Adriano Duarte Rodrigues nasceu em Lisboa em 1942. Sai do país em 1962 vindo a licenciar-se em Teologia (1968) e em Sociologia (1970) na Universidade de Estrasburgo.
Defende o seu doutoramento, na área científica das Ciências da Comunicação, na Universidade Católica de Louvain em 1977. Entra na Bélgica em 1971, com passaporte da ONU e estatuto de refugiado político, onde inicia a sua atividade docente – Teoria da Comunicação – na Universidade Católica de Louvain. Lecciona em Louvain até 1977, momento em que regressa a Portugal para participar na construção da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL onde cria o primeiro curso de “Comunicação Social” no final da década de 70.
Jubila-se em 2012. Como professor e investigador, continua hoje a ser um dos grandes críticos do conceito de “profissões da comunicação”. Para Adriano Duarte Rodrigues “a comunicação é a atividade social por excelência que os seres humanos desencadeiam sempre que se encontram, quer em ambientes físicos quer em ambientes criados por dispositivos mediáticos” (Rodrigues, 2015).
Adriano Duarte Rodrigues conversa com Mafalda Eiró-Gomes – Registado por Paulo Barbosa, Lisboa 19 de Março de 2018.
A referência bibliográfica desta entrevista deverá ser feita da seguinte forma: Eiró-Gomes, M.; Barbosa, P. (2018). Entrevista a Adriano Duarte Rodrigues. Arquivo de Memória Oral das Profissões da Comunicação. Disponível em:https://amopc.org/adriano-duarte-rodrigues/
Parte 1 de 5 Adriano Duarte RodriguesParte 1 de 5Entrevistado por Mafalda Eiró-Gomes – Registado por Paulo Barbosa Lisboa 19 de Março de 2018 | |
ADR parte 1 de 5 aos 0 M 1 S – MEG: o arquivo de memória oral das profissões de comunicação um projeto da escola superior de comunicação social hoje estamos em casa do senhor professor andriano duarte rodrigues estamos a 19 de março o realizador é o paulo barbosa e eu sou a Mafalda Eiró Gomes. Senhor professor nasceu em lisboa ADR parte 1 de 5 aos 0 M 21 S – ADR: Nasci em Lisboa ADR parte 1 de 5 aos 0 M 23 S – MEG: 7 de abril de 1942 e tem uma história para nos contar até à década de 60 pelo menos em vira um bocadinho mais figura pública ADR parte 1 de 5 aos 0 M 36 S – ADR: á decada de sesenta figura pública não eu nunca fui figura publica… ADR parte 1 de 5 aos 0 M 54 S – ADR: foi um jovem era um jovem em 1962 tinha vinte anos ano não é foi quando eu fui para frança estrasburgo até lá andei nos seminários de lisboa e fui terminar o curso de teologia em estrasburgo ADR parte 1 de 5 aos 1 M 51 S – ADR: é só pessoal é muito consciente foi uma coisa que foi acontecendo eu fui em 64 para estrasburgo ADR parte 1 de 5 aos 3 M 15 S – ADR: foi de uma grande riqueza esse momento foi quando tomei consciência de que quando eu descobri digamos é aquilo que eu chamaria a exigência do rigor do pensar ADR parte 1 de 5 aos 3 M 31 S – ADR: quando termina aí é e 68 última último exame que eu fiz de teologia moral é entrei na faculdade de ciências humanas e fui e increvime no curso de sociologia onde eu tive um grande professor em particular um que marcou profundamente a minha vida foi Julien Freund foi meu professor sociologia política ADR parte 1 de 5 aos 4 M 42 S – ADR: fiz uma segunda viagem orientar do outro lado da comunicação é entrando como assistente em em março de 1971 ADR parte 1 de 5 aos 6 M 30 S – ADR: primeira grande surpresa quando eu voltei para retomar as minhas atividades em Louvain encontrei uma carta de convite do professor magalhães godinho uma convite para integrar a universidade nova de lisboa e a outra viagem depois do depois de fazer um doutoramento acabei por aceitar o convite e em março 77 estava então de novo em portugal ADR parte 1 de 5 aos 9 M 31 S – MEG: e como é nascer em lisboa na decada de 40 que portugal era esse? ADR parte 1 de 5 aos 9 M 39 S – ADR: olhando para trás… estás a fazer-me um desafio complicado porque o culto foi dizer o comerário 40 é como eu vejo hoje e não como houve na altura isso é uma coisa importante para a área da comunicação que pensar que é possível mas recorram constituirmos um