dão conhecer a faixa etária que ouve a rádio?
—Em determinada altura nós tivemos uma taxa etária muito alta neste momento penso que não. O estudo não nos indica isso, até porque nós não temos dinheiro para pagar o estudo. Nós conseguimos saber o que é que se passa no estudo, isso foi sempre, conseguimos sempre saber. Enquanto eu estive na Associação Portuguesa de Radiodifusão tinha acesso aos estudos de outras rádios que compravam, e agora o Nuno tem acesso através da ARIC aos estudos. Portanto nós não temos dinheiro para pagar à Marktest para fazer um estudo, porque um estudo de audiência custa muito dinheiro e nós não temos a possibilidade.
—Deixa-me só fazer uma pergunta, é o seguinte, se vocês não têm a quantidade nem o tipo de pessoa que vos ouve como é vocês vendem publicidade e a que preço é que a vendem? Como é que vocês oferecem ao Sr. que está a pagar a dizer nós somos, temos esta audiência, se não a conhecem como é que negoceiam então esses preços?
—Nós negociamos, para já a nossa rádio é a rádio que tem a publicidade mais cara aqui na volta aqui no distrito praticamente e não baixamos, não, portanto não vai, apesar que a gente precise de dinheiro, não baixamos a publicidade. Nós temos aí assim uma empresa que faz publicidade há muitos anos e várias vezes eles dizem Nós vamos desistir vocês são, não fazem só aqui na rádio fazem numa série de rádios aqui à volta… Vocês são a rádio que fazem mais caro, e a gente perguntamos, Você tem retorno? Ah nós temos muita gente lá do concelho Então, se tem retorno é sinal que nós estamos a servi-lo. Quando vamos a um cliente desconhecido portanto, a vendedora tenta-lhe dar… Em tempos nós chegámos a fazer uma revistazinha onde tínhamos a apresentação dos programas e que dávamos às pessoas mas depois como o dinheiro começou a escassear acabámos por ser a vendedora a dizer o que é a rádio, a dizer realmente que a rádio tem audiência e são as próprias pessoas que depois se interessam e que fazem publicidade. Porque nós até não utilizamos muito e a Flávia sabe, nós não utilizamos muito a dizer que somos rádio mais ouvida. Publicamos no nosso jornal, a dizer sim senhora somos a rádio mais ouvida, mas aqui na antena não dizemos. Procuramos que a pessoa se interesse pelo seu produto e depois tentamos saber se a pessoa tem retorno. Se a pessoa tiver retorno é sinal que as pessoas ouvem e que vão lá comprar e as pessoas apostam.
—E os valores da publicidade?
—Epah neste momento não sei, não sei qual é.
—Mas vocês têm uma tabela de preços que dependo do dia da semana, depende da hora, como é que fazem?
—Nós temos uma tabela de preços que é generalista depois temos é vários, por exemplo quer patrocinar um programa, paga mais Se a pessoa quer fazer um spot mais pequeno paga menos. Portanto, essa tabela está feita e em relação horas, não temos, não vamos à procura do horário nobre, procuramos sim que a tabela seja generalista porque a nós interessa-nos apanhar o mais possível- No desporto, porque nós fazemos o desporto, portanto, acompanhamos aqui o Alenquer e Benfica no hóquei em patins, acompanhamos a Associação Desportiva do Carregado no futebol e acompanhamos o União Vilafranquense. E porquê o União Vilafranquense que já não pertence ao nosso concelho? Foram eles que vieram ter connosco se nós os acompanhávamos e aí nós utilizámos uma habilidade Dissemos sim senhor nós acompanhamos se vocês arranjarem patrocínios, se vocês arranjarem patrocínios nós fazemos a transmissão dos vossos relatos. E assim foi, o União Vilafranquense comprometeu-se connosco a arranjar publicidade, nós vamos. Aqui em Alenquer e no Carregado somos nós que procuramos. Temos algumas empresas que são fixas, ah e acompanhamos ainda o Benfica e Sporting em Lisboa. Temos linhas diretas lá, hoje quase já não se utilizam porque hoje já há meios técnicos que não precisamos de utilizar a as linhas mas temos, antigamente éramos nós pagávamos mas agora já era o Benfica o Sporting que nos oferecia e quando nós não íamos já perguntavam o que se passava porque nós não aparecíamos. Eu por acaso nunca fui muito de apologista de fazer o Benfica e Sporting porque eu entendia que isso era mais para as rádios nacionais mas por outro lado como os nossos locutores, os nossos comentaristas, não recebem dinheiro fazem tudo gratuitamente acho que é um rebuçado que nós lhes damos, eles irem ver os jogos da equipe da primeira divisão do Sporting e Benfica a Lisboa e fazem o trabalho deles. e temos um auditório e e aliás as somos respeitados pelas rádios nacionais lá que já nos conhecem que somos respeitados e até pelo próprios clubes.
—Tem noção o número de pessoas que colaboram com a rádio sem receber dinheiro?
—Epah eu papel neste momento não tenho essa noção Sei que têm, pelo menos entre animador e portanto os comentaristas e os locutores que fazem a a transmissão do futebol e do hóquei, somos capazes de ter aí à volta de trinta. que não recebe em dinheiro fazem gratuitamente o que é que a gente lhes pague a eles? Por vez pagamos as sandes e o lanche. Mesmo assim parte deles não nos apresentam a conta porque fazem por amor à rádio e por amor à terra deles.

Parte 7 de 15

Síntese:

– As instalações da rádio voz de Alenquer
– A evolução dos horários de emissão
– O programa da noite com Rogério justino
– Programação atual da RVA



