José Pote Magriço – Parte 16 de 27

Entrevistado por Paulo Barbosa – Registado por Cláudia Figueiredo em Lisboa 11 Julho de 2017.
Colaboração na Telecine-Moro * Instalações estúdios INETI e ESCS.


0:00:01.930
P Barbosa— 1993. Instalações de estúdios no INETI e nos estúdios aqui da ESCS. Como é que era, como é que surgiram estes projectos e como é que na RTP vocês conseguiam estar a trabalhar lá, mas em simultâneo estar, no fundo, a fazer outras actividades profissionais. Era pacífico?
0:00:28.020
JP Magriço— Não era pacífico, não, porque isso era era sobrecarga às nossas actividades profissionais. Quem tivesse um horário regular poderia dispor do tempo a partir das cinco, seis horas da tarde. E eu dei algumas colaborações, portanto, nessa fase de integração de sistemas dentro das estruturas, quer seja a nível da Telecine Moro, durante um determinado tempo, e colaboração tacitamente, portanto, eu cumpria o horário na RTP e como pediam colaboração numa área não operacional, mas sim técnica, o que eu pretendia e eles conseguiram conceder e negociamos de uma forma de eu ciclicamente ir ao sistema analisar, verificar o estado de funcionamento. Não era ma…, no caso de uma avaria havia sempre a possibilidade de recurso, porque eles tinham meios redundantes, e, portanto, a intervenção seria de caráter interventiva, mas desfasada no tempo de maneira que pudesse resolver problemas relativos. E, portanto, dei colaboração nessa medida. Quando era desenvolvido algum projecto a nível do INETI, por exemplo, que é referenciado aí, a minha colaboração foi mais no sentido de equipa, portanto, é, ali na Telecine (Telecine-Moro) era uma actividade individual, portanto, ia lá para resolver algum problema ou outro que eles tivessem. E não era, é, funcionava como stand by fora das horas de serviço, portanto. Muitas vezes não ia ao local, portanto, estava tudo bem. Era uma intervenção de caráter não regular. No INETI e as intervenções que fiz durante esse período foi em grupo, portanto, havia uma equipa, que uma pessoa relacionada com a televisão também, mas que tava com parte do áudio, outro era de instalações, eu era da manutenção, portanto, cobríamos de certa maneira alguns dos aspectos relacionados com a concessão e fazíamos um projeto de certa maneira, dado o conhecimento que tínhamos na empresa suficiente, era mais do que suficiente para desenvolver qualquer actividade na instalação de um projeto no outro lado qualquer, só precisávamos da listagem dos equipamentos, avaliar as localizações, desenvolver… Normalmente não eram instalações muito complexas, neste caso. As mais complexas foi aqui este estúdio, foi das mais desenvolvidas que fizemos em termos de, é, porque foi o primeiro estúdio que se instalou em Portugal, em 1992 para 94, portanto, foi nessa fase, foi começado a adquirir o equipamento e, portanto, a instalação ocorreu em 94 e foi o primeiro estúdio de componentes em Portugal.
0:03:28.780
P Barbosa— Este o da ESCS ou o o do INETI?
0:03:28.780
JP Magriço— Este aqui.
0:03:28.780
P Barbosa— Este.
0:03:28.780
JP Magriço— Este aqui, o estúdio da ESCS. Aqui, portanto, para a fase em que se estava a parte digital a qualidade do sinal digital SDI, neste período, nos anos 94, era extremamente cara com os equipamentos, a mesa de mistura, as câmaras etc. digitais eram muito caras relativamente.
0:03:50.260
P Barbosa— Já havia?
0:03:57.640
JP Magriço— Já havia. Já havia alguma, já havia modelos que se poderiam, só que eram extremamente inacessíveis ainda a estrutura da produção deste tipo. Então, a opção foi, a opção não foi da equipa, a equipa estava o engenheiro Carlos Alberto é que foi o seleccionador de todo o processo e e a participação da equipa foi na elaboração do esquema, que desse maleabilidade operacional para o a função pedagógica, portanto, isso entrou nessa parte, em que a concessão da locação de comutadores ou unidades de patch etc., quer de vídeo quer de áudio, tiveram a nossa intervenção com a aplicação dos equipamentos, na altura eram três câmaras, era o que só estava disponível na altura, eram câmaras em componentes, portanto, a mesa era em componentes, os componentes eram componentes que poderiam ser RGB mas neste caso concreto foi adquirido um sistema Y, R menos Y/B menos Y, que era uma os sinais RGB já matriciados, em luminância e as duas sinais de diferença de cor, e, portanto, foi concebido nessa, nessa, nessa perspectiva de componentes analógicos de vídeo. É, claro que isso pressupõe três cabos, para cada ligação, portanto, requeria que os cabos tivessem exactamente o mesmo comprimento, para que não houvesse delays temporais entre cada um dos sistemas, e, portanto, foi alargado a possibilidade da utilização não sendo um projecto muito caro, era o que na época de melhor se conseguia fazer. O sistema PAL existia aqui, mas era só para monições, algumas monições ainda são feitas através de sistemas em componentes, que dá a melhor qualidade possível na própria monição e o sistema de gravação também era feito através de Betacams