José Dias

José Dias nasceu em 1960, filho de pai oficial militar e mãe professora. Devido às atividades profissionais dos progenitores, viveu durante a infância em Lisboa, Vila Real de Santo António, EUA, Angola. De regresso a Portugal, terminou o liceu em Sintra.

Desde cedo, mostrou um interesse especial pela tecnologia. Durante a juventude, um dos seus passatempos prediletos era desmontar e montar equipamentos. Recorda-se de, nos últimos anos do liceu, ter uma má relação com a disciplina de português.

Em 1981, com 21 anos, terminou a recruta do serviço militar obrigatório e escolheu ser colocado no Estado Maior-General das Forças Armadas (EMGFA), no departamento da televisão, onde se manteve até 1987. No EMGFA, aprendeu edição de vídeo com José Alves Pessoa e trabalhou em diversos projetos em parceria com a RTP. Em simultâneo, estudava, em regime pós-laboral, engenharia electrotécnica no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL). A falta de tempo e, sobretudo, a pouca vontade, levaram a que não terminasse a licenciatura.

Em 1987, ingressou no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) como técnico de audiovisual e formador de formadores. Aí que teve, pela primeira vez, contacto com a informática na plataforma MAC. Em 1992, respondeu a um anúncio de jornal para cargos técnicos da área do audiovisual e após uma entrevista entrou como editor de vídeo na estação de televisão SIC. Aqui,  fez parte de um grupo de 6 editores pioneiros que trabalhavam em 2 salas de pós produção equipadas com sistema Betacam SP, onde eram editadas as autopromoções e alguns programas recreativos da estação como “Ponto de Encontro”, “O Juiz Decide”, “MTV”, “Portugal Radical” e a primeira produção externa que tornou a SIC líder de audiências com o nome “Chuva de Estrelas”. A primeira experiência com edição não linear em Lightworks ocorre em 1992. Este tipo de edição necessitava de ser terminada em salas de edição online lineares com recurso ao EDL produzido no sistema Lightworks. No ano seguinte, começa também a trabalhar em sistemas online da AVID, Final Cut 7 e Adobe Premiere e DaVinci Resolve. Deu ainda formação e integrou a equipa inicial da SIC Online, que arrancou em 2001. É também nesse ano que se iniciam as emissões da SIC Notícias. Aqui, para além das normais promoções editadas com o material dos programas, começou a produzir autopromoções com material original como se faz na publicidade tradicional, atividade que desenvolveu durante vários anos. São exemplos deste tipo de produções:

– A autopromoção institucional para a SIC Notícias de 2007 Follow the Lider (episódio momentos sic “seguir o mundo em todas as direcções”) com ideia original e edição de José Dias.

– A autopromoção para SIC Radical em 2010 “The Scream” com ideia original, edição e realização de José Dias.

Após explorar o funcionamento das ferramentas de color grading nas auto promoções, em 2012, fez a primeira experiência numa série documental de Jorge Pelicano intitulada “Momentos de Mudança

Entre 2009 a 2018, coordenou a Pós produção Vídeo da SIC e participou em projetos experimentais de vídeos 360 e Realidade Virtual, produzidos para a SIC e para empresas externas (Visita Guiada a SIC 360º).

Dos trabalhos mais relevantes que fez durante a sua passagem pela SIC, destaca um projeto transmídia que começou com a autopromoção “SIC igual a SI” e o vídeo em 360 graus com o registo do tema principal da guerra das estrelas tocado por 6 órgãos em simultâneo, no interior da basílica de Mafra.

Ao longo da sua carreira foi distinguido com vários prémios: 2007 – Prémio Shark – Best News promo of the Year – Toda a Verdade – Função Editor; 2015 – MEIOS E PUBLICIDADE – Prata – SAL – Função Realizador e editor; 2015 – Menção Honrosa, Cáceres Monteiro – Colorista – GR Pedro Proença Árbitro de Elite – Função Colorista; 2016 – Prémio Cáceres Monteiro; 2015 – GR Os Sobreviventes – Função Colorista; 2016 – Prémio AMI de Jornalismo – 1º Prémio – Renegados – Função Colorista; 2016 – Prémio Cáceres Monteiro – Vencedor – Angola um Pais Rico com 20 Milhões de Pobres – Função Colorista; 2016 – Prémio Cáceres Monteiro – Menção Honrosa – E se Fosse Consigo – Função Colorista; 2017 – 19ª Edição do Prémio AMI – Jornalismo contra a Indiferença – AMI – GR Renegados – Função Colorista; 2018 – Meios e Publicidade – Prata – Star Wars Mafra 360 – Função Ideia original, realização e edição; 2018 – Meios e Publicidade – Prata – 65 Anos Força Aérea – Função Editor; 2019 – SPA Prémio Autores – Melhor programa de Informação – O Mal Entendido – Função Colorista; 2021 – Prémio de Jornalismo Direitos Humanos & Integração – Menção Honrosa – Entregues à Sorte- Função Colorista; 2021 – Prémio de Jornalismo Direitos Humanos & Integração – 1º Prémio Audiovisuais – Visíveis- Função Colorista.