—As instalações da rádio sempre foram aqui?
—As instalações da rádio sim, as instalações da rádio só não foram enquanto não havia rádio, enquanto não havia rádio as instalações da rádio foram em minha casa. Quando pedimos a admissibilidade da Associação da Rádio Voz de Alenquer a morada que dei foi da minha casa Depois viemos para aqui. Lá para baixo em princípio era uma salazinha pequenina Onde fazíamos tudo. Depois isto aqui, este edifício já era da junta de freguesia que funcionava e era o centro de saúde. O centro de saúde, saiu, eu fui falar com o presidente da câmara e disse-lhe Epah eu preciso daqui de cima do centro de saúde como é que é? Posso ir para lá?, Não, não podes ir nada. Opah mas olha que eu tenho a chave, eu vou para lá. Eu não sei de nada. Viemos para aqui para o primeiro andar. Depois quando se fez as obras viemos aqui para cima mas aí já foi legalizada a nossa situação durante 90 anos isto é nosso praticamente, pagamos uma renda à junta que nunca pagamos, pagamos em troca de publicidade que eles não fazem. A rádio só começou a transmitir 24 horas por dia praticamente dez anos depois de nascer, foi em 1996. Sim.
—Como é que se tomou essa decisão e quando não era em 24 horas que horários é que eram preenchidos e com quê?
—A rádio em princípio começou a trabalhar das 20h às 24h. Porquê? Porque era o horário em que eu estava disponível e mais as pessoas que me podiam vir ajudar para fazer os programas porque eu, já se compreendeu não era profissional. Eu era diretor de uma escola de condução e era instrutor, ao mesmo tempo era proprietário da escola de condução, daí eu ter a possibilidade de poder despender tempo, e terminava às aulas a 20 e vinha para aqui fazer rádio. Depois começámos por alargar o horário e começámos a trabalhar às 7h da manhã às 24h. Começámos a ter pessoas que começavam a telefonar pra cá e que nós entendíamos que tinham boa voz. Começámos a fazer uma escolha dos ouvintes e realmente agarrámos algumas que trouxemos para cá também gratuitamente mas depois começámos a pensar que a carolice tinha que acabar e isto tinha que ser profissionalizado. Tinha que haver mais responsabilidade, daí eu no Congresso da Madeira, no Funchal ter apresentado uma tese que dizia: A carolice acabou, vamos para o profissionalismo porque aí já a Associação Portuguesa de Radiodifusão andava a fazer cursos de rádio que era gratuito para as rádios e ainda pagavam-nos os transportes. Portanto sabíamos que as rádios eram pobres, não tinham dinheiro, portanto, conseguimos o apoio do governo para isso e fizemos esses cursos e então havia que profissionalizar e nós aqui começámos logo a profissionalizar. Começámos logo por ter aqui três locutoras, animadoras. Depois em determinada altura eu descobri que havia um animador em Salvaterra de Magos que era muito bom e que fazia as noite e aquilo era aquilo que nós tínhamos pensado que era bom aqui para Alenquer, foi o Rogério Justino. Entretanto houve alguém que mo apresentou, o Rogério, o Rogério veio a uma festa à Ota e eu e a Vininha fomos lá, a Vininha que é a Doutora Ludovina Simões, fomos lá e Contactámos, contactámos o Rogério, falámos com ele, ele Epah e tal eu estou empregado lá na rádio em Salvaterra mas aquilo também não está a correr bem mas não sei quê, vou pensar. Então pensa lá e diz-me qualquer coisa Claro que ele dois dias depois ele, sabia a audiência que nós tínhamos, também convinha a ele, e ele veio para cá fazer as 24 horas. As 24h não, das 24h às 7h da manhã fazia sozinho. —Era o Clube dos Amigos?
—Era, fazia das 24h às 7h da manhã.
—Em que é que consistia a esse programa?
—Esse programa tinha várias variantes, portanto era um programa de acompanhamento, portanto, tinha muitos ouvintes a entrar em direto, tinha discos pedidos, tinha poesia e havia pessoas que vinham aqui ao estúdio, que ele convidava para serem entrevistados, alguns artistas que vinham às vezes de espetáculos aí à volta e combinavam com ele e passavam por aqui e eram entrevistados E daí ele ter uma audiência, de forma a que formou um clube de amigos que chegou a ter 3 mil amigos. Esses amigos todos os anos se reuniam na Romeira num almoço em que eles conviviam e era engraçado porque aquilo já era uma família, porque depois já se aparecia uma pessoa nova no programa, havia logo uma que dizia que era a madrinha depois o outro era o padrinho, aquilo já era uma família que se juntava e que naquele almoço conheciam-se. Aliás era obrigatória haver a apresentação das pessoas todas. Claro que não iam os três mil mas iam sempre aí à volta de 200 a 300 pessoas iam ao almoço. Depois havia o bailarico, que as pessoas também gostavam. Entrevistávamos algumas pessoas lá durante a festa e esse programa foi um dos programas que nós à meia noite iniciávamos sempre os dias com a Canção de Alenquer, cantada pelo Tristão da Silva e depois ele iniciava, continuava o programa com uma ou outra canção que era de um artista ali de Santarém, não me lembra agora, Cavalo qualquer coisa, não me lembra agora o nome, que ele… e as pessoas gostavam daquilo. E foi um programa de grande êxito e que também deu uma grande evolução, um grande salto à Rádio Voz de Alenquer. Não tínhamos publicidade durante a noite, nunca quisermos fazer publicidade durante a noite porque entendíamos que a publicidade seria para durante o dia porque a noite era para as pessoas já de um escalão etário mais elevado, para a pessoa que estava a trabalhar, para os padeiros, os padeiros acolá daí do, todos quase eles entravam. Aquilo era uma família que a rádio conseguiu aglutinar à volta dela, essas pessoas todas.
—A programação hoje em dia ainda é à semelhança desses tempos ou mudou alguma coisa?
—Não, mudou alguma coisa, mudou, não é tanto a programação. Por exemplo nós tínhamos um programa de antiguidades que até à pouco tempo existia e que agora já não existe. Havia até um programa de folclore que também tinha grande audiência que era ao domingo de manhã. Era um programa que era bastante ouvido. O programa de fados que ainda hoje se mantém e que é um programa que é ouvido por muito, muita gente, e até por muitos fadistas, porque nós sabemos que eles ouvem e às vezes até entram. E mudou um pouco talvez mais procurando apanhar uma classe etária mais baixa e acho que sim, porque os velhos vão desaparecendo, tem que se procurar uma clientela, vá lá, mais jovem para que a rádio possa sobreviver não é. Porque uma rádio sem ouvintes não é rádio. O que é que interessa nós estarmos aqui a passar música se não temos ninguém a ouvir do outro lado? Não é rádio.
—E ainda há programas de interação, de discos pedidos?
—Há, há e tem, a Flávia faz um, a Flávia e o Filipe Loureiro. Às vezes o ali o Faria, o Mário Faria, fazem um programa salvo erro das 16h às 18h ou das 18h às 20h, um programa de discos pedidos que há uma linha direta para o estrangeiro em que os nossos conterrâneos têm a possibilidade de entrar e pedir aquilo que querem, e não só os nossos conterrâneos. Portanto, porque os ouvintes do estrangeiro gostam de ouvir a música portuguesa dos artistas que eles não ouvem lá e que podem ouvir através da rádio, temos uma linha direta para eles e depois temos duas linhas diretas para os ouvintes aqui do, não digo só do concelho de Alenquer porque nós desde Leiria até Évora praticamente temos ouvintes. Daí é engraçado, por exemplo nesses nesses almoços, tínhamos uma senhora que vinha ela, o filho, de Vendas Novas a aqui aos almoços. Ela, a família dela vinha ao almoço porque à noite ela ouvia o programa do Rogério Justino.

Parte 8 de 15

Síntese:

– As alterações provocadas pela legalização
– O financiamento com a taxa da rádio
– Limitação das cadeias de rádio a três emissores
– Obrigatório três noticiários por dia
– O fecho da rádio pirata no dia 24 dezembro 1988
– Abertura da rádio legalizada 1 abril 1989



