José Pote Magriço – Parte 8 de 27


Entrevistado por Paulo Barbosa – Registado por Claúdia Figueiredo em Lisboa 11 / Julho/ 2017.

O projecto da EXPO 98 * Chefia na manutenção de equipamentos na 5 de Outubro até 1995
Inicio da carreira como formador * Transição 5 Outubro para instalações nos olivais
Fim da produção no Lumiar e transição para 5 de Outubro.

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P Barbosa — E esse grau de exigência e complexidade, pois, e o projeto ser feito fora de Portugal, foi também usado na Expo 98?
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JP Magriço— a Expo 98 vamos transitar para um outro nível. houve partilha. A RTP tinha carros exteriores, não é, na época, portanto, já tinha os carros exteriores digitais, porque o digital, começou a ser incorporado para aí, 1996, se eu não estou muito enganado, que antecedeu transmissões para a RTP internacional. Vejam que a RTP era analógica, a sua estrutura era PAL, pura e simples, puro e duro, não era? e todo o sistema é de que previa a entrega dos sinais para os sistemas internacionais, que era o caso da RTP internacional, já tinha estúdios cuja origem dos sinais eram analógicos, mas toda a produção da mesa de mistura, já todo o processamento era digital. E, portanto, houve ali uma fase transitória e foi feita a instalação, o arquivo já era digital, já era tudo feito em discos, está a ver? Portanto, isso antecedeu o período da Expo. E quando foi a Expo já toda a produção dos estúdios que tiveram associados à Expo, instalados lá, portanto, consumidos basicamente pela estrutura técnica da RTP, o engenheiro Franco Dias etc, que foram dos fomentadores de todo aquele processo, estou a falar da questão técnica porque depois havia os outros elementos que estavam associados à parte administrativa do sistema, mas estes, a visão técnica é o que me interessa mais relatar, e, portanto, faziam todo este processo de forma a garantir que a qualidade dos sinais, dado que era tudo já digital, embora havia excepções, porque havia carros que não eram digitais, havia um ou dois carros digitais na época, ainda SD. Não estamos a falar de HDs, portanto estamos a falar a estrutura da RTP passou, transitou, de PAL para digital SD. SDI, portanto era o formato da utilização básica, não é. E depois começou a incorporar alguns sistemas de edição que já tinham, recebiam sinais SD, SDI. Estamos a falar na gama dos 270 megabits por segundo, em termos de sinais em circulação, através dos cabos coaxial que circulavam, cabos já preparados para receber bandas mais elevadas, portanto a nível de mega bits, enquanto que os outros sinais que estavam em termos analógicos, a banda mais elevada que se concebia no sistema analógico de PAL era a volta de, para termos uma noção de proporção, era da ordem dos 6, 7 mega hertz. Estão a ver? E o salto que se tinha a exigência para os cabos que transmitiam os sinais digitais utilizavam bandas de metade da banda de 270 mega bits. Vocês estão a ver 135 megahertz, estão a ver a desproporção de 5, 6, 7 megahertz, até 130 megahertz. O cabos foram tratados, as fichas eram melhor, tinha que ser de melhor qualidade, tudo aquilo, tinha que transferir o sinal com o mínimo de perdas, em termos de sinal, possível. E as distâncias também de transmissão dos dessas informações analógicas e digitais estavam dependentes da perda em linha, ou seja, estavam dependentes da actuação sofrida por uma transmissão. Um cabo de 100 metros atenuava o sinal analógico bastante, o cabo digital também o atenua bastante digitalmente, mas como ele é sempre recuperável, portanto, acabava, por sinal, não se reflectir no conteúdo. Minimamente no conteúdo. Ou mesmo não se reflectindo. Portanto, todas essas estruturas era preciso garantir. A 5 de Outubro efectivamente era uma estrutura basicamente PAL e que se manteve até ao seu desmantelamento em 2003, 2004. Estão a ver? O projecto inicial de 83, 84, foi quando se começou a fazer as tais visitas técnicas, depois teve dois anos ainda a instalação, 85, 86, e só em junho de 86 é que começaram as emissões regulares da 5 de outubro. Portanto todo este processo de renovação tecnológica acompanhei-o todo, estive durante uns anos na chefia, direta, de certa forma, da manutenção desses equipamentos na 5 de outubro, nas áreas fundamental de vídeo e de áudio também, parte do áudio. É, na estrutura da 5 de outubro. Portanto, tínhamos uma equipa, muito boa, que tinha dois ou três elementos da velha geração, em que eu me incluía, da velha geração porque vinha de Lumiar, não é, mas não eram assim tão velhos, mas tinha uma geração intermédia, que tinha transitado de Lumiar para o anteprojecto, e depois acompanhei a instalação, todos os procedimentos, fiz uma parte dos testes de aceitação de toda a estrutura dos equipamentos, portanto, no final há relatórios finais da entrega em que era preciso avaliar a qualidade dentro dos parâmetros que estavam estabelecidos, e depois continuei na chefia durante um tempo lá na estrutura até praticamente 95. Tive uma chefia dessa área. Depois tive outro problema de ordem de saúde e, portanto, deixei de estar disponível para essas funções e dediquei-me à formação. E agora aqui é uma nova introdução, se quiser avaliar a questão da formação. Tens mais alguma pergunta?
