José Pote Magriço – Parte 11 de 27


Entrevistado por Paulo Barbosa – Registado por Cláudia Figueiredo em Lisboa 11 Julho de 2017.
formador para a RTP – ICP * a biblioteca pessoal sobre televisão * Depois 1994 dedica-se à formação *.
Formação atual na RTP e Privadas.

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P Barbosa— Isso leva-me à parte da formação. Ao sair essa gente da RTP, vocês, antes disso, e por causa disso, tiveram necessidade de fazer sempre formação para agora ir buscar gente nova. Como é que então o Sr. Magriço participou e colaborou das ações de formação da RTP?
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JP Magriço— Sim, as formações que ocorreram na RTP já tinha um historial de adaptação. Não havia, não se pode dizer que as normas da Europa na altura, a partir de 85 começa essa a recriar uma nova forma de encarar a formação, vocês lembram-se do período em que as centrais sindicais recebiam verbas destinadas, nomeadamente a UGT parece que recebeu uma grande quantidade de verbas para dar, para dar formação, no sentido de poder melhorar as condições de desempenho. Portanto, profissional, cultural etc. Portanto, as várias vertentes que são necessárias a um técnico, não é, só especificamente tem que saber muita coisa disto e não ver, não ter horizontes mais alargados em termos de conhecimentos. É, mas o que se passou basicamente com a introdução dessas normas, o aparecimento dessas normas da comunidade europeia, na altura CEE, ou o que era, como se designava na época, e foi tomando vários nomes até agora chegar ao que chegou, e portanto, mas havia já um objetivo de dar formação. Mas a RTP sempre foi muito autônoma e nunca teve dependente de ações dos sindicatos para a formação. Embora fosse parte das dos sindicatos junto à administração, fazia sentir que os trabalhadores de quem eram… porque os sindicatos eram comuns à maior parte das estruturas existentes no país. Sempre reivindicaram que a formação era uma questão essencial para a evolução tecnológica da empresa e a empresa tinha entrado num determinado evolução tecnológica, em 82, depois passou em 86, depois passou… 90, desculpa, estou a falar de 82 até 91, 92. E foi quando começou a sentir-se a presença de um concorrente externo privado que vinha subtrair à RTP pessoal. Houve talvez um refreamento da formação dado que se previa que alguns iam e que iam com formação actualizada. Mas o que é verdade é que a RTP sempre se preocupou em manter um determinado nível de frequência e reciclagem na área da formação. À medida que as tecnologias também iam evoluindo, não é. As tecnologias digitais começaram a aparecer em 92, portanto, foi nesse período em que se começou a pensar vamos ter que ter pessoal preparado para o impacto da conversão de todos os sistemas analógicos em digital. Portanto, todo esse processamento, todo esse processo foi acompanhado pela RTP e a RTP também colaborou nisso. E foi aí que eu também comecei a intervir nas acções de formação mais concretas. Até depois há uma disponibilização maior a partir de 96, para aí, então aí foi mais dedicado e já regularmente. E já não havia necessidade só da RTP que necessitava de saber como é que a estrutura dos sinais existiam, quais são as suas características e parametrizações necessárias, mas também, por exemplo, o ICP na altura, que era a entidade que geria em Portugal as comunicações, necessitou também ela de formação e eu colaborei nessa formação. Durante uns meses dei formação é os técnicos poderiam saberem quais eram as características técnicas tanto a nível dos sinais em estúdio como sinais em emissão etc., portanto, tinha conhecimentos suficientes, baseado em instrumentos que a RTP tinha. E a formação autodidacta, porque não recebi curso nenhum da das empresas que forneciam os equipamentos. Era leitura dos equipamentos, eu estudava e já nessa altura, através das redes de internet, começaram a aparecer muitos documentos técnicos, do qual eu posso dizer que tenha a volta de 10 mil disponíveis, portanto, tem vários ramos, ramos não diria, vários temas da área tecnológica, da televisão, do áudio, do vídeo, quer analógicos, quer em componentes, quer em digital. A literatura que disponho neste momento e que deveria futuramente disponibilizar num site específico, mas lá está o problema dos autores, não é, portanto não posso estar a meter isto num Facebook, meto isso no Facebook e sou preso…
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P Barbosa— São documentos com as normas ou documentos…
