Joaquim Vieira

Joaquim Manuel Prudêncio Vieira, jornalista português, nasceu em 16 de fevereiro de 1951, em Leiria. Frequentou o curso Engenharia de Minas, no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, envolvendo-se na luta política e académica, desde 1968, militando na extrema esquerda, na órbitra dos Comités Comunistas Revolucionários (marxistas-leninistas). Em 1972 é preso e, no ano seguinte, julgado em Tribunal Plenário. Exilado político em Paris, regressa a Portugal após o 25 de Abril, nesse ano, é selecionado para frequentar uma formação, financiada pelo Estado Português, no Centre de Formation et Perfectionemente des Journalistes, em Paris. Em 1975 entra como estagiário para a Radio Televisão Portuguesa (RTP), tornando-se repórter televisivo, até ser convidado, em 1981, para ingressar na equipa da recém-criada Revista do jornal Expresso. Destacando-se, desde então, como um dos pioneiros do jornalismo de investigação em Portugal. Com a saída de vários jornalistas deste semanário, para criar um novo jornal diário, o Público, Joaquim Vieira assume o cargo de diretor-adjunto do Expresso, entre 1989 e 1993. Após a sua demissão deste semanário, passa a integrar a equipa da revista Visão, mas por um curto espaço de tempo. Em 1994 foi cofundador e presidente do Observatório da Imprensa- Centro de Estudos Avançados de Jornalismo, cargo que ocupa até à atualidade. Em 1996, é convidado por Joaquim Furtado, para o cargo de diretor-adjunto para os Programas, da RTP, num momento particularmente difícil para o canal do Estado, quando se observava uma quebra acentuada de audiências, resultante da forte concorrência com os novos canais privados, SIC e TVI. Após a sua demissão, em 1998, começa a dedicar-se à publicação de vários trabalhos de história contemporânea portuguesa, dos quais destacamos os dez volumes, Portugal Século XX- Crónica em Imagens, editados, entre 1999 e 2001, e a coordenação da coleção Fotobiografias do Século XX (10 volumes, 2001 a 2003), algumas delas de sua autoria, Almada Negreiros (2001), António Oliveira Salazar (2001), Marcelo Caetano (2002), Joshua Benoliel (2008). Entre 2004 e 2005 foi diretor da revista Grande Reportagem. Entre 2008 e 2009, desempenhou o cargo de provedor do leitor do jornal Público. Mantem até à atualidade uma intensa atividade editorial, da qual destacamos, Mário Soares: Uma Vida (2013), Álvaro Cunhal – o Homem e o Mito (2013), Francisco Pinto Balsemão- O patrão dos media que foi primeiro ministro (2017), José Saramago: Rota de vida – Uma biografia (2018). Desde 2006, Joaquim Vieira tem, ainda, desenvolvido atividade na área do guionismo e realização de documentários, entre outros, Os Mitos da República (2011), A Cantiga era uma arma (2014), O Arquitecto de Lisboa (2018). Integra, desde 2015, o painel do programa semanal, da RTP3, O Último Apaga a Luz.

Conversa conduzida por Júlia Leitão Barros. Registado na ESCS em 25 de Março de 2021 por Miguel Carrapiço

Joaquim Manuel Prudêncio Vieira

parte 1 de 4

Entrevista conduzida por Júlia Leitão Barros. Registado na ESCS em 25 de Março de 2021 por Miguel Carrapiço