—Vamos voltar um pouco atrás. Na altura da lei da rádio, como é que foi viver essa altura e o que é que mudou nessa altura?
—Mudou muito. A lei da rádio era necessária. É verdade que havia muitas rádios piratas, o espectro estava completamente ocupado porque qualquer pessoa abria uma rádio. E não podia ser. E havia que ordenar as rádios. Foi uma batalha muito grande. Conseguiu-se muita coisa, só houve uma coisa que não se conseguiu. E eu ainda à dias convidaram-se para ir a um congresso de rádios a Pombal e eu era convidado, não tinha que usar da palavra mas não consegui ficar calado, e estava-se lá a discutir com os deputados o apoio às rádios e eu tive que dizer aos senhores deputados que era, até utilizei uma linguagem assim um bocado mais apertada porque devia-me ter dirigido a eles de outra maneira. Estava-se a discutir o apoio às rádios, a taxa de radiodifusão, não é distribuída pelas rádios e eu tinha, acabado de falar o deputado do PSD e eu disse Oh senhor deputado, desculpe lá, o mais vergonhoso de tudo é que as rádios pagam taxa para a radiodifusão e nós prestamos um serviço melhor do que a radiodifusão. Eu falo pela minha rádio, eu tenho mais, eu tenho mais audiência comprovada do que tem a RDP e eu tenho que estar a pagar taxa para a radiodifusão? Então porque é que eu não recebo uma parte da taxa da radiodifusão se eu estou a prestar um serviço público? Claro que fui um bocado duro quando disse, utilizei a palavra vergonhoso não é? Ele ficou assim a olhar para mim, mas aquilo saiu, estava cá a ferver e saiu. Eu era convidado, nem tinha que utilizar a palavra, mas no final, o Rui Pêgo estava lá e disse-me Epah você foi um bocado duro, olhe que não é só a RDP que recebe, a RTP também recebe. Epah mas eu, estávamos a falar de rádio E é verdade, porque não há dúvida nenhuma que nós, a eletricidade que estamos a gastar, estamos a pagar taxa à RDP. E nós prestamos o mesmo serviço que eles, ou melhor, porque temos mais ouvintes, prestamos um serviço público, estamos em cima do acontecimento. Portanto queríamos que a taxa fosse dividida, mas claro que não. A lei da rádio foi um bocadinho duro porque as grandes rádios não estavam interessadas em que a lei saísse como saiu. Eu por acaso tive a sorte, da Associação Portuguesa de Radiodifusão ter o Magalhães Mota e o Arons de Carvalho como eu já citei, que me ajudaram. Consegui que a Renascença também, através do assessor jurídico deles, estivesse em sintonia com o doutor Magalhães Mota e conseguimos que, a lei não era aquela que nós queríamos, mas que saísse mais ou menos dentro dos parâmetros que pudesse salvaguardar as rádios locais. Daí ter nessa altura, as cadeias de rádio serem limitadas, era obrigatório um noticiário feito por cada rádio era três noticiários por dia feito pelas próprias rádios para acabar um bocado com as cadeias, porque havia rádios que não passavam noticiário nenhum. Era a TSF era a Rádio Renascença que passava, os noticiários. Nessa altura foi também quando foi obrigatório as rádios terem um jornalista a tempo inteiro. Conseguimos também que as rádios tivessem algum apoio, mas foi uma luta muito grande e a sorte das rádios locais foi realmente, a APR dar-se bem com a Renascença, a Renascença precisava de nós para os apoiar também nalguns pontos de deles e conseguirmos negociar ali de forma a que a lei da rádio não fosse muito prejudicial às rádios locais. Agora triste, triste foi quando nós tivemos que nós tivemos que fechar, porque nós tivemos que fechar no dia 31 de Dezembro, as rádios. Ficaram caladas.
—Em que ano?
—Portanto isto em 87, salvo erro, salvo erro, mas eu posso pormenorizar. Porque foi um dia muito triste porque nós, 88, foi em 88. Nós fechámos no dia de Natal, eu disse 31 não, foi nas vésperas de Natal, do dia 24 de Dezembro que nós fechámos. Claro que fechámos tudo, fechámos a rádio em lágrimas, porque, ficámos aqui… pronto acabou-se. Vamos, a gente vai ganhar, vamos ganhar, tivemos a sorte de ter o engenheiro Duarte João que, portanto ele estava à vontade para fazer o nosso projeto. A doutora Ludovina Simões. Portanto o engenheiro Duarte João fez o estudo, portanto, técnico. A doutora Ludovina Simões fez o estudo económico, não pagámos nada, foi gratuito porque tivemos que pagar 500 euros para poder, nessa altura era contos. 88, era contos, não era 500 euros era 500 contos que nós tivemos que pagar para ser admitidos.
—Portanto na altura todas as rádios tiveram de fechar e apresentar um projeto?
—Apresentar um projeto. Nós apresentámos o projeto, pagámos a taxa e ficámos à espera. Até que chegou a novidade e parece mentira mas é verdade, abrimos a rádio novamente no dia das mentiras. Foi no dia 1 de Abril que nós fomos para o ar já oficializados. Em princípio deram-nos a frequência, nessa altura já era os 93.5. Nós emitíamos, havia portanto, tínhamos uma, emitíamos ali para cima para uma torre que temos aqui no Casal dos Melos e dali emitíamos para o Montejunto, e do Montejunto depois fazíamos a distribuição. E foi um dia de alegria. Esse dia das mentiras ficou gravado, assim como o dia 6 de Janeiro ficou gravado. Dia 6 de Janeiro porque foi a primeira emissão da rádio pirata. Dia 1 de Abril, porque foi a primeira emissão da rádio oficial. Depois mais tarde chegámos à conclusão, depois de andarmos aí com antenas às costas, à procura de ver onde é que era o melhor sinal porque havia muitas terras do concelho de Alenquer, a tua por exemplo, não ouvia a rádio. Tivemos que andar aí à volta com um tubo e com antenas às costas a ver, a fazer, a emitir sinais para ver se conseguiamos fazer a cobertura desses locais que eram sombra. Até que chegámos à altura, à conclusão que naquela torre que tínhamos ali conseguiamos fazer e então pedimos uma nova frequência, que nos deram os 100.6 para fazer uma cobertura local. É engraçado porque quando eu defendi a lei da rádio, portanto, fui das pessoas que me bati para que não houvesse mais do que três rádios por cada, cada rádio pudesse ter três frequências. Uma vez numa entrevista na televisão, havia um programa que era a Porta Aberta, houve um indivíduo que era jornalista, que era de uma rádio do Barreiro, salvo erro, Seixal, que entrou no ar, aquilo podia-se entrar no ar. E o indivíduo começou por me atacar. Começou por dizer como é que um serralheiro podia estar ali a defender as rádios, a comunicação social, que eu não devia de lá estar gostar, mais não sei quê… E eu comecei-me a rir. O homemzinho acabou de falar e eu disse Obrigada, obrigada. Para já tenho muito orgulho em ter sido serralheiro porque, para além de serralheiro já fiz muito pela minha comunidade e você nunca fez nada. E como tenho orgulho nisso sinto-me muito bem aqui. E sabe, eu não tenho uma carteira de jornalista profissional, mas tenho uma carteira de jornalista de equiparado. Ah mas os senhores na a Assembleia da República têm um cacifo e têm lá duas frequências. Com muito gosto. Nós temos lá, no nosso cacifo, Rádio Voz de Alenquer, 93.5, 100.6, é verdade. Mas sabe, para termos essas frequências tivemos que trabalhar. Ah mas o senhor foi contra a concentração e no final tem duas frequências. Pois fui, mas não estou a ultrapassar a lei, ou estou? Ai não, e tal Depois, eu não me lembro quem era o entrevistador que estava, ele depois deu a volta ao assunto e acabou a conversa. Mas eu fiquei ao mesmo tempo contente porque o homem só me esteve a valorizar. Quando ele disse que eu era serralheiro eu tive muito orgulho nisso nem escondo a ninguém, nunca escondi, mesmo às vezes nas reuniões até nós fomos, a Associação Portuguesa de Radiodifusão foi duas vezes recebida pelo Presidente Mário Soares em Belém. Fomos lá apresentar vários problemas e convidá-lo até para os congressos outra vez pelo, o Jorge Sampaio também fomos lá recebidos em Belém. Uma vez, a primeira vez que eu lá fui, o Mário Soares viu que eu estava tão atrapalhado que até me deu um pontapé no pé e disse Então pah você é de Alenquer e está assim atrapalhado? Porque o Mário Soares conhecia bem o Teófilo Carvalho dos Santos que foi Presidente da Assembleia da República que mora, morava aqui a 50 metros e era possível até que ele me tivesse lá visto em casa, que os filhos deles eram meus amigos. e ele Você é de Alenquer e está, está atrapalhado?. Não senhor presidente, não estou Isso só quer dizer que a pessoa, é preciso é que a gente tente evoluir e tenha vontade. Porque quando a gente tem vontade, consegue.

