António Luiz Rafael

António Luiz Rafael iniciou a sua atividade profissional em Portugal como locutor de rádio. Em 1956 foi para a Rádio Clube de Moçambique. E após o 25 Abril foi para a RTP onde fez locução, jornalismo entrevista e chefiou o Centro de Produção Regional de Évora da RTP.

Nascido em Lisboa, em 1933, exerceu atividade profissional na rádio e na televisão, durante mais de 50 anos, como locutor e jornalista. Em 1948, com apenas quinze anos, colaborou na Rádio Peninsular, em Lisboa. Em 1956, entrou para o Rádio Clube de Moçambique, em Maputo (antiga Lourenço Marques), onde foi locutor de continuidade, repórter e apresentador de espetáculos organizados pela emissora. Nessa estação radiofónica foi produtor do programa “A Hora das Vedetas”. Ainda em Moçambique colaborou como comentador de futebol e basquetebol com a Agência Golo (criada em 1957). No final de 1975, regressa a Portugal e ingressa no quadro da Rádio Televisão Portuguesa (RTP), onde foi jornalista, repórter e apresentador de telejornais. Em 1992, é convidado para integrar a delegação da RTP em Évora, assumindo o cargo de Coordenador do Centro de Emissão do Alentejo. Após a reforma em 2003, dedicou-se à escrita, tendo publicado, em 2016, o romance “Sara e a Paixão”.
Percurso Profissional:
1948 – Colabora na Rádio Peninsular
1956 / 1975- Locutor e repórter Rádio Clube de Moçambique
1975 -1992- Jornalista do quadro da Radio Televisão Portuguesa (RTP)
1992 / 2003- Jornalista e coordenador do Centro Emissão do Alentejo, da RTP.

António Luiz Rafael conversa com Júlia Leitão de Barros. Registado por Paulo Barbosa em Évora a 27 de Março de 2017.


A referência bibliográfica desta entrevista deverá ser feita da seguinte forma: Barros, J.; Barbosa, P. (2017). Entrevista a Antóno Luíz Rafael. Arquivo de Memória Oral das Profissões da Comunicação. Disponível em: https://amopc.org/antonio-luiz-rafael/

Parte 1 de 15

jornalista, locutor de rádio e televisão e escritor lisboeta, origem familiar, formação no liceu Camões, em 1948 na Rádio Peninsular, no Clube Radiofónico de Portugal; Rádio Graça, Rádio São Mamede, Rádio Restauração, Emissores Associados de Lisboa
acompanha ator Carlos Gomes no programa de música francesa na Rádio Peninsular, Henrique Mendes; locutor programa Vasco Botelho Amaral, “As aventuras do senhor Caturra”, dr. Laranjeira, diretor Rádio Peninsular e da Voz de Lisboa, instalações

Parte 2 de 15

programas de emissoras feito por colaboradores intercalados por locutores não pagos, Rádio Clube Português, locutores Mary, Jaime Silva Pinto, José de Nascimento, Avelar Soeiro, Mário Meneses dos Santos, concorre sem êxito, com 15 anos, ao concurso para locutor Rádio Clube Português
rádio associada a boémia, vai para Lourenço Marques [Maputo], escriturário administração civil, concorre Rádio Clube de Moçambique, campanha “atire uma pedra de 20 escudos”, concorre para repórter, não ganha, mas entra; emissões em inglês Lourenço Marques Radio (L.M. Rádio) ultrapassa South African Broadcasting; primeira emissora portuguesa emitir FM
ganha concurso para locutor Rádio Clube de Moçambique, provas do concurso

Parte 3 de 15

Rádio Clube Moçambique 400 funcionários, funções do locutor, por vezes fazia reportagem, “mandava o sinal por correio”, Marconi, meios técnicos, Emissora Nacional
auditório, programação, capela, central técnica, gravação de programas
estúdios, produção radionovelas, programas infantis, noticiário