Joaquim Vieira parte 1 de 4 aos 0M40S – infância e formação, na cidade de Leiria; do gosto por geologia à engenharia de minas;
Joaquim Vieira parte 1 de 4 aos 3M52S – Instituto Superior Técnico: atividade política estudantil, associação de estudantes, guerra colonial e maio de 68; iniciação política, apoio do pai a Humberto Delgado;
Joaquim Vieira parte 1 de 4 aos 7M45S – militância na extrema esquerda, na órbitra dos Comités Comunistas Revolucionários (marxistas-leninistas), impressão de folhetos apartamento no Cacém, policopiadora; preso em 1972, prisões de Caxias e Peniche:
Joaquim Vieira parte 1 de 4 aos 13M57S – necessidade de unidade das oposições, divididas até na prisão; leitura do Expresso, 1973, proibida na prisão; ala liberal do regime, “tudo o mesmo”; o fim do regime não estava para breve;
Joaquim Vieira parte 1 de 4 aos 16M17S – o exílio em Paris, Mário Soares, João Soares, Salgado Zenha, Duarte Teives; obtenção do estatuto de exilado político, autorização residência e subsídio mensal;
Joaquim Vieira parte 1 de 4 aos 20M55S – o 16 de março de 1974, em Paris, Mário Soares, João Soares e Maria Barroso, falta de informação e receio de golpe de direita; primeira vez num estúdio de televisão, Radiodiffusion- Télévision Française (RTF), entrevista a Mário Soares;
Joaquim Vieira parte 1 de 4 aos 23M24S – o inesperado “25 de Abril”, na delegação de um banco agrícola, Alberto Costa; resposta a anúncio para rececionista de um hotel, recusado pelo sotaque;
Joaquim Vieira parte 1 de 4 aos 28M24S – regresso a 10 de maio de 1974, “comboio da liberdade” não se concretiza;
Joaquim Vieira parte 1 de 4 aos 29M20S – retoma curso engenharia minas; datilógrafo empresa de navegação; 1º Governo provisório abre concurso para candidatos a uma formação em jornalismo, de três meses, em Paris;
Joaquim Vieira parte 1 de 4 aos 32M46S – curso de formação em Paris, Centre de Formation et de Perfectionnement des Journalistes (CFPJ), Hubert Beuve-Méry, Le Monde, um dos 40 alunos portugueses, Mário Bettencourt Resendes, Diário de Notícias (DN), Pedro Luís Castro, Rádio Televisão Portuguesa (RTP), Miguel Reis, Jornal de Notícias (JN), Maria Elisa, RTP, Pedro Mariano, RTP, João Vale de Almeida, embaixador da União Europeia (EU) nos Estados Unidos da América (EUA); seleção dos candidatos, testes psicotécnicos, Raul Rego;
Joaquim Vieira parte 1 de 4 aos 36M4S – componente prática da formação em Paris, imprensa escrita, rádio e televisão, estágio no Le Nouvel Observateur e no Le Figaro; 2ª Governo provisório, visita capitão Tomás Rosa;
Joaquim Vieira parte 1 de 4 aos 39M33S – distribuição de estágios de dois meses, RTP, DN, JN, Emissora Nacional (EN), Agência Noticiosa Portuguesa (ANOP); a preferência pela imprensa escrita, a referência do Le Monde; estágio na RTP, fevereiro de 1975, no arquivo, recortes sobre política internacional, Time e Newsweek
Joaquim Vieira parte 1 de 4 aos 46M20S – RTP, Ramalho Eanes, capitão Bargão dos Santos, diretor de informação, Fernando Carneiro, diretor de informação; telejornal mantivera formato do período anterior ao 25 de Abril; Maria Augusta Seixas e Joaquim Letria, BBC; primeiras reportagens, atenção à edição, voz off, alternar depoimentos;
Joaquim Vieira parte 1 de 4 aos 50M11S – uso do filme, equipa operador de imagem, operador de som, assistente de imagem, planos de corte, necessidade de mais imagens;
Joaquim Vieira parte 1 de 4 aos 52M6S – 11 de Março, Adelino Gomes, Joaquim Furtado; maior tensão, saneamentos, documento Veloso, referência a 10 estagiários; manutenção da hierarquia, chefe de redação, diretor, subdiretor, alinhamento, censura de reportagem;

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parte 2 de 4

Entrevista conduzida por Júlia Leitão Barros. Registado na ESCS em 25 de Março de 2021 por Miguel Carrapiço