Parte 9 de 15

Síntese:

– Como se recrutam colaboradores?
– Protocolos com escolas



—De que forma é que os colaboradores chegam até à rádio? É a rádio que vai à procura ou são eles que vêm à procura de fazer rádio e de experimentar a rádio?
—De uma maneira geral são eles que procuram a rádio. Quando eu tinha aqui 50 miúdos praticamente que eram rapazes desde os 16 aos 18, a rádio apareceu, foi uma inovação e eles começaram a vir à rádio e depois começaram a ver fazer os programas, começaram a gostar da rádio e nós começámos a pensar que realmente que eles eram o futuro desta casa e a verdade é que temos aí alguns hoje que são responsáveis e que foram aproveitados e há outros que podem vir no futuro. E como é que a gente os recrutava? Eles apareciam, conviviam connosco aqui e depois nós fazíamos testes de voz. Fazíamos um teste de voz, se realmente ele tinha boa voz, tinha boa dicção, etc e depois começavam a fazer rádio em conjunto com um mais antigo, para fazer a aprendizagem. Naquela altura as coisas eram um pouco mais fáceis porque tínhamos o técnico cá fora não era preciso mexer nas mesas de mistura, a não ser para ligar o microfone o e desligar o microfone, o resto era feito cá fora, era aprender a trabalhar com o gira-discos porque os gira-discos, havia dois gira-discos, um de um lado e de outro. Tínhamos o leitor de cassetes. Portanto tínhamos este gira-discos que está aqui, Tínhamos este leitor de cassetes que está aqui em baixo, esta mesa que está aqui era a mesa que o técnico tinha cá fora e nós lá dentro só tínhamos esta mesa. Esta mesa que servia praticamente para o som, tínhamos um entrada do microfone, tínhamos a saída dos fones e tínhamos, na entrada do microfone, por vezes entrava as chamadas, as chamadas também telefónicas porque o técnico tinha aí assim uma… Não, as chamadas telefónicas entravam diretamente na mesa do técnico cá de fora e assim eles, a gente ia dando-lhe formação, de forma a que eles, até entender que eles estavam capazes de fazer programa. Quando eles estavam capazes começavam a fazer programa, era assim que nós fazíamos o recrutamento, mas eram eles normalmente que apareciam.
—E há protocolos com escolas para estágios, mesmo de ensino superior?
—Sim, nós fizemos vários protocolos, algumas escolas dirigiram-se a nós, por exemplo a Escola Profissional de Arruda dos Vinhos dirigiu-se a nós para, e houve muitos miúdos 8, miúdos, homens já, adolescentes que vieram aqui fazer estágio. Aqui com a escola de Alenquer, a Escola Damião de Goes nós montámos lá em colaboração com eles, um estúdio para eles fazerem rádio e terem rádio-escola. Tínhamos parceria com o fundo de desemprego para poder fazer estágios aqui a pessoas que tivessem o curso de comunicação social e que precisavam fazer estágio pagos, eles pagavam, depois nós, quando chegávamos ao fim do estágio, portanto eu tinha que fazer um projeto, aí era eu que fazia o projeto do estágio deles. Mandava para lá, eles aprovavam e depois no final teria que dar a avaliação do estágio, se, normalmente dava sempre positiva não é?Mas também houve alguns deles que acabaram por ficar cá a trabalhar connosco, pelo menos 6 meses ficavam cá trabalhar connosco. Fizemos, tanto a nível de secretaria, tivemos várias pessoas a fazer estágio. Ainda o ano passado, foi, esteve aqui um miúdo na secretaria a fazer estágio, que era da escola de Arruda. E tu também fizeste já estágio não foi? A Flávia também fez cá estágio.

Parte 10 de 15

Síntese:

– Opinião sobre rádios locais e nacionais em 2017
– O que se arrepende de não ter feito
– Rádio Monsanto



—Como é que vê atualmente o panorama das rádios locais e nacionais?
—Ao contrário de muita gente diz, rádios continuam a ter um papel preponderante na comunicação social e na vida dos portugueses.
—Eu ainda à dias li um artigo no jornal, eu por acaso até fiquei admirado, aquele jornal ter publicado disse. Até porque foi um jornal que já teve uma rádio, e tem publicado que as rádios estavam, que tinham uma certa, um certo valor e que ao contrário do que muita gente dizia as As rádio não estão mortas, elas continuam vivas, e penso que as pessoas continuam a ouvir rádio não só no carro, como companhia. Em casa, como companhia, em casa, e especialmente de noite, as pessoas ouvem rádio. e especialmente de noite, as pessoas ouvem rádio. Tanto no trabalho como na, apesar que hoje haja muitas rádios através da internet, se possa ouvir muita música através da internet, mas as pessoas continuam a ouvir rádio. Qual é o futuro que? O que prevê para a Rádio Voz de Alenquer? Eu sou sempre um otimista. E tenho pena de não ter, me ter descuidado um pouco porque senão hoje nós se calhar tínhamos umas instalações melhores e penso que apesar de todas as dificuldades que a rádio tem passado.
—A Rádio Voz de Alenquer, está boa de saúde e vai-se manter bem. Estou convencido disso porque eu vejo as pessoas que trabalham são dinâmicas, são pessoas que têm interesse. não são que vêm aqui para ganhar dinheiro, e porque são pessoas têm amor à rádio, que vêm fazer rádio e isso, desde que haja amor, as rádios não… Em tudo é preciso amor. E desde que haja amor à rádio não há mal que lhe chegue. Estou convencido que a Rádio Voz de Alenquer continua a produzir como tem progredido até aqui.
—Falou em descuido. O que é que poderia ter feito de maneira diferente?
—Foi não ter feito a sede que eu idealizava. Porque eu idealizava uma sede. Cheguei e temos praticamente um terreno que nos foi doado pela câmara, Entretanto houve uma troca de terrenos e foi pena eu não ter avançado mais porque se calhar os hoje já tinhamos uma televisão regional aqui e eu às sou um bocado, aventureiro nessa coisa e talvez pela minha aventura a gente tivesse chegado onde chegou e eu próprio também ser aventureiro talvez tivesse passado, o meu passado radiodifusão tenha sido este, pelo espírito de aventura, pelo espírito do associativismo.
—Eu fui sempre uma pessoa ligada ao associativismo. Tenho muito amor por Alenquer. Estive sempre ligado a tudo o que diz respeito à minha terra. E a rádio para mim é a parte principal. É o coração. O meu segundo coração é a rádio, portanto eu tudo aquilo que eu possa dizer sou suspeito porque tenho um amor muito grande à rádio. E quando vou a qualquer terra eu tento sempre ouvir as rádios locais para fazer uma ideia e se ainda lá existe alguém daqueles que eu conheço, telefono-lhes Epah olha eu não estou de acordo, olha que ouvi isto. Por exemplo, a rádio de Monsanto que é a aldeia mais típica que nós temos lá na Serra de Monsanto.
—Fui lá em que era o dono da rádio, a esposa da rádio e uma jornalista. E era uma rádio que ganhava dinheiro a rodos porque não tinha grandes despesas, tinha publicidade até espanhola que estava ali assim perto Espanha chegava lá. E as pessoas agarravam a rádio. Aliás eu inspirei-me nalgumas coisas que vi lá na rádio deles. A jornalista até tinha cama para dormir lá, na rádio. Mas é assim, as rádios, desde que elas sirvam a população, estou convencido. Enquanto a Rádio Voz de Alenquer servir os seus ouvintes, estou convencido que não há problema para a rádio.

Parte 11 de 15

Síntese:

– Como é vendida e produzida a publicidade
– Jornalismo de investigação local
– Articulação redação jornal e rádio