que também recebiam os sinais em componentes. Quer dizer que, a tal, o tal escalonamento da qualidade permitia garantir que a câmara fornecia o sinal adaptado à mesa, a mesa fornecia o sinal adaptado aos gravadores e, portanto, conseguia-se obter o melhor escalonamento da qualidade a nível da produção na parte do vídeo. Na parte do áudio também teve uma mesa de mistura própria, que agora não está a ser utilizada, foi substituída por outra digital, mas este processo todo da escola foi baseado na melhor qualidade possível, técnica, sem ser digital. O que eu posso dizer é que o digital na época era de qualidade inferior à das componentes que estão ainda instaladas aqui. Por quê? Porque o sistema SDI, apesar de ter um sistema de amostragem extremamente complexo e elaborado, tem a vantagem efectiva de não haver é uma, é um sistema imune, teoricamente, ao ruído, portanto, não tem esse problema, mas as componentes quando bem ajustadas e quando bem calibrados e o seu processamento é melhor do que o digital. Portanto, isto não é uma perspectiva do SDI digital. Portanto, o sistema SDI. Porque, apesar de tudo, o sistema SDI tem essa estabilidade em termos de imunidade ao ruído, mas tem pequenas alterações que não são bem processionadas ao ser humano, bem, mas estão lá alguns defeitos que não são perceptíveis, mas estão lá.
0:07:51.340
P Barbosa— Mas, portanto, quando participou nas instalações do INETI e na ESCS não implicou deixar de estar a trabalhar, ou de estar a serviço lá na RTP, portanto, conseguiu conciliar nesse tempo…
0:08:10.479
JP Magriço— Conciliar. Era, era fora, fora das horas de serviço. Essa equipa deslocava-se aqui a partir das seis até a meia-noite e fazíamos isso de uma forma sistemática até a elaboração da cablagem, por exemplo, aqui que, para saber, para explicar um pouco mais como é que isto fez, viemos cá fizemos o dimensionamento da cablagem. Portanto, é preciso garantir que os cabos estavam nos percursos, de caleiras suficientes para, fizemos isso, os modelos, fizemos um modelo, fizemos a medida e no projecto, acrescentamos, aliás, o projecto está definido, existe aí numa folha de Excel, com toda a estrutura de listagem do número do cabo, o tipo de ficha, o comprimento do cabo, ou seja, a medida do cabo, e, como termina, portanto, quer seja para vídeo quer seja para áudio, portanto, no interior do estúdio, nas ligações periféricas, para redacções, para os outros locais que na altura existiam, para as ilhas de edição, porque havia o Abekas que estavam aí disponíveis, todo esse projecto está ainda, numa folha de Excel. Portanto, em termos de dimensionamento.
0:09:27.130
P Barbosa— Mas então este projeto foi dos únicos em que não foi feito por uma empresa externa. Portanto, quando estava a falar por exemplo da 5 de outubro, havia a Bosch que fez o projeto e vocês implementaram. Aqui não havia Bosch nenhuma por trás…
0:09:44.980
JP Magriço— Aqui havia uma diversidade, ou seja, o que se podia ter optado aqui era haver um projecto, alguém que o fizesse, na altura a equipa de projetos, era de instalações e projectos, era, tava incluída na própria RTP, portanto, não havia entidades cá fora que o fizessem, nem havia, nesse caso, havia já a Sony e havia a grass valley e havia todos os outros conjuntos, entidades que eram cá representadas, mas que não não fizeram proposta de projecto. O projecto foi entregue a uma equipa que trabalhava nestas áreas e que sabia como, é evidente, com o apoio e com a listagem que foi formulada na aquisição, nós, através da utilização dessa listagem, conseguimos conceber um sistema que tivesse dimensionado. Porque isto era um projecto que tinha que se vir cá fazer, portanto, era era cá localmente que se fazia. É evidente que nós viemos cá tirar as medidas das cablagens, e as cablagens até foram feitas num pátio que eu tenho, portanto, não… foram os meus colegas e fazíamos, tínhamos lá as bitolas, as medidas certas, e quando sabíamos que o cabo 1, 2, 3 e 4 e 50 e 200. O cabo 500 e não sei quantos, todos, tinham um medida e, portanto, fazia a fabricação da cablagem foi feita. Quando houve a necessidade de instalar, tínhamos a cablagem pronta e portanto todo o processo de instalação, na racks, todo esse processo foi feito. E os testes finais foram todos cá feitos e, portanto, e aceite o projecto.

You May Also Like

José Viegas Soares – Parte 3 de 13

José Viegas Soares – parte 3 de 13 José António Mendes Viegas Soares nasceu, em Lisboa, em 1942. Inicia as suas funções como profissional de Relações Públicas na década de…
Ver mais...

José Pote Magriço – Parte 13 de 27

Entrevistado por Paulo Barbosa – Registado por Cláudia Figueiredo em Lisboa 11 Julho de 2017.Aberturas de novos canais na RTP * Casos de falhas com directos. 0:00:00.620P Barbosa— Quando a…
Ver mais...

Célia Metrass – Parte 6 de 6

Célia Metrass à conversa com Mafalda Eiró-Gomes e registada por Cláudia Figueiredo em 6-7-2017 no estúdio da escola superior de comunicação social no âmbito do projecto AMOP 0:00:10.450— Para além…
Ver mais...