Em dezembro de 2019, saiu da SIC, mas continuou a trabalhar ocasionalmente como colorista e editor em regime de freelancer numa sala de edição que montou no seu próprio escritório.

Em abril de 2020, editou o vídeo “the emptiness“, com a novidade de ter pela primeira vez uma banda sonora original composta e interpretada pelo próprio sobre as cidades vazias durante a epidemia COVID.

Dos trabalhos realizados na SIC, destaca: Promoção programa Imagens de Marca da SIC Notícias, campanha de 2007, Ideia original, edição e realização de José Dias. Onde usaram imagens originais gravadas expressamente para a auto promoção; Promo SIC com as caras da estação – As imagens foram captadas pelos próprios ou por amigos, com câmaras amadoras. Clip Cool 1, passou em 2008 Clip Cool 2 passou em 2009.

José Dias foi entrevistado e registado por Paulo Barbosa em Lisboa a 6 Novembro 2023

Parte 1 de 3

00:00:40 – a família de José Dias;
00:02:11 – percurso escolar; a sua paixão inicial por eletricidade e eletrónica levou-o a tentar reparar equipamentos desde jovem;
00:04:57 – após experiências escolares instáveis, entrou para o serviço militar e posteriormente ingressou no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL) para estudar Engenharia Eletrotécnica; desistência do curso;
00:07:08 – impacto do 25 de abril de 1974 na vida familiar e experiência escolar;
00:10:48 – em 1982 trabalhou no departamento de televisão do Estado Maior General das Forças Armadas (EMGFA), onde teve contato pela primeira vez com produção de vídeo;
00:16:03 – a produção e arquivo em película e vídeo no EMGFA;
00:19:40 – funções desempenhadas no departamento de vídeo do EMGFA; sonoplastia; edição de vídeo registado em fita de polegada e U-MATIC;
00:24:35 – formação em vídeo; a RTP (Rádio Televisão Portuguesa) e ETIC (Escola de Tecnologias Inovação e Criação – escola profissional) na formação audiovisual; autoformação e aprendizagem de edição de vídeo com Zé Alves Pessoa e operação de câmara com Geraldo
00:27:09 – a separação de serviços de produção de vídeo e arquivo entre o EMGFA e a CHESMATI (Chefia do Serviço de Material de Instrução);
00:27:55 – projetos no EMGFA, incluindo produções para os militares;
00:28:24 – experiência de coprodução com a RTP realizada por Vítor Manuel;
00:32:10 – a experiência de ensino e formação de formadores no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) antes da entrada na SIC;
00:38:21 – início do uso de equipamentos Macintosh no IEFP; utilização para fazer ilustrações;
00:41:41 – entrada para a SIC (Sociedade Independente de Comunicação), desde o início da emissora em 1992; trabalho na SIC como editor de vídeo; trabalho como editor especialmente dedicado às autopromoções;
00:49:19 – participação na edição de programas recreativos de produção interna e externa.

