José Manuel Inácio à conversa com Maria Margarida Colaço Mendes Gaspar e registada por Paulo Barbosa em 2-12-2017 no museu da Rádio voz de Alenquer no âmbito do projecto AMOPC.
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Portanto, a Associação Portuguesa de Radiodifusão, como eu já disse, preocupou-se em acabar com a selvagem que havia no espetro e fizemos uma proposta de lei. Uma proposta de lei que apresentámos ao Secretário de Estado. A ARIC, a Associação de Rádios de Inspiração Cristã, apresentou outra. E depois houve outros lobbies que era os lobbies que queriam as rádios, as rádios regionais que apresentaram outra e por outro lado havia as rádios nacionais também, que a lei, dizia respeito. Eu tive a sorte de ser o fiel da balança e daí as pressões. Eu cheguei, como já disse, pelo lado político, o que é que eu cheguei a ter, mas também da parte dos lobbies eu tive pressões, eu, desde almoços que me convidaram para ir, para fazer pressão. Reuniões que eu tinha para fazer pressão. Só que eu como estava ali em representação das rádios tive sempre a desculpa que não era eu mas era as rádios é que mandavam, as rádios é que me diziam que o que é que queriam, eu era um, a transmissão das rádios. Mas houve muita pressão, muita pressão. Eu lembra-me, por exemplo que uma das rádios regionais, desde a pressão para nós apoiarmos a criação das rádios regionais, a montagem de uma antena aqui no Montejunto. Eles a pedirem-me para eu fazer pressão aqui no Presidente da Câmara para autorizar a montagem do Montejunto, a montagem de uma antena e do espaço ser cedido. É claro que eu disse-lhe a eles, epah vocês são boas pessoas mas eu sou amigo do Presidente mas não lhe vou pedir. Não lhe vou pedir porquê? Não lhe vou pedir, para já a minha maneira de ser não é essa, eu nunca lhe quero pedir nada a ele que é para ele não me pedir a mim, porque se eu lhe vou pedir amanhã ele vai-me pedir e depois eu não lhe posso dizer que não. Portanto a minha maneira de ser é esta e vocês têm paciência. Resolvam o problema. Querem o número de telefone dele? Tomem lá, resolvam. Agora de outra maneira não pode ser. Houve muitas pressões, mesmo na lei da rádio. Pronto eu já disse que nós com a Renascença em espacial, a Rádio Voz de Alenquer tinha uma relação muito boa com a Renascença e estávamos há vontade quase que os nossos pontos de vista eram quase os mesmos e com facilidade, e temos muita coisa na lei da rádio, que saiu nessa altura, que foi feito entre nós. Assim como esta alteração, a última que houve, o meu filho Nuno teve um papel preponderante na lei porque, também em conjunto com a Renascença e a APR neste momento também, encostou-se um bocado à ARIC, conseguiram também algumas vantagens para as rádios, apesar de que não fosse aquilo que. Eles dizem que não têm dinheiro para apoiar mas, e o caso da publicidade institucional. A publicidade institucional que nós conseguimos nessa altura que fosse dada às rádios, foi uma das vitórias da lei da rádio, acabou por ser retirada e nós na APR distribuímos publicidade por todas as rádios do país e foi um milhares que nós, nós não, o Governo pagava parte da publicidade institucional que era para as rádios locais e depois dava a outra que era para as rádios nacionais e para a televisão. Havia uma percentagem que era nossa. Aí assim nós também tivemos o apoio da parte da Renascença e da ARIC que no final, a Federação de Rádios Privadas quem era? Era a Associação Portuguesa de Radiodifusão e a ARIC que fizeram a Federação. Portanto como eu era o Presidente da Federação e era o Presidente da Associação, portanto estava um bocado à vontade também para liderar ali um bocado o processo e conseguimos fazer alguma coisa mas agora, houve muitas pressões, das rádios nacionais.
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—Voltando ao assunto que ainda um bocado abordou mas assim ao de leve, que tem a ver com Internet. Quando apareceu a Internet, o que é que vocês fizeram para entrar na Internet e como é que a usam e que consequências é que isso trouxe para a vossa rádio?
