Mário António da Mota Mesquita

Mário António da Mota Mesquita, conhecido por Mário Mesquita, nasceu a 5 de janeiro de 1950, em Ponta Delgada, Açores. Iniciou a atividade profissional como jornalista aos 20 anos, acumulando com uma efetiva intervenção política, até 1978. Foi jornalista do República (1971-1975), diretor (1978-1986) e diretor-adjunto (1975-1978) do Diário de Notícias; diretor do Diário de Lisboa (1989-1990).
Mário Mesquita foi um dos fundadores do Partido Socialista e, após o 25 de Abril, foi eleito deputado à Assembleia Constituinte e à Assembleia da República, tendo sido um dos principais responsáveis pelo articulado da Constituição sobre a comunicação social.
Em 1978 abandonou a política profissional; optou pelo jornalismo em detrimento de uma carreira política. Licenciou-se em Ciências da Comunicação pela Universidade Católica de Lovaina.
Mário Mesquita começou o seu percurso como professor universitário na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Lecionou, também, na Universidade de Coimbra (foi um dos responsáveis pela fundação da licenciatura em Jornalismo), na Escola Superior de Comunicação Social e na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.
Foi colunista do Público, do Diário de Notícias e do Jornal de Notícias. É autor de várias obras sobre comunicação e jornalismo, como O Quarto Equívoco – o Poder dos Media na Sociedade Contemporânea (MinervaCoimbra, 2003) e O Estranho Dever do Cepticismo – Vinte Anos de Comentários de Imprensa (Tinta-da-China, 2013).

Projeto Jornalistas na Revolução, Arquivo de Memória Oral das Profissões da Comunicação, com Mário Mesquita em conversa com Anabela de Sousa Lopes. Registado por Miguel Carrapiço, nos Estúdios TV da Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa, a 21 de junho de 2021.

Mário António da Mota Mesquita

parte 1 de 2

Entrevistado por Anabela de Sousa Lopes. Registado por Miguel Carrapiço, nos Estúdios TV da Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa, a 21 de junho de 2021.

Mário Mesquita parte 1 de 2 aos 0M22S – – O contexto familiar; o primeiro contacto com o jornalismo: “isso dos estágios gratuitos não começou recentemente”; sindicaliza-se em dezembro de 1971; Ponta Delgada; Universidade Católica de Lovaina.
Mário Mesquita parte 1 de 2 aos 2M1S – Os jornais onde trabalhou, por ordem cronológica: República; Jornal Novo; Diário de Notícias; Diário de Lisboa. Estagiário; redator; editor/coordenador; diretor-adjunto; diretor; Conselho de Redação; Delegado Sindical.
Mário Mesquita parte 1 de 2 aos 3M4S – A ausência de cursos de jornalismo nas universidades portuguesas. O jornalismo tinha pouco prestígio nas universidades; o prestígio social da profissão também “era fraco”. Jean Seaton; BBC; Franquismo.
Mário Mesquita parte 1 de 2 aos 6M7S – A primeira tentativa de formação em jornalismo, aos 14 anos: um curso por correspondência. Brasil; estágio; bibliografia; Fernando Pires; Fraser Bond.
Mário Mesquita parte 1 de 2 aos 9M9S – O início da docência na Universidade Nova de Lisboa, como professor convidado, quando era diretor do Diário de Notícias. Depois de sair do jornal, procurou apoio para fazer a licenciatura na Bélgica; teve bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Adriano Duarte Rodrigues; Louvain-la-Neuve; Universidade Católica de Lovaina.
Mário Mesquita parte 1 de 2 aos 11M30S – – A importância de uma viagem aos Estados Unidos da América, enquanto diretor do Diário de Notícias: conheceu jornais, televisões e escolas de jornalismo. Universidade de Columbia; Universidade da Califórnia.
Mário Mesquita parte 1 de 2 aos 13M35S – – O período antes do 25 de Abril de 1974; jornalista no jornal República, mas também “comentarista político”. Ainda hoje guarda “a coleção das provas de censura”. Censor; carimbo.
Mário Mesquita parte 1 de 2 aos 16M10S – – O 25 de Abril de 1974; tinha sido avisado, na véspera, por Alberto Arons de Carvalho, de que ocorreria “o golpe”; descrição desse dia. Oposição democrática; PIDE; MFA; Comissão Coordenadora do MFA; Kaúlza de Arriaga; censura; António José de Almeida.
Mário Mesquita parte 1 de 2 aos 20M2S – – A composição do República e as suas características. No dia 25 de Abril de 1974 fez entrevistas a várias individualidades, no Largo do Carmo; tinha sempre a preocupação de “fazer um enquadramento histórico daquilo que se passava. Não me queria limitar àquilo que era o presente”. Vespertino; Rua da Misericórdia.
Mário Mesquita parte 1 de 2 aos 20M48S – – A forte ligação à política, enquanto jornalista; militante do Partido Socialista. Até ao 25 de Abril de 1974 foi uma situação pacífica. “Não se pode ser jornalista e ser indiferente a um regime político que funciona na base da censura prévia”. Manuel Serra; Golpe de Beja; Vasco da Gama Fernandes; Revolta da Sé; II Guerra Mundial; Forças Armadas; Ditadura; Censura; Serviços de Censura; Provas de censura; Restaurante Tavares Rico; Igreja da Misericórdia; Partido Socialista; Diálogos com o meu Censor; O Século; Diário de Notícias; República; Américo Tomás; Raul Rêgo.