—Vocês são contactados por agências para introduzir publicidade na vossa emissão? São vocês que têm vendedores e vão às fábricas, às indústrias, vender publicidade? E depois como é que é o processo da produção do spot publicitário quando são spots? São vocês que o fazem cá dentro e escrevem ou mandam para uma agência publicitária para fazer o spot? Como é que isso funciona nas rádios locais?
—Nós, normalmente somos nós que procuramos a publicidade. nós tivemos uma má experiência com agências, tivemos algumas agências que mandaram para cá publicidade e depois para receber foi um problema e daí nós termos terminado, não praticamente, há uma ou outra agência que manda, mas nós só recebemos publicidade, ou só fazemos a publicidade uma ou duas agências que nós temos confiança porque de resto não fazemos. Normalmente é as nossas vendedoras que procuram as empresas, o comércio, a indústria, tanto a nível local como regional porque como nós temos uma cobertura muito grande nós não fazemos só, o nosso mercado não é só Alenquer. Temos Torres, Mafra, Vila Franca, Santarém, Rio Maior, Alviela, os Móveis Alviela fazem cá também. Portanto temos uma zona muito onde podemos procurar, temos um, o nosso mercado. A nível dos spots publicitário inicialmente nós fazíamos aqui, tínhamos aí duas moças e um moço que tinha muita, que tinha uma voz maravilhosa e que nós aproveitávamos, que não eram locutores nem animadores, nem jornalistas, porque os jornalistas não podiam fazer. Não é que às vezes a gente não nos apetecesse pedir a um jornalista para fazer mas ele não podia fazer e aí eu fui sempre muito legalista portanto a lei é assim, é assim mesmo. Neste momento, neste momento não, já há alguns anos temos uma empresa que faz a publicidade, nós mandamos para lá os spots, normalmente temos uma menina da secretaria que escreve o spot, manda para lá, ele faz o spot, envia via internet para ser ouvido, está de acordo, muito bem, não está ele emenda e depois manda novamente o spot. Portanto nós aqui acabámos por fazer os, deixar de fazer os spots e com as agências só com uma ou duas apesar que em determinada na altura fizemos algumas reuniões, pensámos ter uma agência nossa, uma série rádios litoral de Portugal ainda chegaram a juntar se para fazer uma agência de publicidade. Por acaso era, duas coisas que essa, que nós tentámos fazer. Era isso e uma agência noticiosa, porque em determinada altura nós não tínhamos acesso à Lusa a não ser pago e os noticiários da Lusa pouco nos interessava porque tinha pouco regional e local. Eu tive uma reunião lá com o Diretor, não me lembra agora o nome dele, da Lusa e disse-lhe a ele epah nós precisamos, publicidade, precisamos de noticiários vossos ou a gente vai fazer uma agência noticiosa, Epah não e tal a gente vamos chegar a um acordo e mais não sei quê e tal. E realmente fizemos um acordo com eles. Em que eles tinham um pacote de notícias destinado às rádios locais. Portanto em que as próprias rádios mandavam as notícias para lá, eles difundiam e depois a própria rádio quanto mais notícias mandasse menos pagava. Mas isso durou pouco tempo porque as rádios também não aderiram muito, a Lusa também não se interessou muito e acabou por acabar. E nós quando tínhamos a ideia era realmente fazer essa agência de publicidade a nível nacional porque as rádios, se juntassem todas, era possível fazer spots a nível nacional e podermos competir com as grandes rádios. Mas também não, não foi para a frente porque surgiu muitas dificuldades e também havia muitos, muitas pessoas a não querer porque os barões não queriam que a gente entrasse no meio deles, não tivemos hipótese de entrar. Mas foi pena porque nós poderíamos ter ido longe, se temos ido, nesse aspeto, entretanto a ARIC também, a Associação de Rádios de Inspiração Cristã, também tentou fazer, também não conseguiu, faz para a volta a Portugal em bicicleta que nós acompanhamos já, ora o meu filho é o jornalista mais antigo neste momento já na volta a Portugal. Ele começou a acompanhar a volta a Portugal com 14 anos, já é o jornalista mais antigo que anda lá a acompanhar a volta. Nós é todos os anos acompanhamos a volta a Portugal em bicicleta, até porque estamos numa zona onde temos ciclistas de nome, de renome e que sentimo-nos na obrigação de acompanhar. Agora é a ARIC que faz, recolhe a publicidade apesar que a gente também tenha publicidade local para custear esses, as despesas da volta a Portugal reduzir o seu peso.
—E marcas nacionais? Elas vêm ter connvosco para introduzir spots de publicidade dentro da vossa programação? Tipo as EDP’s ou MEO’s, têm algum tipo de experiências dessas?
—Não, tirando ser o Intermarché, as marcas nacionais não têm apostado muito nas rádios locais. Temos um stand de automóveis que representa várias marcas, aliás tivemos dois. Neste momento só temos um que nos apoia muito. Pelo menos no desporto apoia-nos. O Intermarché, de resto marcas nacionais não, é mais publicidade local e regional
—Agora outra coisa em relação à informação vocês além daquelas notícias que o jornalista que aqui está, no fundo, sediado, vai recebendo, têm experiência de alguma vez terem feito reportagens sobre temas locais, mas não propriamente uma notícia, mas um, vá lá, como se fosse uma, um documentário radiofônico sobre um determinado tema, um reportagem de trinta minutos, uma hora, sobre temas locais? Fazem isso ou fizeram?
—Sim fazemos, tanto para a rádio como para o jornal. Temos feito várias notícias que sejam de interesse, pelo menos que sejam de interesse local e regional, de forma a que possamos, essas notícias sirvam o jornal e que sirvam para a rádio, portanto o que nós pretendemos com essas entrevistas, com essas notícias, eu lembra-me por exemplo, no meu tempo chegámos a fazer uma reportagem engraçada que era às sete da manhã termos um repórter na rua e lá em baixo junto à rodoviária para entrevistas as pessoas que iam para o trabalho para saber a disposição, como é que as pessoas iam trabalhar, se as pessoas iam bem, se iam mal, se tinham vindo bem no seu transporte e a realidade é que aquilo foi muito bom. Temos uma outra reportagem mas isso aí já não é pessoal, é telefónica que é muito ouvida, é uma roda pelos bombeiros da zona. Todos os dias de manhã, telefonamos para todas as corporações de bombeiros a saber qual foi o trabalho que eles tiveram durante a noite e durante o dia anterior. Isso é um programa, esse programa é muito ouvido porque as pessoas sabem das novidades, o que é que aconteceu, quem foi se for possível saber, porque às vezes não há possibilidade mas o que é que aconteceu, pelo menos ficam a saber o que é que aconteceu na nossa zona. Todos os dias fazemos isso de manhã, ainda hoje fazemos.
—Mas isso é um bombeiro que está lá que relata?
—É a pessoa, telefonista que está de serviço que relata tudo o que passou. O locutor daqui, ou o animador, pergunta: Então o que é que aconteceu esta noite? Olha esta noite tivemos um serviço de urgência às tantas horas, fomos ao hospital Santa Maria, levámos um doente, fomos depois buscar outro doente, que estava lá depois para o hospital de São José, pronto, fazem aquela reportagem, de dizer às pessoas, o que é que houve, qual foi o trabalho dos bombeiros.
—Mas isso é um direto ou depois isso ainda é escrito ou?
—É em direto. Em direto. Não é, não fazemos censura.

Parte 12 de 15

Síntese:

– Os lobby e a lei da rádio
– Consequências emitir na internet



—Portanto, a Associação Portuguesa de Radiodifusão, como eu já disse, preocupou-se em acabar com a selvagem que havia no espetro e fizemos uma proposta de lei. Uma proposta de lei que apresentámos ao Secretário de Estado. A ARIC, a Associação de Rádios de Inspiração Cristã, apresentou outra. E depois houve outros lobbies que era os lobbies que queriam as rádios, as rádios regionais que apresentaram outra e por outro lado havia as rádios nacionais também, que a lei, dizia respeito. Eu tive a sorte de ser o fiel da balança e daí as pressões. Eu cheguei, como já disse, pelo lado político, o que é que eu cheguei a ter, mas também da parte dos lobbies eu tive pressões, eu, desde almoços que me convidaram para ir, para fazer pressão. Reuniões que eu tinha para fazer pressão. Só que eu como estava ali em representação das rádios tive sempre a desculpa que não era eu mas era as rádios é que mandavam, as rádios é que me diziam que o que é que queriam, eu era um, a transmissão das rádios. Mas houve muita pressão, muita pressão. Eu lembra-me, por exemplo que uma das rádios regionais, desde a pressão para nós apoiarmos a criação das rádios regionais, a montagem de uma antena aqui no Montejunto. Eles a pedirem-me para eu fazer pressão aqui no Presidente da Câmara para autorizar a montagem do Montejunto, a montagem de uma antena e do espaço ser cedido. É claro que eu disse-lhe a eles, epah vocês são boas pessoas mas eu sou amigo do Presidente mas não lhe vou pedir. Não lhe vou pedir porquê? Não lhe vou pedir, para já a minha maneira de ser não é essa, eu nunca lhe quero pedir nada a ele que é para ele não me pedir a mim, porque se eu lhe vou pedir amanhã ele vai-me pedir e depois eu não lhe posso dizer que não. Portanto a minha maneira de ser é esta e vocês têm paciência. Resolvam o problema. Querem o número de telefone dele? Tomem lá, resolvam. Agora de outra maneira não pode ser. Houve muitas pressões, mesmo na lei da rádio. Pronto eu já disse que nós com a Renascença em espacial, a Rádio Voz de Alenquer tinha uma relação muito boa com a Renascença e estávamos há vontade quase que os nossos pontos de vista eram quase os mesmos e com facilidade, e temos muita coisa na lei da rádio, que saiu nessa altura, que foi feito entre nós. Assim como esta alteração, a última que houve, o meu filho Nuno teve um papel preponderante na lei porque, também em conjunto com a Renascença e a APR neste momento também, encostou-se um bocado à ARIC, conseguiram também algumas vantagens para as rádios, apesar de que não fosse aquilo que. Eles dizem que não têm dinheiro para apoiar mas, e o caso da publicidade institucional. A publicidade institucional que nós conseguimos nessa altura que fosse dada às rádios, foi uma das vitórias da lei da rádio, acabou por ser retirada e nós na APR distribuímos publicidade por todas as rádios do país e foi um milhares que nós, nós não, o Governo pagava parte da publicidade institucional que era para as rádios locais e depois dava a outra que era para as rádios nacionais e para a televisão. Havia uma percentagem que era nossa. Aí assim nós também tivemos o apoio da parte da Renascença e da ARIC que no final, a Federação de Rádios Privadas quem era? Era a Associação Portuguesa de Radiodifusão e a ARIC que fizeram a Federação. Portanto como eu era o Presidente da Federação e era o Presidente da Associação, portanto estava um bocado à vontade também para liderar ali um bocado o processo e conseguimos fazer alguma coisa mas agora, houve muitas pressões, das rádios nacionais.
—Voltando ao assunto que ainda um bocado abordou mas assim ao de leve, que tem a ver com Internet. Quando apareceu a Internet, o que é que vocês fizeram para entrar na Internet e como é que a usam e que consequências é que isso trouxe para a vossa rádio?
—Eu confesso que inicialmente numa reunião de direção um dos meus vice-presidentes, que é o atual Presidente da Associação de Radiodifusão, que é o senhor José Faustino da Rádio Diana de Évora, ele chegou lá a uma reunião de direção e começou-me a falar na Internet nas rádios. E a Internet nessa altura para mim era o escuro. Comecei a olhar para ele e assim: epah, não, internet nas rádios? Não penses nisso pah isso vai matar as rádios e mais não sei quê… Mas aos poucos ele foi-me convencendo, a mim e aos outros elementos da direção e em determinada altura quando nós fizemos o acordo com a PT, e que tivemos o apoio do Instituto de Comunicação Social, avançámos mesmo para a Internet. E uma das primeiras rádios a ser instalada, tinha que ser, a Rádio Voz de Alenquer. Instalámos, no início não, não tivemos assim…
—Mas instalaram, estamos a falar em que datas? Só para a gente se situar.
—Já em em 2000 e… Foi em 97 que fizemos, ai não isto, não em 97 foi uma transmissão na RDP, via satélite que nós participámos para todo Mundo e fizemos um programa em simultâneo com a Rádio Alfa. Fizemos outro programa e 97 outro programa em simultâneo com a Antena 3. Em 98 conseguimos atingir 4 mil no Clube de Amigos, 4 mil amigos, em 1998.
—Mas aí, a emissão em radiofrequência não é?
—Sim sim, não, por antena, eu estava só ver aqui a data. Por acaso não tenho isso aqui, mas não por acaso não tenho a data. Mas devia ter sido aí nos anos 90… Nós fundámos a Confederação de Meios em 94, nessa altura já tínhamos.
—Mas aí ainda não emitiam através da Internet?
—Não, não nessa altura não. Em 96 começámos as 24 horas… não não me lembro mais ou menos o ano que foi. Mas havia ter sido aí em 98… já nos fins dos anos de 90, princípio dos anos 2000. Aqui já eram, já tínhamos Internet.
—Mas lembra-se de quando é que passaram a emitir a vossa emissão através da Internet?
—Não, não, não me recordo, da data não me recordo. Recordo-me quando começámos a fazer a emissão. A emissão, quer dizer, da data não mas recordo-me que começámos a emitir as 24 horas através da Internet. Não na altura não era. Porque aquilo era assim, a APR tinha, tinha em Lisboa, era, nós enviamos daqui para Lisboa e depois Lisboa é que distribuía tenho a impressão que era assim. Nós não enviamos diretamente. A APR tinha, e era portanto, a APR tinha a lista das rádios todas que tinham internet, as pessoas faziam a busca no servidor da APR, nós mandávamos daqui, o nosso servidor estava APR em Lisboa, e depois a partir dali é que era distribuído mas não me recordo. Ora eu saí da APR em 98 salvo erro, ora, não, eu saí da APR…
—E depois que influência é que isso teve na vossa audiência?
—Teve porque na medida em que a rádio tornou-se mais conhecida a nível, a nível do estrangeiro, portanto, ex-fronteiras e as pessoas começaram a divulgar, elas próprias divulgavam. Os imigrantes, olha sabes, nós podemos ouvir a rádio da nossa terra e tal. Porque eles quando cá vêm, normalmente fazem uma visita. E não é a primeira vez que animadores dos nossos programas vão por exemplo a Inglaterra e que eles sabem que está lá, olha vem cá a nossa casa e tal, e recebem-nos quase como família. Portanto a rádio passou a ser para eles a ter um papel importantíssimo. E aumentou o…
—E vocês têm uma ideia da quantidade de gente que vos ouve, não na antena, mas via online?
—Não mas eu posso-llhe dizer que esta noite por exemplo, eu dei-me ao cuidado, eram duas da manhã ainda estava a ver, porque, depois fui partilhar aquilo no facebook, o fogo de artifício, e pelo menos cerca de 20 pessoas estavam lá a agradecer à rádio por ter transmitido, faz lembrar a terra e mais não sei quê, portanto, e isto foi num bocadinho em que não se sabia. Ninguém tinha anunciado que nós íamos fazer aquilo não é? Porque normalmente era o, é o Mário Faria que fazia o programa. Ele deu-se ao trabalho de ir lá para baixo, arranjar alguém que ficasse aqui em estúdio, e le foi lá para baixo, transmitir o discurso do Presidente da Câmara e depois transmitir a imagem do fogo de artifício e nos pontos mortos ele ia falando o que é que se estava a falar e tal, o que é que se estava a passar para que a imagem, a emissão não ficasse sem som. Portanto eu não faço, mas eles sabem, porque a APR tem, e eles aqui também, têm um medidor de ouvintes, mas eu não sei neste momento quanto é que é.