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—Eu confesso que inicialmente numa reunião de direção um dos meus vice-presidentes, que é o atual Presidente da Associação de Radiodifusão, que é o senhor José Faustino da Rádio Diana de Évora, ele chegou lá a uma reunião de direção e começou-me a falar na Internet nas rádios. E a Internet nessa altura para mim era o escuro. Comecei a olhar para ele e assim: epah, não, internet nas rádios? Não penses nisso pah isso vai matar as rádios e mais não sei quê… Mas aos poucos ele foi-me convencendo, a mim e aos outros elementos da direção e em determinada altura quando nós fizemos o acordo com a PT, e que tivemos o apoio do Instituto de Comunicação Social, avançámos mesmo para a Internet. E uma das primeiras rádios a ser instalada, tinha que ser, a Rádio Voz de Alenquer. Instalámos, no início não, não tivemos assim…
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—Mas instalaram, estamos a falar em que datas? Só para a gente se situar.
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—Já em em 2000 e… Foi em 97 que fizemos, ai não isto, não em 97 foi uma transmissão na RDP, via satélite que nós participámos para todo Mundo e fizemos um programa em simultâneo com a Rádio Alfa. Fizemos outro programa e 97 outro programa em simultâneo com a Antena 3. Em 98 conseguimos atingir 4 mil no Clube de Amigos, 4 mil amigos, em 1998.
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—Mas aí, a emissão em radiofrequência não é?
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—Sim sim, não, por antena, eu estava só ver aqui a data. Por acaso não tenho isso aqui, mas não por acaso não tenho a data. Mas devia ter sido aí nos anos 90… Nós fundámos a Confederação de Meios em 94, nessa altura já tínhamos.
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—Mas aí ainda não emitiam através da Internet?
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—Não, não nessa altura não. Em 96 começámos as 24 horas… não não me lembro mais ou menos o ano que foi. Mas havia ter sido aí em 98… já nos fins dos anos de 90, princípio dos anos 2000. Aqui já eram, já tínhamos Internet.
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—Mas lembra-se de quando é que passaram a emitir a vossa emissão através da Internet?
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—Não, não, não me recordo, da data não me recordo. Recordo-me quando começámos a fazer a emissão. A emissão, quer dizer, da data não mas recordo-me que começámos a emitir as 24 horas através da Internet. Não na altura não era. Porque aquilo era assim, a APR tinha, tinha em Lisboa, era, nós enviamos daqui para Lisboa e depois Lisboa é que distribuía tenho a impressão que era assim. Nós não enviamos diretamente. A APR tinha, e era portanto, a APR tinha a lista das rádios todas que tinham internet, as pessoas faziam a busca no servidor da APR, nós mandávamos daqui, o nosso servidor estava APR em Lisboa, e depois a partir dali é que era distribuído mas não me recordo. Ora eu saí da APR em 98 salvo erro, ora, não, eu saí da APR…
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—E depois que influência é que isso teve na vossa audiência?
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—Teve porque na medida em que a rádio tornou-se mais conhecida a nível, a nível do estrangeiro, portanto, ex-fronteiras e as pessoas começaram a divulgar, elas próprias divulgavam. Os imigrantes, olha sabes, nós podemos ouvir a rádio da nossa terra e tal. Porque eles quando cá vêm, normalmente fazem uma visita. E não é a primeira vez que animadores dos nossos programas vão por exemplo a Inglaterra e que eles sabem que está lá, olha vem cá a nossa casa e tal, e recebem-nos quase como família. Portanto a rádio passou a ser para eles a ter um papel importantíssimo. E aumentou o…
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—E vocês têm uma ideia da quantidade de gente que vos ouve, não na antena, mas via online?
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—Não mas eu posso-llhe dizer que esta noite por exemplo, eu dei-me ao cuidado, eram duas da manhã ainda estava a ver, porque, depois fui partilhar aquilo no facebook, o fogo de artifício, e pelo menos cerca de 20 pessoas estavam lá a agradecer à rádio por ter transmitido, faz lembrar a terra e mais não sei quê, portanto, e isto foi num bocadinho em que não se sabia. Ninguém tinha anunciado que nós íamos fazer aquilo não é? Porque normalmente era o, é o Mário Faria que fazia o programa. Ele deu-se ao trabalho de ir lá para baixo, arranjar alguém que ficasse aqui em estúdio, e le foi lá para baixo, transmitir o discurso do Presidente da Câmara e depois transmitir a imagem do fogo de artifício e nos pontos mortos ele ia falando o que é que se estava a falar e tal, o que é que se estava a passar para que a imagem, a emissão não ficasse sem som. Portanto eu não faço, mas eles sabem, porque a APR tem, e eles aqui também, têm um medidor de ouvintes, mas eu não sei neste momento quanto é que é.