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P Barbosa — Antes de irmos para a formação, acompanhou depois a passagem da 5 de outubro para os Olivais, ou isso já só fazia formação?
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JP Magriço— Para a Marechal Gomes da Costa houve um procedimento paralelo, portanto, eu não não colaborei muito, mas sei que tive atento não sendo participante directo, mas acompanhei a transição e o procedimento da estrutura para o digital. É isto através da formação, porque como era necessário formar pessoal na área do digital e eu tinha acesso a todo o conteúdo de informação que era disponível pela EBU e era fazia parte do processo da RTP prestar formação a todo o pessoal que viesse a transitar do analógico para o digital aí entra o tal processo de formação mais elaborado e foi o que eu mais dediquei-me depois desse período. Até 98 tive mesmo vocacionado só praticamente à formação,  e depois tive mais dois anos ainda com ligação entre o estudo dos processos necessários para a, da formulação da Marechal Gomes da Costa que já eram tecnologias digitais, tudo digital. Aí já foi praticamente a concepção Sony, portanto…
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P Barbosa — Mas nesse caso voltaram a ter uma empresa externa a criar-vos o projecto?
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JP Magriço— É assim: já havia, tanto na 5 de outubro como na estrutura de instalação, e projecto, mas não era estanque, era composta por elementos associados à estrutura da instalação, e andei também a fazer a instalação mas era como a estrutura de instalação era reduzida, tinha 10, 5, 6, 7 pessoas, havia necessidade de incluir mais pessoal nas várias áreas para dar, para participar em todo o processo de instalação. Os recursos os técnicos também não eram assim tantos. Era nossa estrutura de técnicos ali na, no Lumiar, com a minha saída e a saída de mais dois ou 3 elementos foi logo, decaiu, porque eram para aí 20 pessoas, estão a ver, saíram três ou quatro, isso nos horários tem logo repercussões , e Lumiar teve durante dois ou três anos ainda enquanto a 5 de outubro se desenvolveu e instalou até a ruptura o Lumiar ficou associado praticamente à produção, aos estúdios de produção que se mantiveram e produziram durante muitos anos e foram remodelados etc., para se adaptarem à estrutura de produção necessária para a 5 de outubro. A informação ao transitar saiu lá uma parte substancial do Lumiar e foi deslocada para a 5 de outubro, não é, porque essencialmente separou-se o que era centro de informação, do centro de produção. Portanto, foi essa esse… e o jornalismo, e toda a área da informação deslocou-se para 5 de outubro e a 5 de outubro durante muito tempo viveu como uma estação de informação, basicamente. Não quer dizer que não tivesse lá ações de produção, algumas coisas. Faziam-se programas lá que estavam ligados… não era a produção diária, era a produção média e a produção longa. Portanto, as grandes reportagens de informação não eram editadas, algumas eram editadas no Lumiar, também, com, houve uma partilha, porque havia meios disponíveis na no Lumiar e, e havia alguns meios também disponíveis para edição. Grande parte das séries produzidas pela própria informação, programas que se dedicavam à informação, mas de maior dimensão e conteúdo, fizeram-se na 5 de outubro, estão a ver? Mas assim como a sonorização de filmes deixou de ser feita no Lumiar, passou a ser feita na 5 de outubro, onde colaborou o Rato Machado, por exemplo, na sonorização desse conteúdo. Mas a produção propriamente dita tudo tinha programas da ordem cultural e de outra ordem, eram feitas também no Lumiar. Portanto, fizeram-se durante muitos anos até a integração e ao abandono do Lumiar para Marechal Gomes da Costa, pois depois vai da 5 de outubro e vão o Lumiar também. Alguns equipamentos ainda transitaram, outros não, de acordo com o tipo de tecnologia.
0:12:00.033
P Barbosa — O Lumiar só deixou de funcionar quando a Marechal Gomes da Costa foi ativada?
0:12:03.820
JP Magriço— Sim, já posteriormente. Portanto, a sua degradação só se operou depois.

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