Joaquim Vieira parte 2 de 4 aos 0M10S – eleições assembleia constituinte, prolongamento do estágio; controlo editorial, censura de reportagem sobre expulsão patrão de empresa madeiras, no “ar” cinco anos depois, programa “Balanço da década”, Joaquim Furtado;
Joaquim Vieira parte 2 de 4 aos 5M37S – eleições 1980, RTP, entrevista Mário Soares, reeleição de Eanes; reportagem na Madeira, 1976;
Joaquim Vieira parte 2 de 4 aos 7M51S – pertença a célula de jornalistas da extrema esquerda, rádio Renascença e República; falta de neutralidade; plenários Sindicato dos Jornalistas, Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP), Partido Comunista Português (PCP), União Democrática Popular (UDP); o jornal Século;
Joaquim Vieira parte 2 de 4 aos 10M11S – coorganizou o primeiro conselho de redação da RTP, diretor Carlos Veiga Pereira; clivagem novos e velhos jornalistas, José Manuel Matos, PCP, José Mensurado, Fernando Pessa, British Broadcasting Corporation (BBC);
Joaquim Vieira parte 2 de 4 aos 15M3S – na RTP, Joaquim Letria, José Gabriel Viegas; divergências de linguagem, uso da palavra “imperialismo”; referência informação da televisão francesa e cassete de telejornal da emissora americana National Broadcasting Company (NBC); telejornal, tinha falta de edição, sem diretos, sem voz off, colagem de depoimentos, “podia demorar duas horas”;
Joaquim Vieira parte 2 de 4 aos 18M55S – reportagens em Luanda, Angola, antes independência; distribuição de serviço ao exterior na RTP, Adelino Gomes em Timor; combates Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA); indicações sobre reportagens não foram seguidas; reportagem sobre portugueses presos pelo MPLA; montadores, operadores; reportagem sobre rescaldo do assalto embaixada de Espanha, Lisboa.
Joaquim Vieira parte 2 de 4 aos 25M40S – 25 de Novembro, linguagem televisiva não muda na RTP; limitações do vídeo; Duran Clemente na RTP; pós-25 de novembro mudança de orientação política, ingresso de jornalistas da imprensa escrita, José Eduardo Moniz, Diário Popular;
Joaquim Vieira parte 2 de 4 aos 30M32S – criação RTP2 informação mais critica, menos oficiosa, Fernando Lopes, Ernâni Lopes, Joaquim Furtado, ator Artur Semedo; Magazine, referência caso Watergate, Richard Nixon, jornalismo de investigação; grandes reportagens, habitação social, importação batata; obrigatório jornalista surgir início e fim da reportagem; critica de Mário Castrim;
Joaquim Vieira parte 2 de 4 aos 36M34S – RTP, direção Proença Carvalho, maior controlo informação, RT1 da Aliança Democrática (AD), RTP 2 Partido Socialista (PS); morte de Sá Carneiro, Joaquim Furtado, Henrique Garcia, Proença de Carvalho impede saída da notícia, Freitas do Amaral;
Joaquim Vieira parte 2 de 4 aos 40M3S – Expresso saída de Francisco Balsemão, Marcelo Rebelo de Sousa, rotina e falta de profissionalismo, “papelinhos” com informação política; fevereiro 1981, criação Revista, Vicente Jorge Silva, Helena Vaz da Silva; convite Augusto de Carvalho para entrar Expresso; António Mega Ferreira; colaboradores;
Joaquim Vieira parte 2 de 4 aos 46M36S – aposta jornalismo investigação, jornalismo criminal; contactos com polícia judiciária, ministério público; presidenciais de 1986, a novidade dos perfis de Maria Lurdes Pintassilgo, Salgado Zenha, Mário Soares e Freitas do Amaral; caso Teledifusão de Macau (TDM), Mário Soares, Robert Maxwell, Sílvio Berlusconi, Carlos Melancia, caso Emaudio, caso do fax de Macau, jornal Independente;
Joaquim Vieira parte 2 de 4 aos 52M34S – investigação para o Expresso o caso Grupos Antiterroristas de Libertação (GAL), de combate à Euskadi Ta Askatasuna (ETA), Filipe González, jornalista Celestino Amaral; saída de metade da redação do Expresso para o Público, José Hermano Saraiva, Clara Ferreira Alves, Francisco Pinto Balsemão;

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parte 3 de 4

Entrevista conduzida por Júlia Leitão Barros. Registado na ESCS em 25 de Março de 2021 por Miguel Carrapiço