passado não é possível nós constituímos o passado sempre partir do olhar do presente e essa distância ADR parte 1 de 5 aos 10 M 10 S – ADR:eu só descobri como era nos anos 40 quando eu cheguei à frança o meu primeiro choque foi… ADR parte 1 de 5 aos 12 M 25 S – ADR: mesmo em 77 quando eu cheguei a portugal não havia supermercados em lisboa ADR parte 1 de 5 aos 12 M 51 S – quando eu era criança nos meus 7-8 anos para mim o grande presenta do menino jesus no natal era meia duzia de bananas no sapatinho para mostrar o que é portugal ADR parte 1 de 5 aos 15 M 50 S – ADR: eu lembro-me de fazerem o parque Eduardo sétimo. ADR parte 1 de 5 aos 16 M 53 S – ADR: eu vivia num prédio em estrasburgo que tenha fechada toda crivada das balas na segunda guerra mundial e por baixo do prédio estava um bumker, uma cave ADR parte 1 de 5 aos 17 M 45 S – ADR: fui descobrir quando eu fiz a sociologia e uma das cadeiras obrigatórias era a cadeira demografia é quando não é o meu espanto quando eu vejo a pirâmide do quando eu estudo as pirâmides demográfica e veja pirâmide demográfica da frança e vejo o bojo da pirâmide a seguir a 42 no ano em que nasço do lado dos homens aumentado e descubro é a primeira descoberta da natureza animal da nossa espécie como é que independentemente da nossa vontade o gênes trabalham para repôr o rácio é o rácio do sexo os homens tenham sido mortas na guerra mundial a seguir a 42 nascem é o bum chamado mundo no gráfico da europa ADR parte 1 de 5 aos 19 M 19 S – ADR: a nossa vida é empurrada pelas circunstâncias de uma lógica que nos ultrapassa o maio de 68 se nós não tivesse não tivermos compreendido o bum excepcionamente avantajados do lado dos nascimentos dos rapazes não percebe o maio de 68 ADR parte 1 de 5 aos 20 M 38 S – ADR: A guerra colonial essa não vivi fiz a opção de não fazer achei que violentada muito a minha consciência ADR parte 1 de 5 aos 21 M 31 S – ADR: apresenteime ao secretariado das nações unidas e pedi o meu estatuto de refugiado ADR parte 1 de 5 aos 23 M 4 S – MEG: mas também ainda antes de ir para estrasburgo ainda faz parte de alguns movimentos importantes e também faz algumas opções ADR parte 1 de 5 aos 23 M 15 S – ADR: sim faço parte de um movimento que em portugal se desencadeia no seio da igreja católica no sentido na sequência das transformações vaticano II ADR parte 1 de 5 aos 24 M 20 S – ADR: eu continuo a ser um homem de fé mas ninguem sabe nem tem de saber eu faço parte de um grupo de um grupo de jovens que optaram por não seguir a carreira eclesiástica e que optaram por trabalhar em fábricas para ganhar a sua vida ADR parte 1 de 5 aos 25 M 44 S – ADR: costumo dizer que quem me dá uma imagem de deus são os que não têm onde cair mortos os drogados os sem abrigo aqueles que são os excluídos da sociedade são para mim a imagem de deus em vão por mim ADR parte 1 de 5 aos 26 M 34 S – ADR: regnum dei o reino de deus mas o reino de deus para nós era o reino dos pobres e daí que eu fui trabalhar numa fábrica |
Parte 2 de 5 Adriano Duarte RodriguesParte 2 de 5Entrevistado por Mafalda Eiró-Gomes – Registado por Paulo Barbosa Lisboa 19 de Março de 2018 |
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A.D.Rodrigues parte 2 de 5 aos 0M0S – Bélgica; Estrasburgo; Maio de 68 A.D.Rodrigues parte 2 de 5 aos 6M28S – o maio de 68; questionamento A.D.Rodrigues parte 2 de 5 aos 10M10S – saída de portugal com passaporte e voltar para a fazer serviço militar A.D.Rodrigues parte 2 de 5 aos 11M40S – passaporte nações unidas; estatuto de refugiado; major vítor alves A.D.Rodrigues parte 2 de 5 aos 13M20S – reunião com refugiados com vitor alves; atentado de distribuição de panfletos em lisboa A.D.Rodrigues parte 2 de 5 aos 13M50S – antónio ribeiro bombas nos caixotes do lixo com panfletos contra guerra colonial A.D.Rodrigues parte 2 de 5 aos 14M30S – café gambrinus na praça da catedral; 25 de Abril A.D.Rodrigues parte 2 de 5 aos 15M50S – Julien Freund – Sociologia Política A.D.Rodrigues parte 2 de 5 aos 18M45S – Paul Lévy – cadeira de sociologia da Informação em 1970 A.D.Rodrigues