Parte 13 de 15

Síntese:

– As cotas da musica portuguesa
– Teatro rádiofónico
– Programas de humor



—A nível de quota da música portuguesa que rádio passa, há um limite, há um…
—É engraçado que quando foi discutido na Assembleia da República a lei das quotas houve lá na sala do senado uma reunião de Comunicação Social entre os órgãos de Comunicação Social, para se discutir o problema das quotas de rádio e estavam lá as rádios, estava lá em representação da, estavam as associações, as rádios nacionais e tal, e estavam a SPA, Sociedade Portuguesa de Autores, estava alguns artistas. Eu estava lá em representação da Associação Portuguesa de Radiodifusão e quando eu dei por mim tinha sido empurrado para falar. A Renascença acabou de falar e disse Agora gostava de ouvir ali o senhor José Manuel Inácio, que dissesse o que tem a dizer sobre as quotas da música portuguesa E eu comecei por dizer que para a Rádio Voz de Alenquer nós não precisamos de quotas. Aliás nós, o nosso lema diz tudo, a força total à música nacional, diz tudo. Portanto não precisamos, e por outro lado eu não preciso quer me obriguem a passar x de música portuguesa. E cada rádio é que tem que ver o que é que tem que passar, porque os ouvintes que estão do outro lado escolhem: querem ouvir música portuguesa, ouvem música portuguesa, querem ouvir música estrangeira procuram outra… Nós passamos 98,9 música portuguesa e não temos estado mal porque também quando precisamos dos artistas portugueses eles estão lá. É verdade nós quando precisamos de fazer um espetáculo eles estão cá. A gente diz olhe precisamos de fazer um espetáculo, precisamos de arranjar uns dinheiritos e tal… vocês podem vir? E eles vêm. O que é a gente lhes paga? um lanche, às vezes o transporte quando são de mais, longe, outros que venham de Lisboa nem levam nada. E isso não é um pagamento por a gente passar música nacional, é porque estamos inseridos numa zona em que as pessoas gostam da música portuguesa, gostam do folclore, gostam das nossas tradições. E daí nós passarmos, já não digo 99,9, digo 98,9, mas é a maioria da música que nós passamos é da música portuguesa porque apoiamos os nossos artistas. O Marco Paulo por exemplo, eu sou muito amigo dele, ele é muito meu amigo. Até fomos criados juntos aqui atrás e eu passo pouca música dele. Quando cá estava passava e ele dizia epah nunca passas música? Não, tu nunca quiseste vir fazer um espetáculo a Alenquer não te pago, não te passo a tua música. Então eu passo a tua música para tu venderes e tu não me vens ajudar?, Eu qualquer dia vou fazer lá fazer um concerto. Está bem quando fizeres o concerto eu passo a passar música total Eles apoiam-nos e nós apoiamos a eles.
—Já agora mais um formato que nunca falámos. Alguma vez experimentaram fazer ficção, as radio-novelas ou coisa parecida?
—Sim sim, eu uma vez, nós tínhamos aqui um ator, um ator não, um autor, que era um senhor que era o Manuel Gírio que escreveu várias revistas, escreveu uma opereta e que em determinada altura eu pedi-lhe para ele escrever uma radio-novela e ele escreveu. Só que depois quando foi para começar a ensaiar as pessoas nós tínhamos escolhido, que eram artistas amadores já consagrados, tiveram algumas dificuldades em vir. Uns diziam epah é diferente a gente estar em palco, outra é estar ao microfone Tinham medo do microfone. Epah aquilo não é nada. Eu nalgumas, na opereta eu tinha entrado com eles, numa ou duas revistas eu também tinha entrado com eles. Não é nada aquilo não custa custa nada, olha, má figura fiz eu uma vez connvosco, vocês tiveram que dizer o meu papel que eu não sabia, fui empurrado lá para cima, tens que ir fazer este papel e pronto e eu fui, agora vocês não têm problema nenhum aquilo, vocês até podem estar a ler, não têm problema. Mas não, não conseguimos levar para a frente, mas era uma iniciativa que eu gostava de ter e que ainda hoje gostava que eles tivessem. Porque eu lembro-me das radio-novelas que o Rádio Clube Português fazia, aliás, há uma senhora dos parodiantes, mais do que uma vez, ela mora aqui na zona de Mafra, salvo erro mais do que uma vez o marido me tem dito e até já me deu um cartão dela, que ela estava na disposição de vir cá colaborar connosco, fazer um género de uma brincadeira tipo parodiantes ou coisa do género e eu gostava de fazer isso cá mas não sei o que é que a direção pensa, como eu não estou cá na direção posso é dar, vou dando assim às vezes o contributo nalgumas coisas que me pedem porque eu sou género, saio de uma coisa, não tenho que me meter mais nela a não ser se me pedem o contributo. Sem me pedirem eu dou, se não pedirem eu vou analisando. Critico quando tenho que criticar mas não vou lá meter-me no trabalho deles.
—E esse tipo de formatos de programas humorísticos como costuma haver durante as manhãs de algumas rádios vocês têm alguma coisa dentro desse género?
—Não, não, acho que não. É mais do género de telefonemas, as pessoas a telefonarem. Não me parece que haja, pode haver… 100{eac6b5875ddae926700b2c4e8464bb0ece25601256fda3402f3cffca93cca374} humorístico não.

Parte 14 de 15

Síntese:

– O que ficou por fazer na lei da rádio
– As rádios evangélicas
– Legião da boa vontade
– Os estrangeiros que pretendem comprar a rádio
– Rádio Alenquer ouvida em Angola
– A melhor forma para captar publicidade



