Cesário Borga Martins nasceu a 27 de novembro de 1944, na freguesia de Lapas, Torres Novas, onde frequentou a Escola Comercial. Começou a trabalhar muito jovem e, aos 16 anos, o emprego como dirigente da associação Juventude Operária (JO) conduziu-o a Lisboa. Em 1964, iniciou a colaboração à peça com a revista Flama, na qual se manteve durante quatro anos, ao mesmo tempo que frequentava o liceu Camões. Prestou serviço militar, em 1968, seguindo para Moçambique, durante a Guerra Colonial. Em 1970, regressou do Ultramar e ingressou no jornal A Capital. Dois anos depois, seguiu para o Diário de Lisboa, redação onde viveu o 25 de Abril de 1974.
Após a Revolução, aceitou o desafio de trabalhar na RTP, num tempo em que a televisão pública precisava de jornalistas com verdadeiro sentido profissional. A ideia era permanecer seis meses, mas acabou por ficar 35 anos. Entre 1986 e 1995, assumiu o cargo de coordenador do “Jornal das 9” e do “Jornal 2”. Nos três anos seguintes, foi diretor-adjunto de informação, com Joaquim Furtado. Entre 1998 e 2005, tornou-se correspondente da RTP, em Madrid. Novamente em Portugal, coordenou o programa semanal “Em Reportagem”, entre 2005 e 2009. Ao serviço da RTP, foi ainda repórter parlamentar e enviado especial em países da América Latina, como Brasil, Chile e Uruguai, ou da Ásia, nomeadamente, China, Índia, Japão, Coreia do Sul e Tailândia.
No final da carreira na RTP, procurou juntar a experiência de mais de 40 anos como jornalista à formação académica que lhe faltava. Em 2008, concluiu o mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias de Informação, do ISCTE, com a dissertação “A Terceira Era da Televisão”. Integrou a equipa do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia. No CIES, participou no projeto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) “As novas gerações de jornalistas em Portugal”.
Paralelamente ao exercício do jornalismo e à vida académica, Cesário Borga mantém, desde jovem, uma empenhada atividade sindical. Desde 1973 que integra a direção do Sindicato de Jornalistas, organização a que presidiu entre 1982 e 1984. É vice-presidente do Clube de Jornalistas e é membro do Conselho Geral da Casa de Imprensa.
Cesário Borga é ainda autor dos livros Portugal depois de Abril (1976), Abril nos Quartéis de Novembro (1989) e, no género romance, de O Agente da Catalunha (2012), Ethel-Amanhã em Lisboa (2014) e O Último Beijo da Mamba Verde (2017).
Cesário Borga em conversa com Fátima Lopes Cardoso. Registado por Paulo Barbosa, em Lisboa a 14 de Junho de 2021.
Cesário BorgaParte 1 de 2 Entrevistado por Fátima Lopes Cardoso. Registado por Paulo Barbosa em Lisboa a 14 de Junho de 2021 |
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Cesário Borga parte 1 de 2 aos 0M10S – apresentação; dados biográficos; formação académica: mestrado em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação, do ISCTE, mas já depois de sair da RTP; conhecimento de línguas; profissão dos pais; contexto em que cresceu e onde trabalhou; entrada para o jornalismo; serviço militar; referência à experiência na Guerra Colonial, em Moçambique; passagem para a imprensa diária, n’A Capital. Cesário Borga parte 1 de 2 aos 7M50S – experiência n´A Capital com outros jornalistas de renome; referência a Manuela Alves, a única mulher na redação; prática de produção jornalística no vespertino; menção a José Saramago e Teresa Horta, colaboradores d’A Capital; passagem para o Diário de Lisboa; áreas jornalísticas em que trabalhou na redação; Cesário Borga parte 1 de 2 aos 10M37S – ingresso no Diário de Lisboa; entrada na RTP, a seguir ao 25 de Abril de 1974; como aprendeu a linguagem do jornalismo televisivo; Cesário Borga parte 1 de 2 aos 15M8S – importância das qualificações académicas no início da atividade como jornalista; aprendizagem