Parte 4 de 15

rotina, 14 locutores Rádio Clube Moçambique, Amadeu José de Freitas, locutor; noticiários lidos pelo locutor, chefe de serviços redatoriais, folhas e ruído
caderno semanal dos serviços de produção com nomes estrangeiros, chefe de produção, regência dos estúdios, “eramos todos vedetas”
bom ambiente, não havia censura, só quando guerra colonial ficou “acesa”, censor era um professor, censura mais apertada nos jornais de Lourenço Marques [Maputo]
financiamento publicidade da África do Sul, sócios, regalias, salários de locutores, categorias e horários, salários de Artur Agostinho, Pedro Moutinho e Maria Leonor na Emissora Nacional, serviços de produção propõem promoções
programa “Hora das Vedetas”, discos BBC, locutores secção inglesa, divulgavam hits musicais antes de emissoras em Portugal, “gravadoras” [editoras] de música portuguesa, Artur Garcia, António Calvário; entrevistas a Gilbert Bécaud, Françoise Hardy, Paul McCartney, Roberto Carlos, Catarina Valente, programa retransmitido Angola e São Tomé e Príncipe
problema câmbios, a sua gerente em Angola, Sara Chaves, viagens em África, Tanzânia, Cidade do Cabo, locutor-repórter das independências de Niassalândia [Malawi] e Suazilândia, reportagens de governadores gerais, ministros; presidente da direção Rádio Clube Moçambique; mensagem de Salazar para emissora, Caetano Carvalho [diretor geral da cultura popular e espetáculos] , César Moreira Batista [diretor do SNI]

Parte 5 de 15

guerra colonial em Angola e Moçambique, censura, ouvintes brancos, emissões em diferentes dialetos, locutor Samuel Dabula
vedetismo, revista Radio Moçambique, censura, cultivo do português, programas de rádio hoje,
organização de programas, programação musical, programa gravado comercial, emissão em direto, locução programas gravados, apresentação espetáculos, escrita de textos, pôr “efeitos”, separador musical, técnicos de som, sala de locutores, rotina
serviço de programação, diretor de programação, assistentes, agenda informação, emissores regionais, centros de emissão na Beira, Quelimane, Nampula e Tete
boas relações da emissora com o Estado Novo; cantores Agnaldo Timóteo, Max e Carlos do Carmo, feira Facim, emitiu disco Carlos Carmo, telefonemas ouvintes, considerados um perigo, bilhetes gratuitos para espetáculos musicais, repreensão chefe de produção

Parte 6 de 15

Rádio Clube Moçambique sem concorrência na publicidade, Radio Aeroclube da Beira, Rádio Pax, anúncios lidos por locutor e jingles, concurso música, Colgate, radionovelas, impacto do atraso na chegada de bobines, “donas balbinas”
Francisco Lira, fadista do Rádio Clube de Moçambique, o 25 de Abril, atrasos nas edições jornal de Notícias e o Diário da Tarde, de Lourenço Marques [Maputo], “`foi sendo dado em doses”, rapidez descolonização
até aí perceção que estava ganha a guerra, assalto Rádio Clube Moçambique, 7 setembro, acordo do Lusaka, Samora Machel, militares Frelimo ocupam emissora, diferente independência Malawi, demissão,
na RTP, dezembro 1975, Veiga Pereira, chefe de informação, trabalha com Cesário Borga, Balsinha, Adriano Cerqueira, Raul Durão
apresentação telejornal 13h, Maria Elisa, Balsinha e Fialho Gouveia, formação na rádio útil para a televisão, formação RTP na rua de São Francisco, por Joaquim Furtado, parte técnica Faria de Almeida
Balsinha, apresentação telejornal das 24 horas, filmes no laboratório, mesa de montagem, jornal das oito só continha informação recolhida até às 18h
na RTP, após saneamentos, Luís Andrade, Sousa Veloso, irmão de Sousa Veloso
apontado como colonialista, jornal Diário, Urbano Tavares Rodrigues, Manuel Alegre; não fomos “retornados”, mas regressados, hostilidade face ao retornado
chefe redação telejornal meia noite, “está aqui tudo escritinho”, Fialho Gouveia, Eládio Clímaco, Corte Real, Margarida Mercês de Melo, Manuela Moura Guedes, Fátima Medina
telejornais jornalistas escreviam texto e locutores liam, Henrique Mendes, depois notícias escritas, “off dois”; só fazia notícias em Lisboa, outros faziam internacional e desporto, rotina, operador de imagem, montagem, som óptico
equipa de 3 pessoas para fazer reportagem televisiva, operador de imagem, assistente do operador de imagem e operador de som, o que fazia assistente imagem, microfones, nagrata, claquete, importância palma, operadora de imagem
tecnologia formação, dificuldade com computadores

Parte 7 de 15

importância operadores de imagem, importância trabalho de equipa
0:02:28 reportagem roubo museu Castro Guimarães, em Cascais, trabalho equipa, louvor Carlos Cruz, diretor de informação RTP, precursor do nome de operador de imagem e de som aparecer na reportagem, Manuel Barros Marques, operador de imagem

