Célia Metrass à conversa com Mafalda Eiró-Gomes e registada por Cláudia Figueiredo em 6-7-2017 no estúdio da escola superior de comunicação social no âmbito do projecto AMOPC
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— Portanto, as redes sociais vieram transformar a forma como se desempenha a profissão?
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— Eu acho que vieram criar um novo desafio… que se calhar, como desafio que é, não é fácil, não é? Porque existem, não vão desaparecer, existem questões de ética que não estão… que não estão patentes e que não é possível impor, julgo que criaram muito ruído, demasiado ruído, e as pessoas, e as pessoas nas instituições, a nível da decisão… se calhar também estou aqui, aquilo que estou a dizer também tem a ver com uma, com uma leitura de realidades em que… os conselhos de administração são de pessoas de, sei lá, perto dos 50 anos. Pronto, 50 tem muitos. Provavelmente isto não é assim se eu for para uma Microsoft ou se for para uma Google ou se for para outro sítio qualquer desses em que portanto se calhar, se calhar não, com certeza toda a gestão da Comunicação é pode ser feita e já é feita de uma forma natural, que é incluindo a gestão de redes sociais. Para muitas das empresas e nós continuamos a ter um tecido social nas empresas ao nível das cúpulas com gente… eu diria que na casa dos 45, 50, por aí. E aí isto ainda não é um terreno natural. E portanto os profissionais diria que têm aqui, têm aqui um desafio complicado. A outra questão que eu também acho que é muito complicada é a péssima qualidade do jornalismo. De facto além de… além dos jornalistas que tinham muito poder hoje em dia não têm poder nenhum, e são estagiários e a preocupação é não serem despedidos porque são com a maior das facilidades e portanto eu percebo que há aqui um conflito muito complicado… e por outro lado a questão das audiências na Comunicação Social em que tudo serve para vender e, portanto, não há ética e para as empresas ou para as instituições, julgo eu que será idêntico, o risco de terem uma uma uma informação num numa primeira página de um de um jornal ou de uma cadeia de televisão é completamente falsa. Julgo que é bastante maior este risco hoje do que era há 50 anos e não 40, mas encontrei… E como é que se lida com isto e como é que… porque de facto quando a resposta não serve para nada, aliás nós temos visto isto nos julgamentos na praça pública, não é, portanto bem podem ser ilibados bem podem, é rigorosamente indiferente, não é, porque o mal está feito… e em relação às empresas, em relação à uma instituição isso também acontece.
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— Por outro lado, a facilidade com que se deturpam coisas e em que ninguém é responsável, e no limite a própria Comunicação Social também não é responsável porque vendeu mais jornais, por exemplo, com uma notícia falsa do que eventualmente se for condenada em tribunal e se lá chegar pode ser obrigado a pagar, portanto isto inverte completamente toda toda toda a situação e todo o trabalho de alguém que do lado das empresas ou das instituições trabalha com esta área.
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— Eu julgo que isto é realmente muito difícil e muito ingrato porque, porque não tem…não tem rede, não tem proteção, de facto um profissional de comunicação neste momento não tem muito bem a que se agarrar, não é… porque faz o melhor que pode, naturalmente, e hoje em dia tem muito mais conhecimento e muito mais formação do que tinha há 50 anos, ou do que tinha há 40, ou do que tinha há 30, portanto, eu acho que desse ponto de vista as coisas evoluíram e evoluíram bem.
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— Mas tem um trabalho muito dificultado por.. não gostava de dizer isso, mas realmente há aqui um problema grave de ética, em vários níveis e de precariedade do trabalho por parte dos jornalistas, que faz com que não tenha nenhum peso para conseguir impor-se, e portanto, estão mal preparados, são mal pagos, fazem, escrevem aquilo que lhes mandam, e portanto isto acaba por ser realmente muito complicado.