parte 2 de 5 aos 19M30S – “até hoje eu continuo a pensar que a universidade não se deve envolver com questões que não tenham a ver com o pensar” A.D.Rodrigues parte 2 de 5 aos 21M0S – Década de 70 na Universidade Católica de Louvaina; o ensino da comunicação Saussure e Peirce; teoria dos sistemas; escola de palo alto A.D.Rodrigues parte 2 de 5 aos 26M5S – gilles deleuze mille plateaux A.D.Rodrigues parte 2 de 5 aos 27M35S – primeira vez que leu mcluhan A.D.Rodrigues parte 2 de 5 aos 28M0S – doutoramento de análise Greimas da emigração portuguesa A.D.Rodrigues parte 2 de 5 aos 29M20S – Milão, Junho 1974; primeiro congresso de semiótica internacional em milão; Roman Jakobson A.D.Rodrigues parte 2 de 5 aos 33M30S – edição portuguesa morfologia do conto de Vladimir Propp |
Parte 3 de 5 Adriano Duarte RodriguesParte 3 de 5Entrevistado por Mafalda Eiró-Gomes – Registado por Paulo Barbosa Lisboa 19 de Março de 2018 |
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A.D.Rodrigues parte 3 de 5 aos 0M1S – Construção da Universidade Nova de Lisboa; Mesquitela Lima A.D.Rodrigues parte 3 de 5 aos 1M0S – 1977 Criação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas; seminário dos olivais; Organização dos estudos pós-graduados A.D.Rodrigues parte 3 de 5 aos 3M50S – ensino de teorias da comunicação A.D.Rodrigues parte 3 de 5 aos 5M30S – V Governo Constitucional – Maria de Lurdes Pintassilgo; magalhães godinho; Mesquitela Lima; Departamento de Comunicação Social; Departamento de Antropologia ;Departamento de Sociologia A.D.Rodrigues parte 3 de 5 aos 12M20S – origem do corpo docente departamento de comunicação A.D.Rodrigues parte 3 de 5 aos 16M45S – A licenciatura em Comunicação Social não correspondeu a um desejo de criação de um curso de jornalismo como pretendido pelos jornalistas A.D.Rodrigues parte 3 de 5 aos 20M0S – A comunicação não é uma actividade profissional A.D.Rodrigues parte 3 de 5 aos 22M50S – “A comunicação não se ensina” A.D.Rodrigues parte 3 de 5 aos 24M0S – Profissionalização dos cursos de comunicação; propaganda; “o nazismo hoje já não é preciso porque nós temos marketing” 0:29:57 Primeiro curso de Comunicação Social em Portugal – entre o academismo e os jornalistasA.D.Rodrigues parte 3 de 5 aos 35M0S – “o meu maior professor de comunicação foi a minha cadela” |
Parte 4 de 5 Adriano Duarte Rodrigues –Parte 4 de 5Entrevistado por Mafalda Eiró-Gomes – Registado por Paulo Barbosa Lisboa 19 de Março de 2018 |
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A.D.Rodrigues parte 4 de 5 aos 0M30S – 1988 reitoria da universidade nova lisboa; instalações; Construção da Universidade Nova de Lisboa; Criação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas A.D.Rodrigues parte 4 de 5 aos 6M0S – associações de estudantes A.D.Rodrigues parte 4 de 5 aos 9M0S – reitoria da faculdade nova de lisboa; reforma de bolonha A.D.Rodrigues parte 4 de 5 aos 10M40S – instituto de línguas vivas; leitores A.D.Rodrigues parte 4 de 5 aos 16M0S – Comunicação social ou ciências da comunicação A.D.Rodrigues parte 4 de 5 aos 19M30S – sindicato jornalistas; criação curso profissional para jornalistas; cenjor A.D.Rodrigues parte 4 de 5 aos 27M0S – “eu não me revejo nessas patetices da pós-modernidade” |
Parte 5 de 5 Adriano Duarte Rodrigues –Parte 5 de 5Entrevistado por Mafalda Eiró-Gomes – Registado por Paulo Barbosa Lisboa 19 de Março de 2018 |
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A.D.Rodrigues parte 5 de 5 aos 0M1S – Marketing é o novo fascismo; “marketing faz a lavagem de cérebro” A.D.Rodrigues parte 5 de 5 aos 6M20S – não aceito se não me explicarem por a +b o que é pós-moderno” A.D.Rodrigues parte 5 de 5 aos 8M0S – “o marketing é um fascismo doce que apela a recompensas e não a punições” A.D.Rodrigues parte 5 de 5 aos 10M19S – novos Media; A.D.Rodrigues parte 5 de 5 aos 16M45S – media como extensão do corpo; origem do termo media A.D.Rodrigues parte 5 de 5 aos 20M0S – media é um dispositivo A.D.Rodrigues parte 5 de 5 aos 23M35S – “ainda hoje estou para ver um estudo dos media” |