Parte 8 de 15

carteira de jornalista, sócio Sindicato Jornalista; nunca li anúncios; recusa convite para dar voz publicidade, de João Maria Tudela, diretor comercial Shell, Moçambique, muito bem paga; limites de publicidade Radio Clube Moçambique, diferente SIC hoje
sindicalizou-se pela proteção jurídica, não por idealismos, novatos tinham respeito pelos mais velhos, Mário Zambujal, Batista Bastos, Século, Diário de Notícias, Diário de Lisboa, República; escreveu imprensa Évora
estágios curriculares e má formação nos atuais cursos Comunicação Social é preciso “ gosto e vocação”, agora não gostam de andar no “picanço na rua” querem ser “estrelas”

Parte 9 de 15

não me revejo rádio de hoje, ninguém do conservatório nas telenovelas, já não há concursos para locutores, critica programa BOLA TV, CMTV, Correio da Manhã, falta conhecimento, programas longos, a televisão “já não é o catalisador que era”

Parte 10 de 15

Ida para Évora, programa “País” do Balsinha, Edite Estrela, Raul Durão; programa “Regiões” Maria Elisa
centros emissores Bragança, Viana do Castelo, Coimbra, Porto, Castelo Branco, Évora e Faro, estrutura técnica, pequeno estúdio; em Évora 6 jornalistas, 6 operadores de câmara, um administrativo, horário de emissão, noticiário regional, aquilo que o telejornal não queria
caso dos hemofílicos, cuidado com filmagem pessoas e estabelecimentos
emissões diárias, dificuldades, temas intemporais, peças de “emergência”, “política aqui era uma coisa mais complicada que nos grandes centros”, relações excelentes com partidos
campanhas eleitorais autárquicas, Lisboa “comandava”
comício PS com Guterres

Parte 11 de 15

jornalistas não têm reconhecimento hoje, jornalista é “carcereiro”, “juiz”, comunicação social pensa “ela é que manda”, titulo “Preso o primo do Manuel, mas o que é isto?”
jornalismo no Estado Novo, Artur Agostinho; jornalista é um “relatador de factos”

Parte 12 de 15

Fui um homem de rádio, televisão é mais competitiva, ambiente de intriga, mau português, Fernando Pessa, vantagem em África de falar inglês, ensino piorou

Parte 13 de 15

gosto por falar com pessoas, por todo o Alentejo, ofícios estão a desaparecer
jornalistas e operadores de camara com horas fixas trabalho, hoje já não é assim, incêndio do Chiado; pressão dos chefes redação jornalistas atrás de quem “não quer falar”
hoje medo dos chefes de redação, de perder o emprego, nunca me pediram trabalho às 4 da manhã, exceção o incêndio serra de Portel; regalias contratuais RTP Évora;
entrevistas Daniel Oliveira, SIC, Henrique Cymerman, falta de bons moderadores de debates, Carlos Andrade, programa “Quadratura do Círculo”, Pacheco Pereira, programa “Eixo do Mal”, Clara Ferreira Alves e Daniel Oliveira, lugar jornalista na entrevista;
programa “30 minutos com…”, Saramago, José Cardoso Pires, Craveirinha, Marcelo Rebelo de Sousa, relógio decrescente
entrevista é um equilíbrio
estúdios RTP Évora atualmente só 1 operador, 1 jornalista e 1 administrativo, sempre houve tendência para Lisboa não usar profissionais de Évora, em acontecimentos importantes, Rui Letria Dias
guerras na televisão por coberturas no estrangeiro e por lugares de correspondente

Parte 14 de 15

fim da carreira, “queriam acabar com tudo” na RTP, RTP 2, Almerindo Marques, despedimentos, manifestações
crónicas no Diário do Sul, programa rádio do mesmo jornal, inicialmente rádio pirata
estúdio RTP Évora desmontado, agora trabalhos vão por fibra ótica e não por feixe
escreve “Sara a paixão entre o Alentejo e Moçambique”
não voltei a Moçambique, Sara Pinto Coelho, professora primária e diretora do teatro Rádio Clube de Moçambique, mãe de Carlos Pinto Coelho,
paixão da rádio, RTP, SIC, TVI, programa Olga Cardoso

Parte 15 de 15

da película para o registo em vídeo alteração na montagem, com o filme os planos colavam-se na “coladeira”, “com a cassete aquilo passava muito depressa”, importância bom operador de imagem para o jornalismo
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