Joaquim Vieira parte 3 de 4 aos 1M2S – diretor adjunto do Expresso, crescimento contínuo de tiragens, de 1981 a 1993, importância da Revista; António José Saraiva, 1º caderno, importância primeira página, notícia de internacional;
Joaquim Vieira parte 3 de 4 aos 5M15S – Francisco Pinto Balsemão relação com o Expresso, não interferência, grupo Bilderberg; Vicente Jorge Silva, José António Saraiva; demissão do Expresso, notícia sobre Joe Berardo, SIC; Diário Popular; diretor gráfico, Luís Ribeiro, Mestre.
Joaquim Vieira parte 3 de 4 aos 17M55S – entrada na Visão, convite Joaquim Furtado para diretor-adjunto para os programas da RTP, Cesário Borga diretor de informação; demissão da RTP, reportagem congresso da UNITA;
Joaquim Vieira parte 3 de 4 aos 21M18S – queda de audiências da RTP, concorrência televisões privadas, tutela governamental um “superdiretor”, Miguel Sousa Tavares;
Joaquim Vieira parte 3 de 4 aos 23M2S – documento de contestação linha editorial RTP, em 1977; Jacinto Godinho; acidente de aviação Madeira;
Joaquim Vieira parte 3 de 4 aos 26M25S – jornalismo no período revolucionário, ninguém foi neutro, jornalistas “irmãos inimigos”, ódio verbal, Partido Comunista, reconstruído, PC(R), UDP, DN;
Joaquim Vieira parte 3 de 4 aos 32M20S – normalização democrática com AD, revisão constituição de 1982; conflitos prolongaram-se na ANOP;
Joaquim Vieira parte 3 de 4 aos 34M48S – nova RTP, década de noventa, SIC introduz direto;
Joaquim Vieira parte 3 de 4 aos 37M37S – década de noventa, visita à revista Life, Nova Iorque, perceção da importância da internet, Expresso, Pinto Balsemão, a ameaça aos jornais de papel; Michael Crichton anuncia último leitor de jornal em papel em 2043;
Joaquim Vieira parte 3 de 4 aos 42M16S – resistência jornalistas aos computadores, introduzidos na maquetagem do jornal;
Joaquim Vieira parte 3 de 4 aos 45M0S – cofundação e presidência do Observatório da Imprensa, Congresso Internacional de Jornalismo, Rio de Janeiro, 1994, Rui Paulo da Cruz e Tereza Moutinho; formação, reflexão, colóquios; fundos europeus e do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP); jornalista Sílvia Caneco;
Joaquim Vieira parte 3 de 4 aos 51M5S – diretor da revista Grande Reportagem, Grupo Lusomundo, Portugal Telecom (PT), coronel Luís Silva, Joaquim Oliveira, Oliverdesportos; suplemento DN e JN; Provedor do Público, caso escutas no Palácio de Belém, Cavaco Silva, José Sócrates;

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parte 4 de 4

Entrevista conduzida por Júlia Leitão Barros. Registado na ESCS em 25 de Março de 2021 por Miguel Carrapiço

Joaquim Vieira parte 4 de 4 aos 0M15S – Provedor do Público, José Manuel Fernandes, escutas ao palácio Belém, investigação, Tolentino de Nóbrega, Luciano Alvarez, Rui Paulo de Figueiredo, Fernando Lima, Ferreira Fernandes, DN, Mário Soares;
Joaquim Vieira parte 4 de 4 aos 7M55S – biografia Mário Soares, editora Esfera dos Livros, Grande Reportagem, Público, Expresso, Fundação Mário Soares, fax de Macau, Rui Mateus, Emaudio; Mário Soares revisão de entrevistas;
Joaquim Vieira parte 4 de 4 aos 17M10S – jornalismo e história contemporânea, o programa “O Último Apaga a Luz”, RTP, o editorial e comentário; Vicente Jorge Silva, Revista do Expresso;
Joaquim Vieira parte 4 de 4 aos 20M39S – atualmente gere empresa de vídeos, realiza documentários, Natália Correia, António Costa;
Joaquim Vieira parte 4 de 4 aos 22M6S – Expresso, Francisco Pinto Balsemão, separação administração e redação; Público, Correio da Manhã (CM); desafio hoje é pensar o jornalismo para o écran, ciberjornalismo, infografia.
Joaquim Vieira parte 4 de 4 aos 30M8S – importância do jornalismo: dar notícia em primeira mão, obter informação exclusiva, todo o jornalismo é de investigação; importância das regras; rigor na citação de fontes; Expresso, Marcelo Rebelo de Sousa; criar novas linguagens; memes, Facebook, fake news; redução espaço jornalismo;
Joaquim Vieira parte 4 de 4 aos 36M30S – vivemos um período de criação, haverá lugar para as televisões generalistas? Neteflix, Século, DN, JN, CM, Público, Expresso; como fidelizar o público?
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