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JP Magriço— Documentos técnicos fidedignos, standard, está a ver, são coisas com um nível muito elevado. Daí que o que o indivíduo pode é mencionar quando faz alguma apresentação, tem que, bibliograficamente tem que dizer isto tem origem aqui etc. Portanto há aqueles compromissos, mas a maior parte da documentação de rigor mais elevado fica sujeito a uma autorização expressa da… e portanto aí não posso… posso dizer que tenho, posso usar para minha utilização pessoal, mas não posso utilizá-los para uma divulgação, para um trabalho ou um estudo científico, mas não quer dizer que não possa dizer olha, dou faço um pointer, digo assim, olha liga aqui e veja lá o que é lá. Isso depois já é da responsabilidade de quem acede não é, portanto, mas toda essa documentação foi uma preocupação que eu tive, logo desde o início, e posso dizer, neste momento, que já foi mais fácil aceder a documentação de um determinado nível de conhecimentos, quer nas entidades oficiais, por exemplo, FCC ou SMPTE ou qualquer EDCI, ou EBU. As EBUs ainda estão disponíveis, que apesar de tudo ainda é o centro europeu que disponibiliza maior número de documentação a nível dos conteúdos técnicos, da, dos estudos que são feitos, dos testes que são feitos em equipamentos etc. Portanto, são relatórios que poderão estar disponíveis e que podem aceder e e que são importantes para o indivíduo ter uma avaliação de qualidade de determinados meios, dentro da estrutura técnica com que se trabalha, não é. Portanto é isso que é fundamental.
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P Barbosa— Mas então o Sr. Magriço tem trabalhado em formação, quer a pessoas da estrutura interna da RTP, quer cursos externos, como esse, e acho também que fez um na faculdade de Ciências e Tecnologias, certo?
0:07:22.560
JP Magriço— Pronto, assim, alguns, alguns desses cursos que eu frequentei, fazem parte da minha evolução técnica dentro da própria empresa. Portanto a RTP proporcionou alguns cursos externos, que foram durante a fase de integração da 5 de outubro a maior parte deles, portanto, em que a parte do áudio… Alguns cursos foram dados não, já foram dados no local depois dos equipamentos estarem instalados cá em Portugal ou foram complementados. E alguns pressupuseram que eu fosse à origem, à fábrica, ao local onde os cursos foram ministrados, por exemplo, o LMS, que é um curso que eu tirei na altura, tinha, o curso tinha duas vertentes, era uma vertente de manutenção preventiva, reparativa e de intervenção através do controlo mais funcional ou mais cibernética. Eu frequentei com outro colega, portanto, normalmente a RTP não mandava um indivíduo, mandava dois indivíduos, normalmente não mandava muitos, mas mandava aqueles que fossem considerados necessários. Frequentar uns cursos, por exemplo, para saber como é que se pode desmantelar uma máquina peça a peça. Isto é um exagero da linguagem, mas é assim, o pequeno bloco, pequeno bloco, entende. Para ter, para se poder ter, não é só pessoalmente, é para o conjunto ou a manutenção no seu conjunto poder atuar numa intervenção de caráter sistemático, ou que ciclicamente tem que se fazer um determinado tipo de rotinas para verificar se o equipamento está ou não está correto, em funcionamento, a substituição de peças de ordem mecânica e de eletrónica, avaliação de todos os parâmetros que são necessários para que ela funcione corretamente há que frequentar cursos é muito… de grande rigor. E com quem? Com especialistas da própria fábrica. Portanto é o único elemento que poderá disponibilizar ao nível do conhecimento técnico, não é o curso do operacional, porque a maior parte dos cursos que estão a ser dados aí, os equipamentos que agora vêm, por exemplo, câmeras deste tipo, da Sony ou outras, aquilo é um curso, desculpam, o curso é um curso que na questão operacional o que acontece é saber a avaliação da necessidade de correção das configurações, dos parâmetros, dos níveis, o que é que faz, é mais funcional. Enquanto que na manutenção, para além desse conhecimento operacional do e… dos equipamentos, há que ter um conhecimento mais aprofundado porque requer que o indivíduo entre dentro de sistemas com a criação da estrutura dos parâmetros que são cedidos aos operacionais. E portanto tem que ir dentro do âmago, é mais intrínseco, não é extrínseco. Portanto é mais interior o conhecimento de como é que se faz, ou como é que, porque a maior parte das funções operacionais, por exemplo, uma câmera deste tipo ou de outro qualquer, mais evoluída, já é dado a uma cedência à parte operacional de muitos conceitos que nos anos 80 faziam parte da estrutura da manutenção e que eram só adstritos a essa manutenção. Não havia a cedência desses conhecimentos à parte operacional. Agora a maior parte s das parametrizações, dos meios já estão, já há até uma rubrica, um item que acede á manutenção do equipamento. Portanto, para além da conversão e os upgrades, os upgrades, de softwares etc. associados às máquinas também estão acessíveis já aos operacionais. Mas pra além disto ainda há outro conteúdo que não está disponível, que é o service, que são coisas, conhecimentos de dentro do equipamento e que podem interferir com a ação que o operacional pode ter. Portanto, estes não estão ainda disponíveis e nós varríamos esses conhecimentos na área da formação. Portanto, neste momento, qualquer equipamento que a RTP ou outra qualquer entidade tenha sobre formação, tem ainda diferença entre o que é adstrito ao conhecimento operacional e aquilo que é de domínio de fábrica, confidencial e específico da área da manutenção. Portanto, esses sistemas existem, isto não é novidade, eu não estou a revelar nenhum segredo de estado, é assim que se acontece ainda.

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