Mário António da Mota Mesquita

parte 2 de 2

Entrevistado por Anabela de Sousa Lopes. Registado por Miguel Carrapiço, nos Estúdios TV da Escola Superior de Comunicação Social, em Lisboa, a 21 de junho de 2021.

Mário Mesquita parte 2 de 2 aos 0M11S – – O jornal República antes do 25 de Abril de 1974. A partir de 1972, “houve uma grande modificação, com a vinda de pessoas do Diário de Lisboa”. Antónia de Sousa era a única mulher na redação. “Havia diferenças ideológicas profundas”. Antes da revolução, havia “uma coexistência pacífica”. I República; Luís Dias Amado; Maçonaria; Grande Oriente Lusitano; Acção Socialista Portuguesa; Partido Socialista; Diário de Lisboa; Raul Rêgo; Vítor Direito, Antónia de Sousa; Partido Comunista Português; Tipografia.
Mário Mesquita parte 2 de 2 aos 3M35S – – O jornal República depois do 25 de Abril de 1974; emergiram com muita força as diferenças ideológicas; Mário Soares e Salgado Zenha em protesto contra o fecho do jornal. União Soviética; Caso República; François Mitterrand; Tipografia; PCP; PS; Mário Soares; Salgado Zenha.
Mário Mesquita parte 2 de 2 aos 5M47S – – A Lei de Imprensa de 1975; ficou pronta em setembro de 1974 e “consagrava a liberdade de expressão”. As forças mais radicais, de esquerda, conseguiram adiar a aprovação até março de 1975.
Mário Mesquita parte 2 de 2 aos 7M16S – – A força das tipografias dentro dos jornais; o programa do Movimento das Forças Armada (MFA): “o medo de que liberdade de expressão criasse uma anarquia”; os jornais de província. Partido Comunista Português; extrema-esquerda; Trotskistas; Socialistas; Spinolistas; Comissão ad hoc para os media; A Capital; República; António de Spínola; 28 de Setembro de 1974; Colónias; jornais de província; jornais regionais; jornais católicos; propaganda; Conselho de Imprensa.
Mário Mesquita parte 2 de 2 aos 13M41S – – O Jornal Novo; “no verão quente de 1975 foi criado um jornal para o qual me mudei – o Jornal Novo”, dirigido por Artur Portela; cargo de coordenador da área da política; as entidades privadas que investiam no jornal, retraíram-se; faltou dinheiro para pagar salários.
Mário Mesquita parte 2 de 2 aos 15M13S – – A interrupção da atividade como jornalista quando foi eleito deputado à Assembleia Constituinte; “Intervim bastante no campo da imprensa e da comunicação social”; em dezembro de 1975 regressa ao jornalismo, como diretor-adjunto do Diário de Notícias. Partido Socialista; Constituição; Conselhos de Informação.
Mário Mesquita parte 2 de 2 aos 16M41S – – A expectativa de Mário Soares em relação ao futuro político de Mário Mesquita; evocação da Primeira República. Brito Camacho; Partido Unionista; A Lucta; Editorial; Mário Soares; João Soares.
Mário Mesquita parte 2 de 2 aos 18M35S – – “Não queria ser um político profissional; tive essa possibilidade”; o jornalismo era uma forma de estar na política sem estar “dependente de uma máquina partidária”; foi “seduzido” por outras forças políticas e recusou todos os convites.
Mário Mesquita parte 2 de 2 aos 20M59S – – As alterações de organização do trabalho e as mudanças tecnológicas: a principal foi “nos anos 80, com a introdução da informática”; em 1989/90, o Diário de Lisboa já estava informatizado, “o que só tinha vantagens para os jornalistas”. Sindicatos dos Tipógrafos; La Vanguardia; família Godó; El País; Mario Vargas Llosa; Gabriel García Márquez; Julio Cortázar; Diário de Lisboa.
Mário Mesquita parte 2 de 2 aos 25M36S – – As redes sociais e o jornalismo; a credibilidade das fontes jornalísticas; “uma das minhas escolas de jornalismo foi a imprensa estrangeira, particularmente a francesa”; a partir dos anos 80 “tive de dar atenção à bibliografia inglesa e norte-americana”. The New York Times; Público; El País.
Mário Mesquita parte 2 de 2 aos 28M12S – – A formação cultural e literária foi vantajosa para o desempenho da profissão de jornalista; o jornalismo na atualidade: apesar de tudo, “hoje há uma convicção clara de que o jornalismo é necessário”. Liceu Antero de Quental; Ponta Delgada; Taking Journalism Seriously.

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