—Ainda voltando um pouco atrás falávamos da lei da rádio, houve algum objetivo inicial que não fosse concretizado no projeto final de lei? Ou que pouco tempo depois tivesse caído por não ter vingado ou as rádios não terem querido? E se olhando hoje para o cenário atual, o que é que acha que poderia estar contemplado na lei da rádio e não está ou o contrário, ou está e não deveria.
—Aquilo que eu acho que caiu e que devia de estar contemplado é realmente a aglomeração de rádios no mesmo proprietário. Acho que hoje parte das rádios são meros retransmissores e não estão a servir as populações locais. Foi uma das coisas que nós nos batemos, eu tive uma luta muito grande com o Governo por causa da compra das rádios pelas igrejas evangélicas, porque achava que as igrejas evangélicas não deviam, não era, a igreja católica tinha mas pronto já existiam, mas não deviam ter, ser titulares de, das rádios locais porque não, elas não estavam a prestar um serviço às rádios locais, à população local. Tive uma luta muito grande, aliás até beneficiei de uma ida ao Brasil por causa dessa luta porque a Legião da Boa Vontade é é uma organização não governamental que estava sediada na Póvoa de Varzim e que, que eu pensei também que era uma das mais igrejas que existia aí. Os homens pediram-me uma reunião na APR eu recebi os homens mas recebi-os assim um pouco de pé atrás. Os homens perceberam e convidaram-me para ir ao Brasil visitar as obras, a obra que eles tinham. E não há dúvida nenhuma de que a obra que eles tinham foi fundada por um jornalista, José Paiva Neto, um homem com um nome muito grande, um jornalista que nós devemos respeitar porque ele fez uma obra gigantesca. Ele, portanto, ele começou, conseguiu angariar apoios das pessoas, ia buscar os miúdos abandonados, levava os miúdos, lá para a organização, recém nascidos e os miúdos saiam de lá com profissões, com cursos, com doutoramentos, tudo dentro da organização deles, e tinha uma coisa engraçada é que os miúdos eram eles próprios, conforme iam crescendo eram eles que produziam a alimentação deles, eram eles que tinham hospital dos bonecos e que arranjavam os bonecos para eles brincarem, depois conforme iam crescendo iam tendo as suas obrigações dentro da organização. Eles tinham, estavam sediados, tinham um, no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Porto Alegre, era aí que eles tinham a universidade e tinham a quinta onde produziam todos os alimentos para, eles davam só 3 mil refeições por dia a miúdos… Tudo com a de um jornalista que a gente deve, que eu passeia ter muito respeito e aliás a Rádio Voz de Alenquer a partir daí abriu as portas à organização e durante muito grande muitos anos nós colaborámos com eles em tudo aquilo que eles queriam. Foi uma coisa muito grande que, que me ensinou muito e ensinou que agente, o jornalismo pode fazer muita coisa, desde que as pessoas queiram, voltamos como eu há um bocadinho dizia desde quando a gente quer a rádio faz tudo Mas tinhas-me perguntado… Da fase inicial da lei da rádio, objetivos iniciais que foram definidos e depois o projeto final que acabou por ser aprovado se existia alguma diferença e algum dos objetivos não tinha sido contemplado ou viria a cair pouco tempo depois. Foi a concentração de rádios foi aquilo que foi pior, foi pior porque hoje há muita rádio não é mais que retransmissor. Aliás, a nossa não é porque nós não queremos. Ainda há bem pouco tempo tivemos um grupo Angolano a querer comprar, e se nós abrirmos a boca a dizer nós queremos vender, eles compram. Só que eu penso, pelo menos enquanto for vivo, agente não vende. Nem que eu tenha que vir para cá fazer 24 horas de programa sozinho.
—Mas esses interesses, são interesses comerciais para fazer cadeias de rádios, com rádios que já existem? Querem fazer coisas cá?
—Eu penso que que eles querem fazer cadeias de rádio porque não estou a ver por exemplo os chineses virem comprar aqui uma rádio para fazer, servir o interesse da população de Alenquer, nem estou a ver os angolanos virem aqui comprar uma rádio para servir os interesses da pessoa da, o que eles querem é comprar uma série de rádios para depois fazerem uma cadeia, nós sabemos por exemplo a nível da imprensa, os angolanos são detentores de uma série de títulos de jornais não é? E se calhar é isso que eles quem também fazer também com as rádios. Apanhando as rádios em dificuldade e comprando. E possivelmente rádios estratégicas que têm antenas também em sítios estratégicos. Pois, que é o nosso caso, nós a nossa antena do Montejunto vale muito porque, por exemplo a TSF quando lhe interessa que nós estivéssemos ali, já não comprova a rádio em Santarém, que comprou porque ali nós fazíamos a cobertura… eu cheguei a estar no Porto e a ouvir a Rádio Voz de Alenquer porque a gente estava numa zona alta, em dias em que o sinal saia com facilidade e tenho uma história muito engraçada. Em Angola, por exemplo a Rádio Voz de Alenquer ser ouvida. Mas isso como? Não é em FM. As ondas hertzianas têm uma coisa gira. Se o FM cair cima de uma onda curta, ela vai, chama-se vai a cavalo. Então, houve um indivíduo em Angola que ouviu a Rádio Voz de Alenquer. Escreveu para cá e eu quando li a carta, eu os outros elementos da direção todos disseram, epah esse indivíduo está a brincar connosco. Então nós demos resposta ao homem e dissemos então mas oiça lá, o senhor ouve o programa, qual é o programa que o senhor ouviu? Qual é a publicidade que o senhor ouviu? E o homenzinho descreveu aquilo tudo. E depois voltou a dizer olhe e hoje ouvi isto, aquilo e aqueloutro E então o que é que ele queria? Ele queria que nós lhe mandássemos qualquer coisa da Rádio Voz de Alenquer para ele ter lá, para provar como tinha ouvido. Pronto, lá depois lhe mandamos, nessa altura nós tínhamos uns troféuzitos que dávamos nos jantares, nos jantares que fazíamos de aniversário e há pouco quando falou da publicidade eu esqueci-me de dizer que a melhor arma que nós tínhamos a captar a publicidade era no jantar de aniversário da rádio e porquê? Porque nós, no jantar aniversário da rádio, atribuíamos um prémio aos nossos clientes que tivessem feito mais rádio, mais publicidade. E aquilo criava neles, era um lenitivo, era um rebuçado que nós lhes dávamos. Então nesses jantares nós tínhamos a certeza que quando saíamos de lá já trazíamos mais publicidade. Até as vendedoras eram logo contactadas, elas estavam lá não, eles vinham ah e tal. Porque criávamos o 1º, o 2º e o 3º prémio para os nossos clientes que investissem mais na Rádio Voz de Alenquer durante aquele ano e aquilo, para nós, nós fizíamos um jantar eu às vezes dizia, interrogava-me a mim próprio epah eu estou a esbanjar dinheiro da rádio a oferecer um jantar esta gente toda. E depois tínhamos vários convidados, tínhamos o pessoal e tal, Mas por outro lado eu também dizia não, mas é que assim eu estou cativar as pessoas que investem em nós e as pessoas sentem-se quase na obrigação de investir mais, e isso acontecia. E as vendedoras, quando chegava ao fim do jantar diziam-me olhe, fulano já renovou o contrato, já renovou o contrato. Era aquilo que nós queríamos. Não acabou a história que estava a contar do troféu que iria mandar… Ah, mandámos-lhe um troféu, nós tínhamos aí vários troféus que todos os anos pelo aniversário fazíamos e que lhe mandámos-lhe um troféu e o homenzinho ficou todo contente que, recebeu lá o troféu e pronto. Mas como é que nós lá chegámos? Chegámos porque fomos pendurados na outra onda, é como em Lisboa a gente ouvir os táxis de Nova York, mais do que uma vez, isso já tem acontecido. Eles estão numa onda baixa mas agarram numa outra onde que é ouvida ali. É os fenómenos da, da propagação.

Parte 15 de 15

Síntese:

– A suicida e locutor em directo
– O programa da noite



—A Margarida ontem dizia-me, assim epah você escreva um livro.
—Então conte lá essa história de uma senhora que telefona para cá mas que estava com a vida feita num caco. O que é que aconteceu?
—A senhora telefona para cá completamente desorientada, ia-se suicidar. E o locutor conseguiu fazer com que ela, portanto, foi dando palavras de alento, conseguiu com que ela modificasse o seu pensamento. Essa senhora ficou muito grata e passou a ser até uma amiga muito grande da rádio sempre que precisava, que a gente precisasse, qualquer coisa ela estava sempre ao nosso lado. Ela tinha família em Lisboa, a família dela vivia na, ali na Avenida das Descobertas, nas traseiras da Avenida das Descobertas, em Belém, e a Associação Portuguesa de Radiodifusão era lá também lá na Avenida das Descobertas. E eu depois mais tarde acabei por conhecer os filhos e nora e eles vieram-me agradecer porque, pela rádio ter, ter evitado que a senhora se suicidasse. De tal forma que o Rogério passou a ser um filho dela. E a senhora estava mesmo desorientada de todo porque ela tinha, ela morava na Lourinhã, e naquela noite ela tinha dito, e disse que se ia-se suicidar mesmo, disse ao Rogério, Senhor Rogério estou-me a despedir de si e vou-me suicidar e o Rogério O que é que está a dizer?, Vou-me suicidar. Ai a senhora não faça uma coisa dessas. E o Rogério sabia o nome dela, tratou-a pelo nome, começou a falar com ela e conseguiu convencer a que ela não fosse, que ela fizesse. Ela depois mais tarde contou aos filhos e, e os filhos vieram-nos agradecer porque ela sentia-se sozinha, os filhos estavam lá para Lisboa, tinha vários problemas e a rádio conseguiu salvar-lhe a vida. Mais uma coisa que a rádio tem importância na vida das pessoas.
—Mas isso aconteceu em direto?
—Em direto, em direto. Num dos tais programa, da noite? Da noite. O programa da noite foi sempre um programa de companhia. Foi sempre um programa teve, eu por costume, e até quase por obrigação, às vezes, não era por duvidar de quem cá estava a trabalhar, mas às vezes, às duas, três da manhã, passava por aqui. Passava por aqui, abria a porta, chegava cá a cima, estava aí um bocado com eles, com ele, que ele estava sozinho. Até para lhe fazer companhia. E ouvia o programa, às vezes também entrava e assistia, e as pessoas vocês não fazem uma ideia, como é que as pessoas se abrem, as pessoas abrem-se completamente com os seus problemas mesmo em direto. É uma coisa que, às vezes eu pensava assim Como é que esta pessoa está a dizer isto em direto? Mas era aquilo que as pessoas sentiam na altura e as pessoas precisavam de carinho, precisavam de, que alguém lhe desse a mão, que alguém lhe desse uma palavra, e o programa da noite tinha isso.
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