com a experiência; indicação da habilitação mínima para, à época, se ingressar na profissão e obter a Carteira Profissional; Cesário Borga parte 1 de 2 aos 17M26S – características necessárias para ser jornalista; aprendizagem como autodidata; referência à influência das leituras da obra de Marshall McLuhan; Cesário Borga parte 1 de 2 aos 20M24S – como viveu o 25 de Abril, na altura no Diário de Lisboa; contactos próximos com os capitães de Abril; mudança da redação da rua Castilho para o Bairro Alto; referência à primeira edição do jornal sem censura; Cesário Borga parte 1 de 2 aos 24M34S – escrever em liberdade; os jornais no dia a seguir à Revolução; Cesário Borga parte 1 de 2 aos 26M30S – convulsão nos meios de comunicação a seguir ao 25 de Abril; Cesário Borga parte 1 de 2 aos 27M45S – exercer jornalismo em ambiente de revolução; saneamento no jornalismo; entrada para a RTP no Verão de 1974; preferência pela cobertura dos acontecimentos de rua e não de estúdio; evolução tecnológica na RTP; Cesário Borga parte 1 de 2 aos 32M43S – mudanças na classe jornalística; memórias e considerações sobre a primeira oferta académica em Jornalismo, na FCSH, da Universidade Nova; os novos jornalistas com formação superior; Cesário Borga parte 1 de 2 aos 38M6S – a redação da RTP em 1975; luta dos jornalistas pela autonomia da RTP contra as imposições de uma fração de figuras ligadas ao Partido Comunista; assembleias gerais na Casa da Imprensa, a partir de 1971; cultura de escrever para iludir a censura, nos jornais; liberdade de imprensa; Cesário Borga parte 1 de 2 aos 48M46S – dias conturbados no Verão quente de 1975; 25 de Novembro; reportagens de manifestações; Cesário Borga parte 1 de 2 aos 51M5S – cobertura das eleições de 1975. Cesário Borga parte 1 de 2 aos 51M56S – adaptação na passagem da linguagem de imprensa para a de televisão; reforma. |
Cesário BorgaParte 2 de 2 Entrevistado por Fátima Lopes Cardoso. Registado por Paulo Barbosa em Lisboa a 14 de Junho de 2021 |
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Cesário Borga parte 2 de 2 aos 0M22S – anos de carreira; reconhecimento financeiro pelo esforço profissional; condições contratuais no jornalismo, antes e depois do 25 de Abril; horário de trabalho; Cesário Borga parte 2 de 2 aos 5M38S – passagem como corresponde da RTP, em Madrid; experiência em Espanha; Cesário Borga parte 2 de 2 aos 11M0S – progressão de carreira; consensos nos jornais, independentemente da hierarquia profissional; opinião sobre o jornalismo atual; Cesário Borga parte 2 de 2 aos 14M7S – ligação ao Sindicato de Jornalistas; papel do Sindicato na atualidade; Cesário Borga parte 2 de 2 aos 17M4S – separação da Carteira do Sindicato; Cesário Borga parte 2 de 2 aos 19M9S – Código Deontológico como importante regulador da profissão; episódio de um dilema ético, em Espanha; Cesário Borga parte 2 de 2 aos 24M22S – adaptação às evoluções tecnológicas para o digital; Cesário Borga parte 2 de 2 aos 27M42S – o jornalismo português a partir da adesão à CEE; Cesário Borga parte 2 de 2 aos 29M41S – influência de acontecimentos históricos no jornalismo; Cesário Borga parte 2 de 2 aos 32M46S – reconhecimento enquanto jornalista; jornalismo como paixão; Cesário Borga parte 2 de 2 aos 35M35S – reconhecimento social do jornalismo; características pessoais que favoreceram o exercício profissional; memórias de uma reportagem sobre um atentado da ETA. Cesário Borga parte 2 de 2 aos 42M40S – o que mais agrada ou desagrada no jornalismo; reforma em 2010; Cesário Borga parte 2 de 2 aos 44M0S – Clube de Jornalistas; prémios Gazeta; Cesário Borga parte 2 de 2 aos 48M30S – opinião sobre o estado do jornalismo, em Portugal; considerações sobre os órgãos de comunicação; Cesário Borga parte 2 de 2 aos 51M44S – estabilidade financeira da profissão. |