Parte 2 de 3

00:00:12 – autopromoção na SIC; equipa responsável e processo de criação das autopromoções;
00:02:13 – a equipa de copy assistia programas e séries, fazia notas à mão com timecodes das partes relevantes; a locução era gravada e a promoção passava pela pós-produção de áudio;
00:02:39 – duração das autopromoções; inicialmente, visavam sempre 30 segundos, mas podiam estender-se conforme necessário, especialmente para institucionais;
00:04:14 – o processo de produção de autopromoções novas; promoções totalmente gráficas eram usadas quando não existiam imagens disponíveis;
00:06:24 – autopromoções produzidas integralmente pela equipa da SIC, com influência de Mónica Guimarães;
00:07:40 – exceção do recurso a edição externa para edição de autopromoções na empresa Casa das Máquinas, com o editor Ricardo Luís;
00:08:56 – equipamento usado na ilha linear para fazer edição na SIC (Betacam SP e Sony);
00:10:29 – processo de formação profissional na SIC; comparação com operação de equipamentos na Telecine Moro;
00:13:31 – a liberdade do processo de criação da autopromoção, com origem no editor e não no copy;
00:15:46 – exemplo de promoção com ideia original: “SIC igual a Si” (Clip Cool), promoção institucional com as caras da SIC, por exemplo, Clara de Souza, e apoio do Diretor de Autopromoção Daniel Cruzeiro; inspiração no institucional da SuperBock (SuperBock “Momentos” 2008, Realizador José Pedro, Ministério dos Filmes);
00:18:59 – uso de câmaras Samsung na promoção institucional;
00:20:02 – escolha da música “You Picked Me” da banda americana A Fine Frenzy; processo de pedido dos direitos musicais; a autopromoção da SIC como projeto transmedia;
00:24:43 – transição para edição não linear e introdução a 16×9; mudança para edição não-linear com AVID; a transição para 16×9 foi gradual, começando na SIC Mulher e SIC Radical; edição de materiais 16×9 para transmissão em 4×3; as soluções incluíam cortar partes da imagem ou inserir barras pretas para manter a proporção correta;
00:28:17 – a introdução do sistema de edição não linear; editor Lightworks, por volta de 1994; edição não linear seguida de edição linear com recurso a EDL (Edit Decision List);
00:31:25 – introdução de AVID na edição;
00:33:45 – custos e complexidade da produção; equipamentos de alta qualidade e ilhas de edição custavam aproximadamente 1.200.000 euros;
00:36:21 – especialização dos editores; cada canal da SIC tinha linguagem e grafismos próprios, aumentando a complexidade da produção;
00:38:20 – produção interna de programas da SIC Caras e SIC Noticias, como Noite da má língua com Júlia Pinheiro;
00:40:12 – Miguel Barriga como editor mais ligado a autopromoções na SIC radical;
00:41:00 – mudanças com a expansão online; a SIC Online iniciada por José Alberto Carvalho e Miguel Madeira no desenvolvimento;
00:44:23 – impacto negativo do 11 de setembro e extinção da SIC Online;
00:46:13 – Instagram; formato de imagem 9:16; Facebook;
00:48:00 – os melhores momentos; destaques; exemplo dos Globos de Ouro;
00:49:00 – departamento específico de cortes das novelas, que adaptava os episódios para o público português e produzia conteúdo para o canal online.

Parte 3 de 3

00:00:12 – colaboração com Jorge Pelicano; trabalho com tratamento de imagem e função de colorista na SIC;
00:03:48 – inicialmente, o trabalho de color grading foi feito em AVID, passando pelo Final Cut 7 e DaVinci; a importância da série documental Momentos de Mudança, em termos de tratamento de imagem; a inclusão do cargo de colorista na ficha técnica;
00:05:23 – a procura por tratamento de imagem cresceu entre os jornalistas da SIC, resultando na inclusão deste serviço em todas as grandes reportagens;
00:08:21 – o processo de criação de uma autopromoção;
00:09:52 – promoção “Não desistas”;
00:13:18 – o problema dos direitos musicais;
00:14:29 – o processo de decisão de finalização de um projeto;
00:16:21 – a rotina diária; cartões de patrocínio;
00:19:21 – como e quando terminou o trabalho na SIC;
00:20:00 – outras áreas técnicas onde José Dias se envolveu, como manutenção de equipamentos de pós-produção e núcleo de novas tecnologias com Rafael Antunes; reforma;
00:24:08 – trabalho como colorista freelancer;
00:24:42 – importância da aprendizagem contínua e da adaptação às novas tecnologias no campo audiovisual;
00:26:13 – conselhos para iniciar na profissão de editor; a importância de definir objetivos, manter o foco e aprendizagem contínua; processo de tentativa e erro na aprendizagem;
00:31:37 – o processo de seleção que usava para escolher os novos editores; a importância do showreel;
00:33:57 – experiência em projetos pioneiros; o desafio técnico de editar vídeos em 360 graus, como o projeto realizado no Mosteiro de Mafra, que exigiu o uso de drone e aprendizagem de novas ferramentas de edição;

Conteúdo salvaguardado em arquivo.pt